Capítulo 10

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Laura

- Viu?! Nada me serve – Era segunda-feira de manhã, e eu parecia uma garota mimada que chorava porque nenhuma calça parava em minha cintura – Você comprou muito largo. – Falo para Manoel enquanto seguro o cós da calça junto ao corpo para não descer entre as minhas pernas.

- Podemos por um cinto, fica calma. – Eu não estava calma, provavelmente minha TPM estava chegando e eu chorava como uma criança, Manoel se divertiu durante um tempo, mas agora parecia preocupado. – Aqui. Um cinto – Ele era marrom, e estava no meio de várias sacolas que não arrumamos, porque ficamos com preguiça.

- Obrigada – Eu coloco no último buraco e parece dar certo – Ficou bom?

- Você é linda, Laura. Logico que ficou bom – Eu também usava um cropped branco de tecido fino que ia até um pouco antes do umbigo, então até que ficou bonito. – Quer que eu pegue algum tênis?

- O vermelho. – Tudo que era de calçar estava em prateleiras altas, haviam vários tênis e eu fiquei feliz, porque era o que eu mais gostava de usar.

- Você gosta de vermelho? – Eu assinto com a cabeça antes de pegar o vans e começar a calçar, estávamos atrasados, até porque quem costuma fazer o café sou eu. E adivinha o que eu estava fazendo? Isso mesmo, dando chilique porque eu estava tão magra que não cabia nem no menor dos manequins.

Pensar que eu costumo fazer o café me dá uma autonomia dentro dessa casa, quer dizer. Parece que eu sou necessária já que sou eu quem faço as refeições, isso me faz pensar como ele vivia antes... Mas é algo para se perguntar depois.

- Vem, precisa comer – Ele pega em minha mão então saímos do closet e rumamos até a cozinha.

[...]

O café da manhã foi tão rápido que eu até queimei minha língua, tive que prender meu cabelo em um rabo de cavalo dentro do carro, enquanto Manoel dirigia até a faculdade e assim que chegamos eu pude respirar com mais tranquilidade, ainda faltavam 10 minutos para bater o sinal.

- Olha... Eu venho te buscar as 13hrs – Ele me diz assim que saímos do carro, ele segurava minha mochila e insistia em por um fio do meu cabelo fora da minha visão.

- Você não acha melhor eu ir andando? Assim você pode ir direto para lá

- Não... Você não sabe o caminho ainda e aqui é mais perto da empresa do que você imagina – Eu assinto com a cabeça ao perceber que muitas pessoas estavam nos olhando. – Aproveite as aulas, e devolva os livros na biblioteca. Podemos comprar ainda hoje.

- Não precisa. É até perda de tempo, porque eu só vou usar durante um semestre. – Ele assente e eu coloco minha mochila nas costas. Ele me puxa para um abraço apertado e deixa um beijo em meu pescoço, se afastando e deixando um beijo na pontinha do meu nariz. Eu dou risada, porque realmente aquilo me faz cocegas, mas também para amenizar o carnaval que ele fez em meu coração. Fico indignada de como ele tem poder sobre mim, é tão carinhoso, tão amoroso que chega a me fazer querer mais.... E isso é muito novo, eu o quero por perto sempre, e olha que tivemos bem menos do que uma semana juntos.

- Eu vou sentir saudades – eu nego com a cabeça e deixo um beijo em sua bochecha – Olha, que novidade... Eu ganhei um beijo – Ele é um bobo, mesmo assim me faz corar. Vou me afastando e subo as escadas que dão para a entrada da faculdade, me virando e dando um tchau com as mãos para ele.

Eu também vou sentir saudades, Manoel.

[...]

O horário do intervalo era o mais difícil para mim, primeiro porque eu não tinha com quem ficar e depois porque eu não tinha dinheiro para gastar e comer algo. Coisa que não mudou muito hoje, mas tudo parecia um pouco melhor só porque eu estava trocando mensagens com ele, quer dizer, tentando.

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