✨Lembrar de votar e comentar nos capítulos ✨POV: Lucy
Essa noite nevou pela primeira vez no ano, uma corrente fria entra pela janela e eu me levanto para fechá-la. Poucos minutos depois minha mãe vem até o quarto e me chama para ver a neve cair e cobrir o jardim, como se fosse um lençol branco. A primeira vez que vi neve foi em uma viagem ao Chile, eu tinha 13 anos e estava muito animada para fazer um boneco de neve igual aos que via na televisão, não saiu como eu esperava mas me contentei. Eu acho que tem uma certa mágica na neve, em algumas horas ela consegue deixar tudo belo e brilhante.
- Lu, vai querer chocolate quente?- minha mãe diz enquanto esquenta o leite no fogão.
- Pode ser. - falo com uma entonação triste e preocupada.
- O que foi?
- Como pode ele ainda não ter voltado? - Meu pai está em Toronto a quase quatro dias, trabalhando sem parar tentando resolver uma situação complicada. Uma multinacional tentou comprar outra empresa menor e alguns dos documentos estava sem as devidas autorizações, o que acabou atrapalhando todo o processo, meu pai disse que se a multinacional não conseguir comprar essa empresa, eles podem perder mais de 20 milhões de dólares. Se ele falhar uma empresa inteira pode falir, fora a reputação dele, já que uma das empresas é estadunidense e a outra é da França, por isso eles precisam de um internacionalista para trabalhar na comunicação.
- Lu, seu pai vai voltar logo, ele vai resolver tudo e vai voltar logo.
- Espero que sim, não quero que ele passe o aniversário do tio Alex sozinho em Toronto. - Todo dia 3 de setembro nós fazemos o bolo preferido do meu tio e convidamos Augusto para passar uns dias em nossa casa. Sei que parece estranho comemorar "mais um ano de vida" de alguém que já de foi, mas no ano que ele morreu nós decidimos que esse seria um dia especial onde podíamos lembrar dele e de suas histórias sem que pareça uma grande tragédia, nesse dia nós comemorarmos o fato dele ter existido. É uma tradição um pouco mórbida mas foi como conseguimos lidar com a saudade, eu realmente não quero que meu pai passe esse dia sozinho em Toronto.
De manhã cedo eu me arrumo para ir pra escola. Dessa vez eu mesma faço meu café da manhã: Sucrilhos com leite e pedaços de morango, vulgo meu café da manhã preferido. Minha mãe continua dormindo, ela vai para o escritório hoje e precisa estar descansada.
O caminho até o ponto de ônibus foi meio desconfortável. Está fazendo muito frio e mesmo usando uma blusa de manga comprida, um suéter de lã, um casaco, luvas e um gorro, eu sinto meu sangue congelar. Entro no ônibus e me aqueço, passo a curta viagem admirando a paisagem, olho a neve no telhado das casas, as árvores nuas e as calçadas cobertas por uma fina camada de gelo.
Quando chego na escola eu me encosto próxima a um dos aquecedores, estou acostumada ao clima quente e seco de Brasília e no máximo um ou dois invernos no Sul, mas nada se compara a isso. Me afasto devagar e sinto o calor confortável sendo substituído pelo frio, abraço a mim mesma e continuo o caminho até o meu armário.
- Bom dia! - diz a garota simpática que é dona do armário ao lado do meu.
-bom dia, Sophia - digo, meio sem jeito. Estou colocando alguns livros no armário e não esperava que fosse ser abordada por ninguém. Não sei se soou estranho eu já saber o nome dela, mas ela parece não se importar. Nós tivemos uma aula juntas essa semana e eu lembro da professora chamar o nome dela algumas vezes por estar conversando.
- O que está achando daqui? Eu sei que deve ser diferente da sua antiga escola, mas tenho certeza de que você vai se ajustar rápido. - Sua voz sai serena e simpática.
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Mapeando Estrelas (Completa/ Revisando)
Подростковая литератураLucy é uma garota de 16 anos que nasceu no Brasil em um dos piores momentos possíveis: Ditadura Civil-Militar. Ela precisou lidar com medos, traumas e a perda do seu tio preferido. Por pior que fosse a sua situação, o emprego dos pais dela a permiti...