Cap. 18

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POV: Theo

Os ensaios estão ficando cada vez mais intensos. Essa é a primeira vez que vou interpretar o protagonista e querendo ou não é muita responsabilidade, todo o decorrer da peça consiste em eu fazer bem a minha parte. Faço parte do clube de teatro desde que me mudei para o Canadá, mas nunca tive vontade de interagir com as outras pessoas fora das reuniões do clube. Quando cheguei aqui Jona foi uma das primeiras pessoas que conheci e por isso passávamos a maior parte do nosso tempo livres juntos. Mas agora eu passei a me sentir mais confortável com o grupo, graças a Lucy. Nós temos passado tanto tempo juntos ensaiando que quase desejo que a estreia nunca aconteça.

O dia inteiro foi meio monótono, estudei para um teste de química, ensaiei alguns Atos e depois pratiquei piano com Ms. Haylee. Ela está mais ansiosa para peça que eu, Ms. Haylee insiste que eu ensaie todos os dias e fala constantemente sobre o quão orgulhosa ela está por me ver tão envolvido com algo.
Quando faço uma pausa nos ensaios, vou até a cozinha pegar algo para comer.

- Já ensaiou bastante hoje? Não se esqueça que é normal ficar nervoso, mas que eu vou estar lá te apoiando, ok? - Ms. Haylee diz enquanto arruma meu cabelo que nem estava bagunçado.

- Ensaiei o suficiente por hoje, talvez eu passe o resto do dia vendo TV.

- Ora, mas é claro que não! Não vou deixar você desperdiçar uma tarde inteira de produtividade vendo desenhos na TV, e nem faça essa cara porque eu sei bem que é isso que você assiste o dia inteiro se eu não ficar no seu pé. Já que você tem um dia livre pode me ajudar a organizar o armário da cozinha.

-Tudo bem, vou por uma música, tá bom?

-Se não for essa gritaria que você escuta. O que aconteceu com o Louis Armstrong, Frank Sinatra, Elvis Presley?

-Morreram, provavelmente. - Ela ri dá um tapinha no meu ombro. A risada de Ms. Haylee é muito alta e contagiosa.

-Pare de palhaçada e venha me ajudar.

Quando começamos a tirar a prataria das gavetas e as louças de porcelana do armário, nós ouvidos o som do portão da garagem.

-O senhor Turnner chegou mais cedo, suba e vá por uma roupinha mais apresentável, você tá sempre de moletom o dia todo, parecendo um sem teto. Eu vou receber o seu pai. E desça rápido, você sabe que ele não gosta de atrasos.

Eu a obedeço, subo correndo e troco de roupa. Meu pai parece cansado e surpreendentemente de bom humor.

-Theodore, aí está você. Essa viagem foi tão cansativa, mas pelo menos tudo correu bem. E você, como você está?

- Eu... - Ele me interrompe, meu pai não está nem aí para o que eu venho feito.

-Sabe quem eu encontrei hoje? O senhor Wang-Li, passei no clube antes de vir e ele estava lá com a nova esposa, ela é bem bonita para uma comunista. - Ele ri, um pouco desnorteado. Bêbado, são 4 horas da tarde e ele está bêbado! - O que eu estava falando mesmo? Ah, sim, do senhor chinês, quer dizer Wang-Fu... - Em outro momento, se eu não estivesse com tanto medo, talvez eu risse da situação. Só quero que ele se tranque no quarto e não machuque ninguém. - ...Wang-Li, ele nos chamou para um jantar na casa dele. Amanhã às 19 horas. Se você me dá licença, vou me deitar um pouco porque não estou me sentindo muito...- Me afasto por um impulso, mas não estávamos tão próximos. O vômito infesta a sala com um cheiro insuportável. Meu pai não diz mais nada, limpa o rosto com a camisa e sobe as escadas com dificuldade. Vou até a dispensa pegar um estragão e um balde.

- Ele vomitou de novo? Onde? Oh, puxa vida! Logo no carpete. - Com passos ágeis Ms. Haylee começa a limpar. A ajudo o máximo que posso, ela é muito rígida em relação a limpeza e quase não me deixa fazer nada. - O senhor Max está cada dia mais perto de perder a cabeça.

Mapeando Estrelas (Completa/ Revisando) Onde histórias criam vida. Descubra agora