Epílogo

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Epílogo

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Epílogo

por N.C Earnshaw


    PAUL NÃO CONSEGUIA PARAR DE ENCARAR a aliança prateada no dedo de Wendy, distraído com a alegria que sentia a cada vez que via o objeto reluzir contra a luz. Os olhos da vampira brilhavam todas as vezes que o pegava fitando o anel. Ela sempre abria um sorriso largo, cheio de covinhas, do jeito que sabia que deixava o Lahote enlouquecido, provocando-o de longe, quando tinha consciência que ele não podia fazer nada a respeito. Não podia arrancar suas roupas e fazê-la sua com a casa repleta de pessoas entrando e saindo.

    Cada segundo que passava após o pedido de casamento, somente fazia Paul ter mais certeza que havia tomado a decisão correta. Ele se segurava para não anunciar a cada indivíduo que aparecia por perto, que estava noivo da mulher mais incrível, mais apaixonante e mais linda de todo o universo.

    Observar Wendy era a coisa mais magnífica que ele já havia experimentado. Ela era o ser mais perfeito que ele teve o prazer de colocar os olhos sobre, não por sua beleza externa estonteante; apesar de ele admitir que ficava louco com seu corpo, com a pele macia e o cabelo sedoso. Era a alma de Wendy que ele admirava.

    O lobo tinha ouvido a família Cullen conversando sobre suas almas algumas vezes. Sobre estarem condenados ao inferno. A outra teoria de que nem sequer possuíam uma alma para ser condenada, dava-o arrepios. Não conseguia imaginar como alguém tão generoso e altruísta seria penalizado para passar a eternidade num lugar tão terrível. Se a humanidade fosse metade da pessoa que Wendy Cullen era, o mundo seria diferente. Qualquer ser superior veria isso.

    O que o consolava era que possuíam a eternidade.

    Logo que decidiu pedi-la em casamento, dias depois de terem se amado pela primeira vez, percebeu que sua vida não tinha sentido sem sua vampira. Ela era o seu último pensamento antes de ir dormir e era a primeira coisa que procurava antes de mal ter acordado. Amava Wendy com cada pedaço do seu ser e ficava embasbacado com o quanto seu coração parecia explodir com o sentimento toda vez que ela se aproximava.

    O tempo parecia voar quando estava junto dela. Mesmo que a tocasse por horas e a amasse por dias, não era suficiente.

    Ele aproximou-se da Cullen por trás, abraçando-a pela cintura e enfiando o nariz em meio aos cachos grossos. A vampira havia acabado de falar com um dos montadores, dando as instruções de onde queria que colocassem cada móvel. O homem tinha um olhar sonhador no rosto enquanto conversava com ela, e Paul até conseguia ver um fiapo de baba escorrendo no canto da sua boca. Aquilo o deixou em parte irritado, mas não conseguiu conter a risada que escapou por seus lábios.

    — Olhem mesmo, imbecis — sussurrou o Lahote, apertando o agarre. — Essa mulher aqui é toda minha.

    — Paul! — Wendy deu um tapinha leve em uma das suas mãos, arregalando os olhos. Ele não havia falado tão baixo quanto pensava.

    O lobo gemeu, resignado.

    — Não sei se estou gostando dessa ideia de reforma — reclamou o Lahote. — Mal temos tempo para tre...

    Wendy se desfez dos braços dele e se virou, horrorizada.

    — Fazer amor — corrigiu-se, erguendo os braços em rendição. — Eu ia dizer fazer amor.

    A Cullen semicerrou os olhos, desacreditada com o quanto ele era sem-vergonha.

    — Você acha que eu não... Ei! — gritou ela. Paul quase deu um pulinho com o susto, mas se deteve. Durante os dias de reforma, havia descoberto que Wendy era meio controladora, principalmente em relação à casa deles. Gritos daqueles estavam quase se tornando normais. — Céus, não vejo a hora disso tudo acabar... Espera aqui, amor. Eles estão fazendo tudo errado de novo.

    Quem imaginaria que Wendy Cullen seria pior que a sua irmã, Alice?

    O quileute abriu um sorriso largo ao procurar algo que lembrava a sua antiga vida e não encontrar. Horas depois de Wendy dizer sim ao seu pedido de casamento, convidou-a para morar com ele. Não aguentava mais ficar naquela ansiedade de achar que o seu imprinting voltaria para a sua própria casa, deixando-o ali, abandonado. Somente ansiava por fechar os seus olhos a noite, com o coração cheio da certeza de que ela estaria ao seu lado quando acordasse.

    No início, Wendy havia mudado poucos detalhes do ambiente, receosa em destruir as memórias da infância dele. Quando Paul percebeu o estado precário que o lugar estava, aceitou prontamente a proposta, apesar de ter sido difícil o convencer a deixar que ela pagasse por tudo.

    O Lahote fitou a sala com concentração, tentando evocar da sua mente alguma memória. Nada. Não havia sobrado coisa alguma do tempo em que a sua vida era um inferno. O sofá velho e fedido havia sumido, o piso com manchas de sangue, cachaça e comida estragada, desapareceram. As lembranças das surras não o faziam mais se encolher. A imagem do seu pai se tornou opaca diante das memórias que ele estava criando com Wendy.

    O sentimento de alívio quase o fez cambalear e lágrimas vieram aos seus olhos. Estava livre.

    Mãos frias e aconchegantes o puxaram para si, e Paul se encolheu no abraço da única pessoa que o amou como ele merecia. Seu imprinting. Seu amor. Sua Wendy.

    Ele não se constrangeu com os soluços que escaparam da sua garganta. A sensação de liberdade era tudo que importava, aquela mulher que acariciava os seus cabelos com carinho era a única que valia a pena.

    Paul estava pronto para começar uma nova vida sem os fantasmas do seu passado.

    — Eu te amo tanto, meu amor — murmurou o lobo com a voz embargada, apertando-a mais contra si.

    — E eu te amo demais, Paul Lahote. — Wendy beijou seus lábios com firmeza, querendo provar do seu gosto no momento mais importante de suas vidas. O momento em que Paul decidiu viver. E o instante em que ela renasceu pela segunda vez.

    Paul estava coberto de gelo. Uma camada grossa e espessa que ele não permitia que ninguém ultrapassasse. Acostumado com o frio incessante, chegou a pensar por muito tempo que estava bem sem o calor. Mas, foi quando olhou nos olhos daquela mulher e foi tomado pelo fogo, que percebeu o quão equivocado ele estava. Ele precisava tanto do calor quanto de ar para sobreviver. Necessitava do ardor do imprinting, do fogo de Wendy Cullen. Pois, foi o fogo dela que derreteu completamente o gelo de sua vida, e o aqueceu pela eternidade. 

Entre Fogo e Gelo - Paul Lahote (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora