Capítulo 33

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Manoel

- Laura – Chamo a ruiva que se trocava correndo para não sentir tanto frio. Estava linda, o sutiã de renda preta, a calça branca que a deixava com um aspecto mais alto e clássico, a camiseta de gola alta e preta que ela colocava por baixo, uma tentativa muito bem-sucedida de conseguir ficar sofisticada, o solitário brilhava em seu dedo, mas não tanto quanto seus olhos quando me olhava e isso era tudo o que eu mais adorava nela. Eu poderia ser um merda, porém ela sempre me olha como se eu fosse o melhor merda do mundo.

- Manoel? Eu estou falando com você – Ela já estava na minha frente arrumando minha gravata quando eu percebi que viajava em sonhos que a envolviam. – O que houve?

- Me perdi na sua beleza... – Ela ri e me rouba um selinho, não me deixando aprofundar e me dando espaço para terminar de falar o que eu já deveria ter começado. – Para essa noite eu quero que você esteja armada. – Ela me olha surpresa, mas espera eu continuar... – Terão pessoas novas que você não conhece, meus homens estarão de campana ao redor da casa e podem ser acionados a qualquer momento... Mesmo assim, quero que você esteja armada, quero que você consiga se defender.

- Não vai acontecer nada, não precisa disso – Eu a encaro sério. – Por que você quer tanto isso? Me conte a verdade.

- Jacob, comprou duas passagens para Cuba. – Ela me espera continuar – Uma no nome dele a outra é para a sua dependente.

- Quem é a dependente dele?

- A priminha Laura Johnson Miller, menor de idade, que de acordo com o estado de New York ele é o tutor... – Ela ficou petrificada em minha frente e em dado momento até pensei que ela desmaiaria. – Ele provavelmente já tem toda a documentação falsa, ou antiga.

- Ele quer me sequestrar? – Eu a encaro com pesar – Não quero ir mais. Amor, vamos embora daqui... – Laura parecia desesperada e antes mesmo de que ela tivesse alguma crise, eu senti a necessidade de aperta-la próxima a mim...

- Se acalme, Rossa... Estou aqui por você, meus homens estão aqui por você... – Suspiro e deixo um beijo em sua testa – Devemos ir, as vezes ele pode apenas tentar te convencer a fugir com ele. – Nem eu acreditava naquela possibilidade, mas deveríamos ir. – Caso façam algo, estarão quebrando o trato. – Aquela era a nossa oportunidade de desligamento total daquela família, prometi que os aceitaria por perto caso não fizessem mal a ela. Eles burlando essa regra, nos darão total liberdade para viver sem vínculo, nós devemos ir e Laura sabe disso.

- E se algo der errado? – Sua voz parecia vulnerável e aquela não era a minha Laura, mas eu sabia que logo ela estaria de volta...

- Na pior das hipóteses, eu vou atrás de vocês até no inferno – Ela sorri, enquanto tenta parar de tremer e aquilo se torna mais uma promessa entre nós.

Eu a seguirei no inferno se for necessário, mas ninguém nunca mais irá tirar a minha família de perto de mim...

Laura

A sala de jantar estava muito arrumada, haviam velas, flores vermelhas e brancas, pratos combinando e talheres dourados. As pessoas usavam roupas claras assim como eu, havia trocado a blusa preta por uma outra rosa bebê do mesmo modelo, meu sapato era nude e me deixava mais alta, haviam duas armas em meus tornozelos, uma em cada um e em seus devidos coldres, um canivete se permanecia preso ao meu antebraço esquerdo e coberto pela camiseta, eu até queria me sentir medrosa, mas uma adrenalina me tomava naquele momento e eu sabia que, mais do que nunca, a minha vida era responsabilidade minha.

Manoel conversava com meu avô, meus primos estavam sentados na sala de estar, as mulheres na cozinha e eu estava indo diretamente para lá, precisava me manter um pouco longe de Jacob e seu olhar supostamente ameaçador, minha mão coçava para enfiar aquele canivete em seu pescoço.

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