Capítulo 7

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Manoel

Havia arrumado o quarto de hospedes para ela dormir, passei a madrugada inteira comprando algumas coisas pela internet entre roupas, eletrônicos, sapatos e alguns produtos de higiene também tentei organizar como eu faria para me aproximar dela, até porque eu estava apaixonado e isso não era novidade, mas não queria trocar os pés pelas mãos e nem me precipitar, ela era muito especial, merecia viver algo incrivel. Queria tê-la por perto para sempre, queria poder abraça-la, queria poder beijá-la, queria tudo.... Principalmente conhece-la, coisa que nem ela havia feito ainda, mas resolveríamos isso logo e juntos... Parecia loucura, mas eu queria estar junto dela em cada descoberta que ela fizesse em relação a si mesma, pensei em oferecer psicólogos, mas deixei a ideia para quando tivéssemos mais intimidade, até porque ela merecia todo o cuidado e suporte do mundo.

No sábado eu apenas levantei da cama, já que não havia dormido, teria que passar o dia trabalhando no escritório então fiz questão de levantar mais cedo e ir até a padaria para comprar o nosso café. Agora eu tenho com quem compartilhar o café da manhã, eu nunca estive tão eufórico. Saí de casa com o Bored, e comprei pães, bolo, café e alguns doces... Talvez eu devesse contratar uma empregada, ou aprender a cozinhar.

Laura

Não havia conseguido dormir, a cama era muito grande, o quarto muito grande, tudo muito confortável. Era ótimo claro, mas eu precisava de um tempo maior para me acostumar com tudo aquilo. Quando amanheceu decidi procurar a área de serviço ver o que realmente havia acontecido com o meu violão, ele estava com a parte lateral solta devido ao descuido na hora de ir embora, suas cordas estavam estouradas e o braço rachado, a madeira encharcada gritava o quão eu fui irresponsável, mas eu decidi só tentar não olhar muito, doía bem menos quando eu não me torturava.

- É... Eu realmente não estou pronta para ter responsabilidades, olha o que eu deixei acontecer com o meu bem mais precioso. – Suspiro e o deixo no lugar onde estava, não quero mexer onde não devo muito menos fazer Manoel desistir de ter me contratado.

- Eu cheguei – Eu escuto ele dizer da sala, um dos poucos lugares que eu sabia chegar. Os quartos ficavam no andar de cima, eu havia visitado a sala e a cozinha, lugares de fácil acesso, estava ansiosa para ver a biblioteca que ele havia me dito que tinha. – Eu trouxe coisas para o café – Ele me diz assim que me encontra na cozinha. – Eu não sei cozinhar muito bem, mas darei um jeito...

- Quer que eu faça? – Ofereço sem jeito, até porque eu cozinhava no orfanato, me sentia um pouco envergonhada porque ele é rico e pode ter várias frescuras, mas me ofereci mesmo assim... Aliás, por que ninguém trabalha aqui para ele?

- Você sabe? – Eu apenas assinto com a cabeça e tiro a caixinha de pó de café que ele carregava na mão. – Tem panelas no armário em baixo – Eu assinto – Coador na gaveta. Quer ajuda? – Nego. – Vou colocar as coisas na mesa.

Ele sai e logo eu sinto uma lambida nos meus dedos descalços encontrando Bored me olhando do chão. Acho que eu me permitirei amá-lo, é tão fácil, ele é o único que insiste em mim, sinto um carinho imenso por ele, é genuíno e puro, sinto que é algo que consigo sentir e receber, mas enfim... Coloco a água para ferver e retiro todas as coisas da sacola que Manoel deixou na bancada, a cozinha tinha um estilo americano, a luz era feita com luminárias escuras que levavam uma luz branca, mas que naquele horário da manhã se fazia desnecessário acender, as paredes eram pintadas de branco e o chão de porcelanato me ajudavam a escorregar para me distrair enquanto guardava alguns produtos que ele havia comprado. A dispensa estava cheia, chegava a me dar nervoso de tanta coisa que tinha para cozinhar, será que ele me deixa fazer o almoço?

- Laura, a água está fervendo – Eu apenas fecho a porta após guardar os biscoitos de polvilho e termino de passar o café. Sempre gostei muito de cozinhar, só me chateava o fato de nunca comer aquilo que eu preparava, mas eu sabia que era bom, porque era isso que me salvava de castigos maiores. Eles não me batiam muito porque sabiam que eu precisava estar bem para cozinhar, era isso... Acho que nenhuma habilidade minha algum dia foi tão bem valorizada quanto essa, cozinhar salva vidas e eu estou aqui para provar. – Quer ajuda? – Nego com a cabeça – Você não gosta de conversar, ou o problema sou eu mesmo?

Entre Cordas & MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora