Lucy é uma garota de 16 anos que nasceu no Brasil em um dos piores momentos possíveis: Ditadura Civil-Militar. Ela precisou lidar com medos, traumas e a perda do seu tio preferido. Por pior que fosse a sua situação, o emprego dos pais dela a permiti...
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POV: NARRADORA
Antes de começarmos, um breve aviso:
Sei que na última vez que nos encontramos ocorreram uma série de desastres... Mas prometo que dessa vez será diferente.
E o mais importante: EU NÃO MORDO!! Pode comentar nos capítulos como se tivéssemos intimidade!
[...]
Se você está lendo isso, primeiramente eu gostaria de agradecer por terem chegado até aqui, e também gostaria de pedir para que falem o que acharam da história... É muito difícil não fazer ideia se vocês estão realmente gostando ou se só estão aqui para rir de mim.
Agora sim, onde estávamos? Ah, claro... O "Ano Novo", esse feriado tende a despertar a esperança e expectativa nas pessoas, e isso não poderia ser diferente com esse singular grupo de pessoas.
Augusto estava animado para voltar a fazer parte de comemorações em família, e por isso o esforço para que tudo ocorresse de acordo o planejado ia muito além de apenas uma festa de Ano Novo. Já Lucy, que por mais animada que ela estivesse, não pode evitar sentir uma forte dose de melancolia ao se lembrar de como costumava passar as festas de fim de ano na casa de seus tios. Enquanto ela sentia a brisa fria de inverno entrar pela janela, a noite estrelada a levou até 1982, quando a maresia balançava seus cachos e Alex a levava para ver os fogos à beira do mar. A sensação é tão real que ela quase consegue sentir a água gelada do mar do Rio de Janeiro batendo em seus pés.
Enquanto aos outros, não haviam muitos planos para o fim de ano, portanto, todos estavam extremamente ansiosos para essa pequena festa. Theo estava sozinho, e pela primeira vez isso não o incomodava. Seu walkman estava tocando uma fita que Lucy havia feito com "Os melhores clássicos de fim de ano", e enquanto ele dançava ao som de alguma música dos The Beach Boys, ele encarava as pequenas estrelinhas que a Lucy sempre desenhava ao invés de assinar seu nome. Às vezes ele se perguntava se ela existia mesmo, ou se tudo isso não passava de um truque do seu cérebro para não ceder a toda a confusão de sua vida, mas esse sentimento sempre é passageiro.
Ah! Se Lucy soubesse o quanto ele gosta dela, talvez ela não se sentisse tão insegura. Não sei se há um número exato para definir a quantidade de vezes que ela não conseguiu dormir pensando se alguém poderia realmente gostar dela, ou relembrando todas as suas ações e imaginando se ela não estava fazendo papel de idiota. Mas quando eles estão juntos, não há inseguranças e dúvidas de que existe uma amizade muito forte e que eles podem conversar sobre qualquer coisa.
Mas voltando ao Ano Novo: Thammy ainda estava um pouco abalada por não ter o sentimento familiar de poder fantasiar sobre um futuro relacionamento com o garoto mais legal que ela conhecia. E acredite em mim quando eu digo que ela pensava sobre isso constantemente, às vezes antes de dormir, outras vezes ela estava criando uma realidade onde eles se encontravam em um baile de gala em Viena e viviam uma aventura romântica na Europa. Mas não podemos culpá-la, afinal, Luca é um garoto que deixaria qualquer pessoa encantada por seu jeito magnético. Mas Lucy passou muitas horas no telefone tentando explicar a chorosa Thammy que ela estava apaixonada por algo que ela criou em sua cabeça, e que por mais difícil que seja, quanto mais rápido ela aceitar isso, melhor.
