Capítulo 12

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Laura

- Vocês devem me fazer um relatório, algo como uma análise de algum livro religioso, que fale sobre práticas, conceitos e até mesmo motivos para guerras e intolerâncias. Não quero opiniões, não quero adjetivos. Eu quero uma análise, nada de achismo. Tragam refutações, alguma polêmica. – Meu professor de análise histórica gesticulava enquanto parecia um doido vestindo uma bata afro e botas de cowboy. – Quero para a próxima semana, nada de atrasos. Aliás, valerá mais do que a metade da nota semestral. Já sabem... – Todos os alunos começam a levantar e rumar para fora da aula, tempo era nota e eu não queria perder a minha bolsa então eu não podia me atrasar para a próxima aula – Senhorita Miller, por favor. – Encaro o professor e me movo até a sua mesa. – Sente-se.

- Eu não posso me atrasar para a outra aula – Me mantenho em pé.

- Gostaria de conversar com você sobre um emprego – Eu me sento, até porque é tudo o que eu mais preciso no momento – Eu sei que você passa por algumas dificuldades, todos os professores te admiram muito por isso, mesmo com todos os problemas você simplesmente mantem a faculdade. – Ele passa a mão na barba grisalha e apoia os cotovelos na mesa – E você se mantem com maestria, é muito inteligente e escreve muito bem... Então, alguns professores estavam comentando sobre a sua facilidade com palavras, e decidimos perguntar se de alguma forma você gostaria de trabalhar na editora da faculdade, com as revisões.... – Fico espantada, mas feliz até porque não parece ser cansativo – Você só ficaria mais um tempo aqui, não ganharia muito, mas o diretor estava aberto a te proporcionar alguns benefícios como o direito de pegar mais livros na biblioteca e até um prazo maior para os trabalhos, o mesmo benefício que os refugiados têm... O que acha?

- Eu posso pensar? – Eu estava eufórica, é lógico que eu quero, mas algo me dizia que eu deveria conversar com o Manoel e era isso o que eu faria... Eu preciso trabalhar, e talvez assim eu consiga ir embora mais rápido... – Eu preciso conversar com uma pessoa, mas até amanhã eu te trago uma resposta...

- Claro... É seu namorado? O moço que te trouxe ontem? – O encaro um tanto surpresa, quer dizer... As notícias correm – A faculdade parece te ignorar, mas todos estão atentos em você Senhorita Miller.

- Que perda de tempo – Me levanto um pouco rude, não gosto de ser o centro das atenções.

- Estou brincando, é que ele estacionou bem na frente da saída e eu vi. – Apenas coloco a minha mochila nas costas e sinto meu celular apitar. – Por favor, foi apenas uma brincadeira. A proposta ainda está de pé...

- Obrigada – É tudo o que eu digo e vou direto para a aula de história ibérica.

Já havia perdido o início, mas entrar pela porta dos fundos te ajuda a não ser expulso, ser amiga da professora também... Meu celular parecia festejar carnaval, era suspostamente meu horário de intervalo, mas ele muda constantemente e hoje foi mais cedo... Manoel que espere.

Eu sei que é ele, ninguém tem meu número e não nego que estou ansiosa para saber o que ele quer, mas eu ainda estou chateada e não pretendo ser feita de besta novamente. Acho que já deu, eu o magoei e então fiz um café da manhã, tentei um jantar... Mas ele não, e por mensagem não se resolve.

Vou voltar para casa andando, aproveito e paro para respirar um ar no parque, assim eu vejo o que eu faço.

[...]

Manoel

Mensagens ON

Manoel: Mas por que você não me esperou para sair? [10h30]

Manoel: Não adianta me ignorar, eu sei que é o seu horário de intervalo. [10h30]

Manoel: Foda-se. Eu vou te buscar, me espera. [10h45]

Manoel: Desculpa. Eu fui rude, mas eu ainda vou te buscar. [10h47]

Mensagens OFF

Ela simplesmente não me respondia e eu me preocupei durante a manhã inteira, claro que ela estava brava e com toda razão, mas eu simplesmente não sei o que fazer e talvez o fato de não ter falado com Vincent me deixe muito nervoso. Eu no geral estou realmente nervoso, não tenho controle de mais nada, mas também não quero abrir mão de ninguém. Soraia era realmente muito eficiente e talvez muito mais reservada do que Vincent houvesse me dito, ela é educada e me ajuda muito, não tenho mais do que reclamar, apenas não sei como tocar o resto.

Quando deu o horário certo eu me dirigi até a faculdade de Laura, teríamos que passar no banco e comer em algum restaurante perto, eu não teria tanto tempo para me dedicar a ela agora. Meu braço ainda doía, mas eu realmente não ligava, meu coração queria ver a ruiva que estava bagunçando tudo aqui por dentro e eu não ajudava toda vez que a imaginava por perto, eu já havia decorado o cheiro dela, era bizarro. A tarde iniciava nublada igual ao rosto dela quando me encarou de longe, ela segurava uma quantidade maior de livros e também carregava um brilho surpreso no olhar, ela poderia estar brava comigo, mas eu havia a surpreendido por estar aqui...

- Eu vim te buscar – Falo antes de ela pronunciar qualquer coisa... Ela estava linda, usava uma regata curta de crochê amarelo e uma calça de lavagem clara e alguns rasgos, ela havia dobrado a barra igual a de ontem... O tênis era preto, ela era linda de qualquer jeito.

- Boa tarde para você também Manoel. – Ela passa reto por mim e abre a porta do banco traseiro, coloca os livros e a bolsa e então fecha. Acho que fui muito rude, Laura apenas vai para o banco do passageiro e bate a porta com força. Alguns alunos do campus nos encaram e eu apenas corro para o banco do motorista, nunca a vi nervosa, talvez seja interessante.

[...]

Laura

O banco era gelado de tão frio, mas eu não iria pedir o paletó de Manoel emprestado, estávamos esperando a gerente imprimir alguns papeis, não havia falado direito com ele até o presente momento. Estava com raiva, porque por alguns momentos eu me sentia alguém e agora eu sinto que só trago problemas, eu as vezes penso que ele me esconde alguma coisa, mas não quero perguntar mais nada... Pelo jeito nem o motivo da torção no seu braço é algo que eu deva saber.

- Assine aqui, por favor – Antes de eu o fazer, decido ler... Eu sabia os termos, ou achava que sabia, mas iria ler tanto para ter certeza quanto para irritar Manoel. Sim, eu sou infantil

- Pode ler em casa – Ele diz tocando meu ombro, mas eu apenas o encaro com muita seriedade, eu sabia que aquele olhar poderia dizer muito mais do que mil palavras. – Ok... – É tudo o que ele responde, eu demoro o tempo necessário e assino o contrato logo depois entregando para a moça.

- Aqui está o cartão, a senha. Não esqueçam de cadastrar a biometria – Eu assinto com a cabeça e me levanto já indo até o caixa eletrônico dentro da própria agencia.

- Você está brava comigo? – Eu espero a máquina apitar afirmando que o meu dedo indicador já estava cadastrado e que aquilo abriria portas para mim. – Vamos almoçar, e então conversamos... – Eu o encaro antes de começar a digitar o número do meu telefone para receber notificação a cada compra. – Não me olhe assim... Eu acho que já me ignorou demais. – Eu suspiro antes de apertar a tecla verde com força e o encaro com um pouco de fúria, pois é Manoel.... Eu não estou bravinha, EU ESTOU BRAVA PRA CARAMBA.

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Me desculpem por um capitulo tão curto, mas é que ele se tornou uma quebra do capítulo anterior....

Bom... Laura está brava.

com razão ou sem? Entenda hoje, no Máfia Repórter

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