surrender | wangxian

Um - Sobre sentenças e promessas.

"Sete meses de serviço comunitário na área rural do estado"

Wei WuXian sente o seu rosto cair ao ouvir aquela sentença; seus olhos se abrem em espanto e a boca fica quase que permanentemente em forma de "O". O oficial de justiça em sua frente arqueia as sobrancelhas para ele de forma desafiadora enquanto assina os documentos que ditam o futuro de WuXian, provavelmente esperando que o rapaz retruque do jeito que sempre fazia.

No entanto, Wei WuXian fica calado, porque a voz dura de Jiang FengMian surge em sua cabeça dizendo o quão decepcionado ele está com o seu comportamento. Seu pai raramente dizia coisas desse tipo. Ele sempre tentava entendê-lo e até defendé-lo das repreensões mais brutas de Madame Yu, mas até WuXian entende que havia passado levemente dos limites dessa vez.

Sim, pichar o muro da delegacia de sua cidade não havia sido uma das decisões mais inteligentes da vida de Wei WuXian.

— Tudo bem. — Ele responde ao oficial de justiça, mesmo contrariado. O homem entrega os documentos a Wei WuXian para que ele assine e continua olhando-o daquela forma, como se o rapaz fosse sair correndo a qualquer momento em um ato de rebeldia.

Não é surpresa para Wei WuXian aquele oficial já lhe conhecer, pois sua reputação naquele tribunal não é muito boa. Ele mesmo já consegue se recordar da face de alguns policiais depois de se meter em problemas tantas vezes com eles. Além disso, WuXian sabe que tem uma aparência marcante para essas pessoas; uma mecha vermelha marcando o cabelo escuro e longo – que geralmente fica em rabo de cavalo –, ambas as orelhas repletas de piercings, o braço esquerdo cheio de tatuagens aleatórias sem muito sentido e roupas quase sempre completamente pretas.

Enquanto assina os papéis, Wei WuXian revira os olhos. A verdade é que ele já esteve nessa posição mais vezes do que se orgulha – aparentemente, pichar muros de casas vazias em áreas abandonadas da cidade também tem consequências, quem diria? –, mas era sempre Jiang FengMian quem assinava esse tipo de documento. Porém, agora, WuXian é maior de idade e teoricamente já pode responder pelos seus atos.

Além disso, ele não pode abusar de sua sorte. Mesmo tendo que passar sete meses sabe-se lá onde, Wei WuXian sabe que a justiça está pegando leve consigo lhe dando apenas uma sentença de serviço comunitário.

— Muito obrigado. Parabéns pelo bom trabalho! — O rapaz diz dando um sorriso amarelo e uma cara falsa para o oficial enquanto se retira do tribunal. O homem, que já conhece a índole do jovem, apenas revira os olhos levemente. Ele não pode reclamar de sua sentença, mas ainda pode ser Wei WuXian, não é?

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Os olhares de cada membro da família de Wei WuXian o atingem em cheio enquanto ele conta sobre a sua sentença. A comida havia acabado de ser servida na grande sala de jantar daquela enorme residência e o rapaz tem certeza de que havia estragado mais uma refeição dos Jiang.

As expressões menos dolorosas – porém ainda desconfortáveis – são as de Madame Yu e de Jiang Cheng, considerando que Wei WuXian já está mais acostumado com a repreensão daqueles dois. No entanto, a decepção estampada nos olhos de Jiang FengMian e a tristeza na face de Jiang YanLi são como milhares de agulhas o beliscando ao mesmo tempo. Doloroso e cheio de agonia.

— Você vai ficar fora por sete meses? — Jiang Cheng pergunta com aquela expressão que parece já estar encravada em seu rosto; sobrancelhas franzidas, olhos cerrados em reprovação e boca preparada para xingá-lo a qualquer momento.

— Infelizmente, sim. — Wei WuXian responde com uma face emburrada, pois ele mesmo ainda está tentando aceitar esse fato.

Ficar longe daquela cidade grande e movimentada por sete meses. Ficar longe de sua família e de seus amigos. Longe dos muros altos e vazios – em branco, como se o chamassem para ser estampados – que estão espalhados por aquelas ruas... Com certeza seria uma tarefa difícil.