Capítulo 13

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Laura

Eu prendo o meu cabelo e o encaro, havíamos parado em um restaurante italiano e até agora não trocamos palavras concretas. Eu não queria conversar, algo dentro de mim gritava que eu estava sendo chata e muito invasiva de cobrar alguma explicação ou atitude, eu também estava ciente de que a minha menstruação estava mais próxima do que nunca então claramente meu humor mudaria, o que me fazia lembrar de comprar meus absorventes.

- Posso pedir para nós dois? – Eu assinto com a cabeça e então pego o meu celular, não tinha nada nele ainda, mas eu anotava alguns lembretes durante o dia. – Como foi a faculdade? – Ele pergunta após fazer o pedido e entregar o cardápio ao garçom.

- Me ofereceram um emprego. Seria para revisar alguns escritos da editora da faculdade, algumas horas depois das aulas, o salário não é muito, mas tem uns benefícios e eu também conseguiria juntar mais rápido para poder voltar ao meu antigo apartamento. – Eu solto tudo enquanto digito "absorventes" na parte de lista de compras do celular. Que palavra absurda de se escrever, eu ainda estou aprendendo a digitar e gostaria realmente de saber por que é tão difícil?

- Você não precisa voltar – Ele solta um pouco desesperado, chamando minha atenção – Quer dizer, você vai cuidar do Bored então não precisa ir embora. Tem espaço de sobra.

- Não Manoel. Eu percebi que eu te atrapalho, posso continuar cuidando do Bored, não tenho problemas com isso... Mesmo assim acho que eu vou aceitar o emprego.

- Mas já tivemos essa conversa, você não precisa se preocupar em ir agora, quer dizer... Você pode ficar quanto tempo quiser, lá é seu também...

- Eu disse que se eu quisesse, eu ia embora.

- Você quer? – Eu responderia 'não' se tivesse coragem, mas apenas dei espaço para o garçom colocar o meu prato e comecei a comer.

Manoel me encarou um pouco triste, mas eu estava mais, passei muito tempo sendo rejeitada para agora ter que escolher passar por isso novamente.

[...]

Manoel

- Para na farmácia, por favor? – Eu a encaro um pouco preocupado, não estávamos conversando direito, e depois da conversa no restaurante eu não sei o que irá acontecer daqui para frente.

- Está passando bem? – Ela assente e eu estaciono.

Não consigo ficar parado quando o assunto é ela, eu tenho necessidade de sempre estar por perto ou ter certeza de que ela está bem. Ela entra na farmácia e vai direto para a parte de higiene, logo volta com uma cestinha cheia de absorventes e remédios que eu deduzi ser para cólica, passa direto para o caixa e pega o novo cartão com o papel da senha, gosto de vê-la a vontade financeiramente, mas logo estou ao seu lado entregando uma nota para a atendente do caixa.

- Não. Agora eu posso pagar – Ela afasta a minha mão e entrega o cartão para a moça.

- Mas eu quero te ajudar. – Digo esticando a nota novamente.

- Eu não quero a sua ajuda – Ela parecia irritada, talvez a TPM esteja tão próxima quanto as nossas mãos. – Moça, é debito.

- Não moça, é dinheiro. – A moça estica a mão para pegar a nota que eu estendia para ela, Laura parecia extremamente nervosa com a situação.

Os acontecimentos são rápidos, ela guarda o cartão dentro da bolsa, pega a sacola da minha mão e sai rápido de dentro da farmácia como se estivesse com vergonha e raiva, ao mesmo tempo com o ego ferido e talvez, analisando agora, seja exatamente tudo isso. Entramos no carro e rumamos até o apartamento, no meio do caminho eu sinto que ela estava chorando, mas tinha um tanto de receio de perguntar se ela estava bem ou o motivo do choro, eu simplesmente não sei o que está acontecendo, mas estou curioso pelo resto do dia.

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