Encha a cara do velho de porrada

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Capítulo 18

por N.C Earnshaw


    PAUL, MAIS UMA VEZ, ESTAVA FURIOSO. Era um sentimento comum para ele, que sempre sentiu raiva e transpirou ela por todos os poros do seu corpo. Para uma pessoa calma era difícil entender porque uma pessoa de pavio curto estourava tão rápido. Mas, quando seu corpo já se encontrava num estado perpétuo de fúria, uma palavrinha errada e BUM, já era o suficiente para acordar o monstro dentro de si.

    O cansaço que sentia pelo aumento das rondas e a vigília na casa da adoradora de sanguessugas — ou, como ele passou a chamar carinhosamente após ter um imprinting por um deles, vampiros — estava deixando-o exausto. No entanto, como o universo achava que tudo isso estava sendo fácil demais para ele, seu pai tinha saído do hospital e voltado para casa.

    Os poderes de Wendy foram um alívio para a matilha. Em especial para Paul, que se sentia culpado por quase estragar o segredo. O pai dele não lembrava de nada que aconteceu. A não ser ter bebido além da conta em um bar qualquer, e se enfiado na floresta. Entretanto, o ataque daquele dia não mudou em nada as atitudes do Sr. Lahote, pois assim que ele chegou do hospital, enfiou-se de volta no sofá velho e começou a detonar o resto das cervejas que tinha na geladeira.

    Paul tentou evitar o pai o dia inteiro, mas parecia que o subconsciente do homem estava o avisando para não atiçá-lo, porque ele não o provocou nenhuma das vezes que passou pela sala de estar. Era de fato um alívio, pois realmente não queria ser condenado por assassinato. O pai não merecia que ele sacrificasse sua vida para acabar com seu sofrimento. No entanto, isso não o impedia de estar furioso com o retorno tão breve daquele bebum à sua vida.

    — Você acredita que aquele filho da puta ainda está com os pontos? — rosnou Paul. Para descontar sua raiva, chutou um galho para longe com toda sua força, contudo, não só o pedaço de madeira foi lançado. O que Wendy achou ser quilos de terra se espalharam no ar, e a visão da vampira quase ficou turva com a quantidade de grãos de areia que entraram nos seus olhos. Ela, inclusive, conseguia distinguir os formatos diferentes de pequenos grãos que grudaram no seu globo ocular. Um tinha formato de um coração bem torto, e a garota achou fofo.

    Ele chutou um segundo galho quando demorou para obter uma resposta, mas esse não foi muito longe, pois Wendy rapidamente o agarrou no ar e encarou o lobo com uma expressão sarcástica no rosto.

    — Ei, não adianta ficar descontando sua raiva nos pobres galhos, eles não te fizeram nada demais.

    — Então o que quer que eu faça? — perguntou ele, desacreditado. Wendy prendeu o riso, observando o quão pouco seus olhos puxados se arregalaram. Aquilo com certeza era mais fofo do que o grão de areia com formato de coração. — Quer que eu vá em casa e encha a cara do velho de porrada? Da última vez não funcionou muito.

Entre Fogo e Gelo - Paul Lahote (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora