Cap. 16

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POV: Lucy

Sexta feira, dia 11 de Setembro

Ainda não acredito no dia que tive. O que eu tinha na cabeça para pensar que seria uma boa ideia matar aula e passar o dia passeando? Por mais irresponsáveis e irracionais que fossem as minhas decisões, eu realmente me diverti hoje.

Theo me encara de um jeito estranho do outro lado da sala enquanto a governanta dele me enche de atenções, o que me deixa desconfortável. Theo é um garoto estranho, gosta de observar e de analisar cada ação do mundo a sua volta.

-A hora desse relógio está certa? Eu tenho que voltar pra casa! - Tento levantar e pegar todas as minhas coisas o mais rápido possível, eu já deveria estar chegando em casa e estou quase do outro lado da cidade.

-Minha mãe vai me matar! Obrigada por tudo Miss. Haylee.

-De nada, meu bem. Venha me visitar mais vezes, estou cansada de ser a única moça nessa casa.

- Venho sim. - A doce senhora me pega de surpresa quando me abraça e dá um beijo na minha testa, com certeza virei visitá-la mais vezes.

- Eu te acompanho até a porta- Theo se levanta com sua mansidão habitual e caminha calmamente da sala, pelo corredor bem decorado, até a pequena varanda na frente da casa.

- Eu não costumo fazer essas loucuras, sabe? Sei que isso para você deve ser um choque, mas eu passo mais tempo em casa jogando damas com a Miss. Haylee do que matando aula e saindo por aí.

- Não me surpreende nem um pouco, você realmente acha que eu esperava que você fosse esse adolescente rebelde sendo que você faz parte do clube de teatro? - Ele ri mais uma vez, por um momento eu esqueço de que estou extremamente atrasada e desejo poder passar o resto do dia nessa varanda.

- Na próxima vez a gente pode roubar um banco, tá bom pra você?

- Ótimo, assim está melhor. - Ele volta a me encarar e eu sinto minhas bochechas queimarem quase que instantaneamente, o que me faz lembrar da hora e do meu encontro eminente com a morte quando chegar em casa.

- Eu realmente tenho que ir... tchau Theo. - Eu o abraço e quando me afasto ele se aproxima e diz:

- Até amanhã. - Ele me dá um beijo na bochecha e sai correndo como uma criança. Ainda atônita eu começo a caminhar de volta até a estação do metrô, meu coração só desacelera quando eu sento. Passo toda a viagem pensando em cada detalhe desse dia, mesmo sabendo que aconteceu ainda parece mentira.

Tudo está quieto demais quando eu abro a porta da frente, imaginei que meu pai estaria na sala passando mal de preocupação e que minha mãe estaria no telefone da cozinha fazendo uma descrição minha para uma equipe de busca da polícia. Mas não, pelo contrário, ouço meu pai fazendo Tortillas, e minha mãe está no quarto lendo um livro.

-Oi, pai. - Tento chamar um pouco sua atenção na expectativa de ver qualquer sinal de preocupação no seu rosto.

- Holla, lu- Ele diz, quase cantando. Vejo que ele está ouvindo música no rádio e que está muito entretido. Pra que eu quero que eles se preocupem? Se eles estiverem preocupados eu teria que explicar o motivo do atraso e iria me embolar toda e acabar contando tudo!

- O jantar fica pronto em uns 10 minutinhos, pode avisar a sua mãe? - Faço que sim com a cabeça e vou até o quarto da minha mãe. Quando bato na porta ela diz em um tom neutro:

- Por que se atrasou? Muito trânsito? - Meu corpo congela, se tem uma pessoa que consegue farejar mentiras a quilômetros de distância, é a minha mãe.

Mapeando Estrelas (Completa/ Revisando) Onde histórias criam vida. Descubra agora