Capítulo 31

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Laura

- Sim. Eu sei – Falo com franqueza, eu sentia meus dedos dos pés suarem.

- Então despensa apresentações, certo? – Eu sorrio de lado e cruzo as pernas, um charme, eu sei.

- De jeito algum... Estou curiosa para as explicações. – Manoel riu de canto, ele estava se divertindo e eu também iria. James arrumou sua gravata e então suspirou em frustração talvez.

- Kate, sua mãe... Leonard e Kevin, são meus filhos. – Eu apenas assenti com a cabeça. – Sua mãe quebrou a tradição da nossa família, engravidou de você e fugiu... – Ele parecia constrangido ao ter que comentar algo tão horrível moralmente falando, mas eu não ligava. – Eu tenho certeza de que você já sabe da história, eu não preciso reforça-la.

- A história fica muito mal contada na sua versão, realmente... Pode prosseguir, quando quiser... – James me encara com uma enorme expressão de susto, eu sei que estou pondo o pé na boca do leão, mas posso ficar tranquila, meu namorado tem uma arma.

- Nós... Nós nunca te deixamos, gostaria de deixar isso bem claro. – Kevin diz com um pouco de afobação, ele parecia nervoso – Nós só não queríamos interromper em território europeu, demoramos muito para apaziguar a guerra entre nós e assim queríamos manter – Ele olha para Manoel, que só suspira.

- Vocês poderiam pedir intervenção, autorização. Eles não negariam – Olho para Manoel e ele assente. – As minhas condições de vida eram uma das piores possíveis, eu tive desnutrição proteico-calórica, vocês sabem a gravidade disso?

- Podemos imaginar – James diz com uma voz afetada, claramente ele se sentia culpado.

- Não podem... – Eu olho ao meu redor, e percebo que eu poderia ter crescido aqui, corrido pelas salas e corredores, criado memórias de infância e tudo não aconteceu porque eu supostamente não era digna biologicamente. – Qual é o meu objetivo aqui?

- Queremos te conhecer, fazer parte da sua vida... Somos uma família, temos que nos manter unidos – Assim que eu vou responder, as empregadas adentram a sala com as bandejas, elas carregavam taças de champanhe, cada uma com duas taças em cada prataria, para servir à um determinado casal.

- Não, obrigada. – Eu digo quando me oferecem e eu consigo sentir todos me encarando.

-Não, obrigado – Manoel me acompanha e ao encarar a mulher a minha frente, decide continuar – Traga-me um copo dagua, por favor... – Ela não responde, mas sorri para mim e se vão, todas juntas.

- Vocês não bebem? – James pergunta e eu apenas suspiro, tentando não revirar os olhos.

- Não na casa de estranhos – É tudo que Manoel responde, dando brecha para eu continuar a conversa.

- O que a união significa para vocês? – Eu encaro aqueles homens com certa rispidez, eu sou ciente de que todos são unidos por uma obsessão horrível de manter o sangue da família, então precisei perguntar.

- É a junção de coisas, pessoas, por algo em comum...

- É uma opção? Vocês dão opção? – Kevin suspira, sabendo onde eu queria chegar... – A união, provém de confiança, você só se junta com aqueles que te passam segurança... Então, por agora, eu sinto muito, mas a união é quase utópica.

- Temos o mesmo sangue, isso já não basta? – James me questiona.

- Kate também tinha o mesmo sangue.

- Ela nos traiu – Ashley fala pela primeira vez, ela era minha avó, mas não havia dito nada até agora. – Ela sabia o papel dela, e não o cumpriu.

Entre Cordas & MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora