surrender | wangxian

Quinze - Sobre ciúmes e pele a pele.

Antes mesmo de abrir os olhos, Wei WuXian sente um toque tão leve e carinhoso como o pouso de uma borboleta em sua bochecha. O toque se espalha gradualmente por vários cantos de seu rosto até chegar à testa, onde a pessoa que o provoca deixa um selar mais demorado. Espiando através de um olho só para evitar a claridade do quarto, WuXian sorri ao ver o emaranhado de cabelos escuros e uma pele alva à sua frente.

— Acordei você? — A pessoa pergunta quando percebe olhos acinzentados o observando e um movimento preguiçoso abaixo de si. — Perdão.

Normalmente, Wei WuXian teria um sono tão pesado que nem um furacão acontecendo bem ao seu lado poderia o acordar. No entanto, desde que ele e Lan WangJi começaram a dormir juntos, isso havia mudado drasticamente; parece que, agora, seu corpo sabe exatamente quando são cinco da manhã e sente qualquer mínimo movimento de WangJi na cama.

Wei WuXian não quer nem pensar no que vai acontecer quando voltar para a cidade e precisar dormir sozinho novamente – ele prefere deixar essa angústia para depois.

Ao invés de respondê-lo, Wei WuXian envolve o pescoço de Lan WangJi com seus braços e usa as pernas para puxá-lo pela cintura. Por não ter previsto aquele súbito movimento, WangJi não tem tempo para reagir quando WuXian troca as posições e o prende na cama com seu peso, impedindo-o de se levantar.

Após se recuperar da surpresa, Lan WangJi ri baixinho. Ele abraça Wei WuXian pela cintura e diz: — Bom dia, Wei Ying. — Acompanhando o seu cumprimento, WangJi deixa um beijo casto no ombro do rapaz deitado em seu peito e acaricia lentamente as costas dele por cima do tecido fino do pijama.

— Bom dia, Lan Zhan. — Wei WuXian responde com a voz ainda rouca pelo sono.

O clima dentro do quarto é frio mesmo sem a presença de nenhum ar condicionado ou ventilador – apenas o vento gelado que percorre a floresta do lado de fora parece ser o suficiente para suprir a necessidade de climatização da residência Lan inteira. Por isso, Wei WuXian se agarra ainda mais ao corpo de Lan WangJi e enfia seu rosto na curvatura do pescoço do rapaz em busca de um pouco de calor. Vendo isso, WangJi rapidamente entende a intenção de WuXian, então logo endireita o lençol sobre o corpo do rapaz e o abraça com mais afinco, tentando cobrí-lo com sua quentura.

Porém, depois de algum tempo naquela posição confortável e quentinha para ambos – quando Wei WuXian já está quase voltando a dormir profundamente –, Lan WangJi diz: — Wei Ying, eu preciso ir ordenhar as vacas.

Ainda agarrado ao corpo de Lan WangJi, Wei WuXian grunhe baixinho, deixando bem claro o seu descontentamento com aquilo, mas logo se solta do rapaz. Eles se soltam daquele abraço aos poucos, como se qualquer movimento súbito pudesse quebrar aquele clima agradável entre os dois.

— E você volte a dormir. Tem que ir ao hospital mais tarde. — Lan WangJi completa enquanto cobre Wei WuXian novamente com o lençol e o aconchega melhor na cama.

Ao ouvir aquilo, Wei WuXian apenas assente em concordância, tentando não pensar que aquele seria o seu penúltimo dia prestando sua sentença no hospital de Gusu. Algumas dores não precisam ser sentidas tão rápido, certo?

Quando Lan WangJi já está com a mão na maçaneta da porta, Wei WuXian resmunga de forma birrenta, fazendo com que o rapaz volte seu olhar para ele novamente. Na cama, WuXian está com o lençol cobrindo-o até o pescoço, deixando apenas a sua cabeça com o cabelo totalmente bagunçado para fora.

— Você não está esquecendo de nada, não? — Wei WuXian pergunta com uma expressão emburrada e, logo depois, faz um biquinho com os lábios.

Lan WangJi solta uma risada que apenas aquele homem deitado na cama em sua frente, com os cabelos espalhados para todos os lados possíveis, olhos inchados de sono e um bico manhoso na boca conseguiria tirar dele. Então, com muito prazer, WangJi caminha até Wei WuXian mais uma vez e segura seu rosto com delicadeza, logo deixando um selo profundo em seus lábios.