Dezesseis - Sobre coelhos e julgamento.

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A primeira coisa que Wei WuXian pensa quando acorda naquele dia é em xingar Lan WangJi pela dor nas costas que ele sente assim que abre os olhos. A segunda é dizer que o ama. Mas ele já havia feito ambas as coisas durante a noite anterior inteira. Bastante. Além disso, WangJi já havia acordado há um bom tempo, se o sol forte que WuXian vê pela janela do quarto do namorado é alguma indicação.

Com um suspiro satisfeito, Wei WuXian fica deitado na cama macia de Lan WangJi por mais algum tempo. O cheiro leve – quase imperceptível – de amaciante dos lençóis preenche seus sentidos, somando-se com a sensação do vento calmo e refrescante entrando pela janela e batendo em seu corpo.

Por alguns instantes, Wei WuXian apenas olha para o teto do quarto com um sorrisinho bobo no rosto e as bochechas levemente ruborizadas. A noite anterior havia sido como um sonho e ele pergunta a si mesmo se não havia imaginado tudo aquilo...

Entretanto, uma rápida olhadela para o seu torso e sua cintura comprova para Wei WuXian que todas aquelas memórias encravadas em sua mente são reais. Muito reais, se levar em conta as marcas vermelhas e outras quase roxas que estão espalhadas pela sua pele bronzeada – como se cada centímetro de seu corpo fizesse parte de uma tela e Lan WangJi houvesse resolvido retribuir a pintura de WuXian na mesma medida.

As cenas da noite anterior passam na mente de Wei WuXian como um filme do qual apenas ele e seu namorado são os telespectadores. Ele lembra do deslizar carinhoso, porém firme, que as mãos de Lan WangJi faziam pela sua pele na noite anterior. O jeito que seu corpo havia ficado totalmente à mostra para aquele homem acima de si, completamente à mercê de um sentimento que nenhum dos dois havia experimentado antes: amor e desejo – misturados, enrolados um no outro, quase se transformando em um só.

Sua mente faz questão de o lembrar de cada mínimo detalhe, e ainda bem que faz, pois ele não quer esquecer nunca mais daquela noite. A primeira de muitas, ele espera. Wei WuXian também se recorda da descoberta interessante que havia feito sobre si mesmo: ele é bem barulhento na cama; Lan WangJi havia se esforçado bastante na noite passada, se revezando entre satisfazer WuXian, tapar a boca do rapaz para que o resto da casa não o ouvisse e se controlar para ele mesmo não soltar os sons mais pecaminosos possíveis.

Wei WuXian continua sem conseguir parar de sorrir como um bobo, então apenas aceita o seu destino de ser eternamente apaixonado por Lan WangJi e se vira na cama, tentando pegar os últimos resquícios dos lençóis gelados e do cheiro de seu namorado. Fechando os olhos novamente, ele se agarra ao travesseiro que WangJi havia usado e se aconchega nele.

— Lan WangJi, ah, Lan WangJi... O que você fez comigo? — Wei WuXian fala consigo mesmo em um murmúrio emburrado, porém extremamente apaixonado.

É claro que Wei WuXian gostaria de ter a presença de seu namorado ali, ao seu lado na cama – de preferência, abraçando-o por trás como gosta de fazer –, assim que acordasse, mas sabe que a maioria dos animais da propriedade dependem dele para se alimentar e serem cuidados. Então ele apenas continua deixando seu corpo se acostumar ao novo dia que surge. O momento de voltar para a cidade grande está cada vez mais próximo e, como o adulto responsável que WuXian havia decidido se tornar, ele pensa em todas as tarefas que precisa realizar.

Depois de muitas reflexões e de quase cair no sono novamente, Wei WuXian finalmente decide se levantar da cama. Lentamente, ele coloca os pés no chão frio e se espreguiça, logo percebendo que não há uma peça sequer de roupa em seu corpo.

A surpresa de Wei WuXian é doce e satisfatória ao ver que Lan WangJi, sendo o cavalheiro que sempre é, havia organizado todas as suas roupas em uma pilha dobrada em cima da poltrona. Uma risada sai da boca de WuXian ao imaginar seu namorado às cinco da manhã procurando suas roupas – que haviam sido jogadas para cantos aleatórios do quarto quando ambos não conseguiam se importar com nada a não ser o corpo um do outro – e as organizando cuidadosamente para que ele não tivesse aquele trabalho quando acordasse.

surrender | wangxianOnde histórias criam vida. Descubra agora