Capítulo 2

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Manoel

- Estou saindo para o almoço, não pretendo voltar hoje – Digo a Vincent após nossa reunião, ele estava digitando no celular e sorria como um panaca, era até engraçado vê-lo tão entretido em uma moça, isso nunca aconteceu na história de nossas vidas. Nem com a mãe de Sophie.

- Onde você vai? – Ele me pergunta e acabo me surpreendendo, até porque pensei que ele não estava prestando atenção em mim.

- Eu vou espairecer um pouco – Sou sincero em partes, quero ver aquela ruiva novamente, não sabia o motivo, mas ela não saia da minha cabeça. Em dado momento me via preocupado com ela em outro me via encantado, mas em todos ela sempre estava em minha cabeça.

- Tudo bem – Vincent diz e me encara – Vou pegar Soraia em casa, ontem tomei café na casa dela. Foi legal – E lá estava aquele sorriso bobo novamente.

Me sentia mal por não proporcionar certas satisfações à Vincent, mas me sentia bem quando ele sorria em relação a essa tal Soraia. Sim, eu tinha ciúme, mas mais ainda eu tinha admiração pelo meu irmão e sempre irei querer sua felicidade, se essa estiver dentro de uma moça de cabelos cacheados, que ele os agarre então.

Quando eu saí da empresa fiz questão de ir diretamente para aquela praça, o horário era de almoço e talvez as coisas estivessem mais agitadas por lá, queria ver a menina ruiva, queria ouvi-la tocar novamente. Logo quando chego, compro um saquinho de pipoca e passo um tempo a encará-la, alguns turistas ficavam maravilhados com a praça, mas eu sabia que ela estava cantando uma música típica para dar jus aos filmes que representavam a Europa e assim fazer dos passeios um pouco mais verdadeiros, gostei da iniciativa dela. Eu percebi quando ela me notou, ficou vermelha logo quando cruzou seu olhar com o meu e então passou a tentar evitar, eu não me sentia bem quando sabia que incomodava as pessoas, mas gostava do incomodo que eu causava nela, mesmo não sabendo o motivo dele.

Laura hoje vestia a mesma calça que a do dia anterior, o mesmo tênis acompanhava, a única diferença é que agora havia uma outra blusa vermelha e de alças finas, deixando seu colo a mostra, ela dedilhava algo de fundo já que o agente de turismo estava explicando para os visitantes, logo eu vi a oportunidade de tentar ao menos chegar perto dela, eu não sabia o motivo, mas mal percebi quando já estava ali ao seu lado.

- Quer pipoca? – Ela me encara e nega com a cabeça. Sinto ela ir um pouco para o lado e continuar dedilhando seu violão. – Sou Manoel – Eu disse a encarando. Ela assente e continua a dedilhar, parece ser mais difícil do que eu pensei.

Logo algumas pessoas começam a depositar dinheiro no chapéu que estava no chão, algumas moedas na verdade, era uma mixaria eu espero muito que ela não dependa disso para viver. Eu me mantive ao lado dela, e quando ela percebeu que eu não sairia apenas continuou seu trabalho, ela cantou inúmeras músicas e nem um gole de água ingeriu naquele meio tempo, em compensação eu me sentia em êxtase, meu organismo formigava porque ela despertava coisas que eu nunca havia sentido, em dado momento eu até fechei meus olhos, ela cantava – Imagine, Jhon Lennon – E eu me via feliz por ouvir sua voz tão doce cantar uma das minhas músicas preferidas, ela tinha lábios secos e embranquecidos, mas ainda assim eram atraentes e aquilo me deixava um pouco assustado, seus olhos estavam fundos e ainda assim ela continuava ali tocando, quando o relógio bateu 17hrs ela suspirou e olhou para o chapéu, seu ar era de dar pena, havia um semblante triste que me cortou o coração, ela olha para as pontas dos dedos de sua mão esquerda, que tracionava as cordas do braço do violão, estavam vermelhos, calejados e eu conseguia sentir a dor. Ela guarda o violão dentro da caixa e então pega o chapéu que estava no chão, guarda o dinheiro dentro dos bolsos e coloca o chapéu na cabeça, seus cabelos hoje soltos caiam em suas costas e faziam uma boa cortina, ela termina tudo e então começa a andar, eu queria ao menos entender o motivo de tanta tristeza, já que mesmo pela necessidade ela trabalha com um dom lindo.

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