Movida pela culpa

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Capítulo 7

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Capítulo 7

por N.C Earnshaw


    HÁ ALGUNS DIAS, Wendy não tinha ideia do rumo que sua vida tomaria. Ela achava que como já havia vivido por tantos anos, nada a surpreenderia mais. Nada mexeria com ela o bastante para que ela duvidasse de si mesma. Nada a deixaria tão perdida. Estava errada. Paul havia mudado tudo.

    Ela sempre foi aquele tipo de garota que achava que nunca mudaria nada em sua vida por causa de um homem. Mesmo quando era humana, repudiava as mulheres que ao entrar em um relacionamento viviam em prol do cônjuge, sem hobbies e sem vida — a não ser paparicar e observar cada movimento do marido. Ela sabia que estava sendo muito crítica para a época. As mulheres de seu tempo ainda eram criadas para o casamento, para servir o marido, para ser uma mulher perfeita, cuidar da casa e das crianças.

    Entretanto, após passar tantos anos de sua vida sem um ser do sexo aposto presente para ajudá-la, viu a força que uma mulher poderia ter. Sua avó, mesmo adoentada e já muito velha, cuidou dela como uma filha, e a ensinou a não aceitar nada menos do que ela merecia, assim como não colocar a vida de ninguém acima da sua.

    Wendy pensava em se casar, claro. No entanto, repugnava a ideia de ter sua vida controlada por outra pessoa que não fosse ela. Que os sentimentos de outro, importassem mais do que os dela mesma.

    Ela se surpreendeu ao pular de cabeça na solução que achou para ajudar o lobo. Quando saiu de casa naquele dia, pretendia encontrá-lo e dar algum apoio moral. Talvez combinar de se evitar. Estava até mesmo esperançosa de que toda aquela história era falsa. Contudo, ao ver o estado em que ele estava, todas as dúvidas saíram da sua mente.

    Ele estava sofrendo.

    O coração de Wendy se quebrou ao perceber que o motivo de ele padecer daquela maneira, era ela.

    Desde que se transformou em vampira — diferente de Edward e Rosalie que pareciam se martirizar com o modo de vida deles, Wendy nunca havia se sentido mal por estar na própria pele. Já havia pensado em ter filhos, mas a ideia de não ser capaz de ter um bebê nunca a tinha deixado infeliz como a sua irmã. Ela também nunca se repreendia pela sede de sangue como Edward. Sentia-se orgulhosa por ter optado por não machucar humanos inocentes e levar aquela vida "vegetariana". Gozava do fato de se controlar quase tão bem quanto Carlisle.

    Ela era boa, droga!

    Entretanto, ao olhar nos olhos daquele jovem, sentiu-se uma vilã de contos de fada, que acabava com a felicidade de todos ao aparecer na história. Experimentou a sensação amarga de se sentir um monstro pela primeira vez. Lembrou de todas as vezes que sentiu vontade de matar. De todas as vezes que perdeu o controle e machucou outras pessoas, de todas as vidas que teve que tirar para continuar a sobreviver. No reflexo dos olhos dele, viu algo que não gostou.

Entre Fogo e Gelo - Paul Lahote (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora