Prólogo

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Prólogo

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Prólogo

Por N.C Earnshaw


    Inglaterra, 1990


    O VENTO ACARICIAVA SEU ROSTO em um toque terno, tomando sua mente com lembranças turvas de uma vida humana em que sua adorada avó afagava seu rosto por minutos a fio, ajudando-lhe a suportar as dificuldades que era ser uma jovem sem pais, com responsabilidades maiores que seu próprio tamanho.

    A saudade apertou seu coração morto diante das recordações; eram raros os dias em que se colocava naquele estado melancólico. No entanto, naquele dia em especial, a solidão tomava conta de si enquanto encarava a paisagem bucólica pela janela da nova residência dos Cullen. A Inglaterra podia ser extremamente triste para os que não se davam bem com a chuva e a neblina. E, por mais que ela tentasse trazer à tona memórias felizes da sua vida após a transformação; como quando nadou sem qualquer peça de roupa em Green Pools na Austrália, ou quase trancou seu irmão Edward em uma das tumbas antigas no Egito, Wendy não conseguia. Seu coração clamava por alguma coisa. Sofria com a falta de algo que nem sequer sua mente evoluída conseguia compreender.

    — Ela anda esquisita... — cochichou Rosalie no outro cômodo, como se Wendy não pudesse ouvi-la. — Hoje em especial.

    Um silêncio tenso fez com que a caçula da família se sentisse culpada por ser o tópico da conversa. Geralmente Edward era o motivo de preocupação por sempre estar sisudo e introspectivo, e ela estava quase agindo como ele. Eca!

    — E-Eu venho tendo algumas visões. — A voz nervosa de Alice a alertou que tinha algo errado. A vidente nunca titubeava, e apenas escondia suas visões do resto da família quando sentia necessidade de protegê-los.

    — Sem enrolação, Alice! Diga o que viu! — insistiu Rosalie, fazendo com Wendy segurasse um sorriso. A loira era sempre tão impaciente...

    — Rosalie Hale, não pressione a sua irmã! — A gargalhada alta de Emmett ao ver sua esposa sendo repreendida pela matriarca quase a fez querer se juntar a eles. — Querida, por favor, nos diga o que viu.

    A urgência em Esme não passou despercebida por ela. A garota conseguia imaginar Carlisle pegando a mão de sua esposa para consolá-la e lançando um olhar divertido por ela estar fazendo exatamente a mesma coisa na qual tinha acabado de repreender Rosalie.

    Wendy sentiu seu coração diminuir ao pensar na dinâmica do casal, e estranhou a súbita onda de inveja que tomou conta do seu corpo. Em seus mais de 60 anos de vida, nunca tinha experimentado aquela sensação ferrenha em relação ao fato de sua família ser composta, em sua maioria, por casais.

    — O futuro dela está desaparecendo — sussurrou Alice pesarosa. — Chega um ponto no nosso futuro que não consigo enxergar a Wen vivendo conosco. É como se ela estivesse ali, mas, ao mesmo tempo, não. Simplesmente não consigo ver o que acontece com ela. — O rosto da Cullen se retorceu em uma careta frustrada. — É tudo muito confuso e está me deixando maluca, porque não dá pra encontrar o motivo que a leve a esse ponto por mais que eu tente.

    Esme arfou.

    — Talvez essa seja a primeira vez que nos deparamos com algum erro em suas visões, Alice — afirmou Carlisle soando determinado.

    — Edward também pensa assim — pronunciou-se Jasper no lugar do irmão ausente. — Ele acha que pode ser...

    Wendy não quis ouvir se havia alguma outra teoria e saltou da janela, não se importando se tinha alertado seus familiares da atenção que tinha dado à sua conversa; uma vez que o tópico principal era ela mesma. Sua mente se encontrava ainda mais tumultuada, e ela não parava de se perguntar qual decisão tomaria que a levaria para longe das pessoas que ela mais amava.

    Os Cullens a amavam e aceitaram-na como uma deles sem qualquer hesitação. Trataram-na com carinho imensurável e ela não podia imaginar-se longe deles. Entretanto, o que a vampira não sabia, era que naquele exato dia Paul Lahote nascia a milhares de quilômetros de distância, selando o destino de ambos.

Entre Fogo e Gelo - Paul Lahote (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora