Capítulo 16

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Laura

A sexta-feira chegou e junto com ela vários trabalhos da faculdade, a viagem de Manoel e um sentimento de pavor. Lógico que eu tentava controlar todos os meus pensamentos e até mesmo o ajude a fazer as malas, mas meu coração estava realmente bem apertado, como se ele fosse se colocar em um determinado perigo.

Meu horário na faculdade já estava acabando, eu sabia que ele me esperava encostado no carro assim como todos os dias, e agora mais do que nunca eu me encontrava extremamente ansiosa para pedir que ele passasse o resto da tarde comigo, desde quarta-feira nós estávamos bem próximos e eu já sentia saudade por antecipação. Não queria realmente ter que dizer tchau.

O campus parecia enorme conforme eu atravessava, eu sabia que muitas moças da faculdade o encaravam todas as vezes que ele me esperava ali, Manoel realmente era muito bonito e até me constrangia com o olhar, que de longe parecia carrancudo.

- Não me lembrava que estava tão bonita hoje mais cedo. – É a primeira coisa que ele diz ao me ver.

- Obrigada – Tento não corar, mas falho. Hoje de manhã nós estávamos muito atrasados, nem eu percebi como ele estava arrumado. – Queria te pedir algo. – Digo já entrando no carro e esperando ele dar a volta para sentar-se ao meu lado.

- O que?

- Você poderia passar o resto da tarde comigo?

- Precisa de algo? – Eu penso realmente em responder "de você", mas me contenho.

- Não... É que você vai viajar, e eu queria ficar um pouco com você antes disso. – Ele me olha com curiosidade, parecia muito contente, mas não disse nada que representasse sua felicidade.

- Eu ainda tenho muita coisa para organizar para amanhã, vamos deixar a empresa sem nenhum representante então será um pouco corrido agora de tarde. – Suspiro em frustração, mas ele segura minha mão e entrelaça nossos dedos – Mas tentarei voltar mais cedo, assim a gente fica um pouco junto...

- Tudo bem.... - Fomos o resto do caminho em silêncio.

- Você quer me contar algo? – Ele me olha com profundidade, mas eu nego com a cabeça e solto meu cinto de segurança. Eu teria uma tarde inteira para estudar e pensar em Manoel, como sempre. – Estarei em casa rápido, você nem percebera.

- É fácil falar – Deixo o carro e fecho a porta depois de acenar um curto tchau para ele...

[...]

Manoel

Ainda que fosse um pouco mais cedo deixo a minha sala após descobrir um pouco mais sobre Kaled e sua querida família, Soraia havia conseguido livre acesso às escutas e eu estava muito eufórico com todas as novas informações. Deixo meu computador desligado, tranco algumas gavetas da minha sala e pego meu paletó, rumando até a minha casa.

Eu passo em algum lugar e compro nhoque, quando Laura me disse que queria ficar comigo me deixou tão contente que quase não esbocei uma reação descente para tanta fofura, aquela ruiva me surpreendia sempre e algo dentro de mim simplesmente ficava de quatro para tudo em relação a ela. Pensando no pedido dela, compro nossas comidas e torço para que tenhamos chocolate em casa, assim derretemos e comemos junto com o morango.

Passo pelo centro movimentado e enquanto espero nossa comida no DriveThru, eu abro uma foto em meu celular. Gosto de pensar que o motivo do sorriso dela sou eu, porque ela é o motivo do meu, recentemente percebi quão delicada ela é, tem traços tão finos que poderiam passar despercebido, mas simplesmente são tudo o que eu mais reparo. Suas sardas a deixam linda, ainda que eu saiba que ela não as enxerga com tanto carinho quanto eu, seu cabelo brilha como fogo, até seu pescoço é atraente, eu fico perdido. Qualquer coisa me faz lembra-la, eu olho para o banco do passageiro ao meu lado e sinto falta dela, porque o lugar dela é ali... Me tornei um mariquinha, e foda-se.

Assim que eu chego em casa sinto cheiro de bolo, talvez ela tenha feito muito mais do que estudar, a cozinha estava vazia assim como aparentemente o andar de baixo inteiro, eu coloco as sacolas do Olive Garden em cima da bancada e jogo minha pasta e paletó no sofá, nunca fui bagunceiro, mas eu simplesmente estou muito cansado.

- Laura? – Chamo da escada, mas mesmo assim eu subo. Sigo pelo corredor até o seu quarto e bato duas vezes na porta antes de entrar, mas estava vazio. Sigo até o escritório e a encontro, ela estava concentrada em um livro de capa dura e folhas amarelas, jogada no chão com várias folhas de fichário organizadas ao seu lado. Linda.... Usava uma calça de tecido e uma regata grudada ao corpo, como sempre despreocupadamente descalça, seu cabelo preso de uma maneira bizarramente desajeitada, uma xicara de café vazia e uma caneta entre os dedos. – Oi... – Falo baixo para não assustar e vou entrando indo até ela.

- Oi – O sorriso que ela me presenteia... Sabe, aquele que você pensa "porra, eu mereço isso?" – Como foi o seu dia? – Ela me pergunta e tira algumas folhas que estão ao seu lado, abrindo espaço para eu sentar.

- Foi tudo bem... – Me inclino e deixo um beijo em sua testa, logo depois me sento. – Estudou bastante hoje.

- Eu tenho uma apresentação para fazer, passei o dia apresentando para o Bored... – Ela suspira e me encara, nenhum resquício de choro, algo que tem me deixado contente por diminuir.

- Quer me apresentar? – Ela sorri, mas nega com a cabeça e começa a pôr as folhas em ordem. – Eu adoraria assistir...

- Você vai me julgar. – Ela suspira.

- Claro que vou... Mas também serei sincero e cuidadoso – Coloco minhas mãos em sua perna e a vejo ficar pensativa. – Mas... Eu trouxe o nosso jantar, podemos apenas jantar e ficar quietos ouvindo a respiração um do outro

- Eu gosto da sua respiração... – Dou risada e levanto logo a ajudando a levantar também. – Que horas você irá amanhã?

- Antes de você acordar... – Saímos juntos sem soltar nossas mãos, Laura deixa suas coisas em seu quarto e então vamos jantar.

Passar esse tempo com ela pode me fazer mais mal do que eu imagino, mas mesmo que eu não queira ir, algo dentro de mim diz que a distância pode nos fazer bem.

- Por que você não quer me acordar? – A ruiva leva um nhoque na boca e me olha com muita seriedade.

- Por que você me desconcerta – Ela fica vermelha e volta a comer, Bored parecia dormir no tapete da sala, tínhamos um bom tempo até a nossa hora de dormir, mas aquele cachorro poderia ser uma incógnita sempre quando queria.

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Bom... Até segunda okay fantasmas?????

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