Vinte e dois - Sobre amor.

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O vento que bate no rosto de Wei WuXian é interrompido pela viseira da motocicleta que ele pilota, também impedindo um pouco do Sol da tarde de o queimar. A pista ao redor do rapaz está praticamente vazia, apenas alguns poucos carros passando na direção contrária a sua de vez em quando. Por causa da velocidade em que está, os carros fazem um barulho ao passarem ao lado de WuXian – aquele "zum" tão específico de quando se está na estrada – e ele não sabe explicar o porquê, mas gosta muito dessa sensação de estar tão veloz, quase se tornando um ponto no ar.

A liberdade que Wei WuXian sente em momentos como esse é uma de suas coisas preferidas nesse mundo, apenas perdendo para quando ele está com certo alguém. Inclusive, é isso que WuXian pretende estar fazendo em algumas horas.

Os últimos quatro meses da vida de Wei WuXian haviam sido mais intensos e cheios do que boa parte de seus quase vinte anos – e olha que o rapaz já havia feito muitas coisas absurdas e perigosas nesse tempo todo. Acontece que WuXian realmente procurou fazer o que prometeu a si mesmo quando ainda estava pagando sua sentença no interior de Gusu: ele foi atrás de cuidar de seu futuro.

Bom, Wei WuXian já tinha uma ideia de que isso não seria tão fácil, mas também não imaginava que seria tão complicado.

Wei WuXian sabia que seria difícil encontrar um emprego que pudesse o sustentar com a ficha criminal que o acompanha, e está sendo, se considerar que o rapaz sempre anda com sua mochila nas costas e, dentro dela, uma pasta com vários currículos impressos. Afinal, nunca se sabe quando uma oferta de emprego irá aparecer... Apesar disso, WuXian se sente feliz por estar conseguindo ter seu próprio dinheiro, mesmo que não seja uma fortuna, com os quadros que começou a vender.

No final, a ligação da policial de Gusu havia sido imprescindível para o rumo que a vida de Wei WuXian tomou depois que ele voltou à cidade. Luo QingYang havia recomendado o trabalho do rapaz para uma amiga, essa amiga falou sobre os quadros dele no trabalho, os colegas de trabalho dessa amiga falaram para outras pessoas e... o resto é história. Tudo se resume a um fato: WuXian agora pode dizer que não depende totalmente de seus pais. E isso já é um grande avanço.

É claro, a motocicleta na qual Wei WuXian está montado no momento havia sido um presente de Jiang FengMian. Mas foi ele mesmo que pagou para tirar sua carteira de motorista! Isso já faz uma grande diferença, não é mesmo? Wei WuXian prefere pensar que sim. Prefere pensar que está conseguindo se tornar alguém melhor; aos poucos, mas está. E o fato de seu pai finalmente ter confiado o suficiente nele para lhe dar uma moto — uma moto! – mostra que WuXian provavelmente está certo em pensar assim.

Mas, nesse momento, Wei WuXian não quer pensar nisso. Na verdade, ele não consegue pensar nisso, pois sua mente está repleta de uma pessoa só. Um nome só. Lan WangJi. Lan Zhan.

Wei WuXian lembra do que havia acontecido há algumas semanas e sorri como um bobo:

— OK, no três. — Foi Wei WuXian que disse na ligação com Lan WangJi, que respondeu com seu típico "Mn".

E, então, – depois do "um, dois, três" – em seu quarto, Wei WuXian usou o mouse do notebook para clicar na lista de aprovados da universidade que ele e Lan WangJi haviam escolhido. A vários quilômetros de distância, WangJi, no quartinho do terceiro andar da residência Lan, também clica no mesmo item. Eles haviam combinado de procurar pelo nome um do outro em suas respectivas áreas.

— Já, Lan Zhan?! — Wei WuXian já estava quase gritando e ainda nem havia começado a procurar pelo nome do namorado.

— A internet está lenta. — Lan WangJi respondeu simplesmente e Wei WuXian suspirou em frustração ao lembrar que a internet no interior de Gusu não era das melhores. Mas ele esperou pacientemente até que WangJi desse seu "ok".

surrender | wangxianOnde histórias criam vida. Descubra agora