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Shawn 

UMA SEMANA DEPOIS 

Puta merda.

Sempre desconfiei que fosse ela. 

Eu costumava visitar o túmulo do Jayce algumas vezes por ano. Mas, no aniversário dele, toda vez que eu chegava já havia flores lá. Era uma combinação muito estranha: uma violeta, um lírio, um cravo e talvez duas rosas, além de duas aves-do-paraíso. Não era um arranjo que um florista faria. E as flores não formavam um buquê também, eram apenas amarradas de forma desorganizada com um pedaço de juta. Elas me faziam pensar que alguém entrava em uma floricultura e pegava aleatoriamente algumas flores do seu gosto – ou do gosto da pessoa que seria presentada – sem tentar combinar uma com a outra. 

E era por isso que eu suspeitava que fosse ela. Era a cara da Summer –ousado e lindo, fruto da visão dela. 

Ela estava de costas, mas de longe eu sabia que era ela. Por puro hábito, parei e observei à distância. Eu fazia isso nos primeiros meses após nosso término – sem querer vê-la e, ao mesmo tempo, sem conseguir ficar longe. Ela estava andando de um lado para o outro em frente ao túmulo do Jayce, e achei que talvez ela estivesse conversando com ele. Parecia mesmo. Sorri quando a vi apontar o dedo na direção da lápide. Depois de assistir àquilo por mais tempo do que deveria, eu me virei para ir embora. Voltaria mais tarde.

Mas só tinha dado alguns passos quando a voz conhecida me chamou.

– Shawn?

Merda. Congelei.

O que diabos eu fiz? Continuava andando e fingiria que não a ouvi? Eu já tinha sido babaca demais. Talvez fosse hora de dar a cara a bater. Respirando fundo, virei devagar.

Quanto tempo fazia? Jayce tinha morrido havia mais de sete anos. Todo esse tempo e ela estava exatamente igual e, ao mesmo tempo, totalmente diferente do que era. Ainda era linda, mas agora mais madura – mais reservada.

– Oi – eu disse. Que jeito besta de começar a conversa depois de tanto tempo.

Ela sorriu e inclinou a cabeça.

– Você estava indo embora porque me viu?

Os nossos olhares se encontraram.

– Verdade?

– Sempre.

Fiz que sim com a cabeça.

– Sim.

– Eu estava acabando. Venho todo ano no aniversário dele para dar uma bronca nele. Deixe só eu me despedir do Jayce, já vou embora. – Ela virou para o túmulo por um minuto e depois de volta para mim. Eu não tinha me movido um centímetro de onde eu estava. – Tudo pronto. Ele é todo seu para você dar uma bronca também. – Summer deu um passo em direção a um carro estacionado na viela do cemitério e olhou para mim de novo. – Você está com uma aparência boa, Shawn. Espero que esteja feliz.

Ela estava quase entrando no carro quando finalmente tomei coragem –embora não tivesse ideia do que dizer a ela.

– Summer... espere.

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