Dois - Sobre despedidas e beleza.

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O dia em que Wei WuXian precisa viajar para o interior de Gusu não demora a chegar. Quando recebeu sua sentença, o rapaz havia achado que ainda tinha algum tempo para aproveitar a cidade enorme onde mora, mas se surpreendeu com o quão rápido o tempo passou. Mesmo tendo muitas coisas para resolver quanto a sua viagem, WuXian ainda conseguiu rever alguns amigos e dizer adeus – por enquanto.

Ele não esqueceria o quão envergonhado ficou quando Nie HuaiSang lhe disse para não paquerar muitos meninos e meninas do interior, pois iria partir o coração deles quando viesse embora. Seu amigo realmente pensa que Wei WuXian é um pegador do mais alto escalão e, bom... WuXian nunca teve a vergonha na cara de contar a ele que só havia beijado algumas poucas pessoas em toda a sua vida, nada mais que isso. Ele precisa manter sua reputação de bad boy.

A ideia de cumprir sentença em um interior lá onde Judas bateu as botas havia parecido absurda e totalmente surreal para Wei WuXian até agora. Talvez seja por isso que a ficha do rapaz só comece a cair de verdade quando ele sai do carro da irmã e pisa no terminal onde irá pegar o ônibus para Gusu.

Na manhã ensolarada de um sábado, Jiang YanLi e Jiang Cheng acompanham Wei WuXian, que arrasta as suas malas pelo chão brilhoso do terminal rodoviário com uma carranca no rosto. Os pais dos três haviam precisado resolver algo no trabalho, mas se despediram do filho do meio antes de saírem. WuXian olha emburrado para o painel de horários dos ônibus e vê que o seu partirá em alguns minutos, deixando-o com pouco tempo para se despedir dos irmãos.

— Você tem certeza de que não quer que o levemos até Gusu? — Jiang YanLi pergunta, preocupada, quando os três chegam ao local de embarque. Muitos passageiros já se encontram dentro do ônibus e Wei WuXian percebe que é um dos poucos que ainda faltam entrar no veículo.

— Não precisa, JieJie. É uma viagem muito longa e vocês ainda teriam que fazê-la de volta depois que me deixassem. — Wei WuXian desfaz sua carranca e diz com um sorriso, agradecendo pela preocupação da irmã.

Os três irmãos se olham por um momento. Jiang YanLi e Jiang Cheng permanecem de um lado e Wei WuXian de outro, mais próximo do ônibus; nenhum deles sabendo exatamente o que falar naquela situação. A irmã mais velha tem os olhos marejados e até Jiang Cheng havia deixado de lado a sua máscara irritada, agora parecendo um pouco desolado por ver o irmão tão perto de ir embora.

— A-Xian... — Jiang YanLi começa a falar com uma voz balançada e lágrimas ameaçam cair de seus olhos.

Ao ver isso, Wei WuXian sente os seus próprios olhos ficarem marejados.

— Não chore, JieJie, por favor. — Wei WuXian acaricia levemente a bochecha de Jiang YanLi e diz tentando manter sua compostura, mas, na verdade, sente-se quebrar por dentro ao pensar que ficará longe de seus irmãos por tanto tempo.

A mulher respira fundo e dá uma leve fungada para controlar o choro por enquanto. Jiang Cheng cruza os braços e observa os dois com uma expressão complicada, meio triste e meio irritada.

— Se cuide e se comporte, A-Xian. — Jiang YanLi diz e sua voz ainda está um pouco embargada, porém mais segura.

Portando um sorriso fraco, Wei WuXian assente. Após isso, ele se vira para o irmão, que ainda tem os braços cruzados e não parece ter muito para falar. Depois de olhar por alguns segundos para o rapaz, WuXian diz: — Estou indo, Jiang Cheng.

O que Wei WuXian recebe depois de dizer isso é um cenho franzido de Jiang Cheng e consegue até imaginar a luta interna no corpo do irmão para dizer algo. Ele o conhece tão bem, então mesmo que o rapaz não fale nada nessa despedida, WuXian não se magoaria.

— Vê se não arranja muitos problemas por lá. — Jiang Cheng murmura.

Mais uma vez, Wei WuXian assente. Eu vou tentar me comportar direitinho, por vocês, ele pensa consigo mesmo.

surrender | wangxianOnde histórias criam vida. Descubra agora