Quase mal-educado

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Capítulo 10

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Capítulo 10

por N.C Earnshaw


    PAUL OUVIU UMA VOZ FEMININA ao seu lado, e o toque frio de uma mão acariciando seu rosto com um pano molhado. O contato frio do pano contra o corpo quente fazia-o tremer, mas ele não se importava com a situação em que se encontrava. Somente conseguia apreciar o alívio que sentia após tanto tempo de dor e agonia. O peso e o desespero que haviam tomado conta de cada célula do seu corpo, desapareceram aos poucos. Ele sentiu seu corpo relaxar, os nós em seus músculos se desfazerem e a aflição que apertava seu peito, sumir.

    — Ele parece bem — falou uma voz suave e alegre.

    "Emily", pensou Paul automaticamente.

    — Então, porque ele não acorda? — A outra voz era grave e impaciente, e apenas recebeu silêncio. — Ei, idiota! Já pode ir acordando que você não é a Bela adormecida!

    — Jared, não grite — repreendeu Emily baixinho. — Paul ainda está se recuperando.

    — Também acho que ele já devia ter acordado — pronunciou-se Sam.

    Ele sentiu seu corpo pesar com os olhares que estava recebendo, tirando-o do sono tranquilizante para o mundo real, onde tinha que ouvir as vozes daqueles imbecis dos seus amigos. As suas pálpebras queimavam pela luz, e ele sentia sua boca extremamente seca. Entretanto, isso não o impediu de falar o que estava sentindo no momento.

    — Dá pra calar a boca! Eu tô tentando dormir. — Paul se revirou na cama, pegou o travesseiro que estava embaixo da sua cabeça, e colocou sobre os olhos.

    Seu comentário foi acompanhado por várias risadas divertidas, assim como pelo alívio que sentiram ao saber que ele estava acordado. Se Paul fosse uma pessoa simpática, teria levantado com um sorriso enorme no rosto e conversado animadamente, no intuito de saber porque infernos eles estavam lhe incomodando. Mas ele não era simpático, admitia que chegava a ser quase mal-educado.

    Incomodado, ele abriu a boca para xingá-los, entretanto, antes que a enxurrada de palavrões saísse por seus lábios, seu corpo tencionou ao ouvir uma risada feminina próxima a sua cama. Era uma risada doce e gostosa, como ele imaginava que uma fada daqueles contos de criança, riria. E aqueceu seu coração de uma maneira tão estranha, que Paul poderia ficar deitado ali ouvindo por horas a fio, se não estivesse tão desconfiado.

    Aquele som encantador não era de Emily, e muito pouco provável vinha de Leah. A loba o odiava e nunca demonstrava felicidade na frente de Sam. Paul nem conseguia lembrar da última vez que a viu sorrindo.

    — Ah! Parece que nosso mal-humorado favorito voltou! — provocou Jared, aproximando-se e puxando o travesseiro do rosto dele.

    — Eba! — A comemoração desanimada só podia ter vindo de Quil.

Entre Fogo e Gelo - Paul Lahote (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora