A cachoeira

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POV Aska

Chegou a hora do almoço. Agora sim era responsabilidade da Astrid e não minha. Fui à ferraria ter com o Bocão e com o meu irmão almoçar com eles, mas não encontrei lá Hiccup.

- Onde está o Hiccup?- perguntei naturalmente

- Eu não sei. Era suposto ele estar aqui comigo à hora do almoço.- disse o Bocão despreocupado, enquanto martelava uma espada

- Será que está nos estábulos?- perguntei pensativa

- Talvez.- respondeu ele concentrado no que fazia

Coloquei em cima da mesa um pouco do almoço que sobrou das nossas altezas. Como sempre, os criados ficam com os restos.

- Trouxe aqui alguns restos da refeição. Amanhã serei uma espécie de afitriã da festa de aniversário da princesa. Terei que organizar tudo.- disse revirando os olhos

- Sempre gostaste de organizar festas. Porquê tal aborrecimento?- perguntou o Bocão pondo a espada quente na água, e logo evaporou

- Porque cada ano que passa, dá-me cada vez mais nojo esta gente. São mal agradecidos, acham que mandam e podem fazer o que quiserem.- disse chateada

- Querida Aska, eles sempre serão assim.- disse ele erguendo a espada e vendo ao pormenor os seus detalhes

- Eu sei. Vamos comer. O Hiccup que depois se arranje.- disse aborrecida

POV Mérida

Eu e o criado cavalgávamos pela floresta. Ele estava atrás, com receio de cair, o que me fez rir.

- Não te preocupes. É só um cavalo.- disse olhando para ele sorrindo

Eu tirei o meu arco e arqueei uma flecha, pois vi um alvo pendurado numa árvore.

Lancei e acertei em cheio. O cavalo continuou a cavalgar e eu atirava as flechas sem falhar e sem falhar.

O criado já se habituou ao cavalo, mas mesmo assim continuava bem agarrado a ele.

Chegámos a uma montanha. Eu parei com Angus e sai de cima dele. Olhei para cima e logo pensei que iria conseguir subir aquilo. Oh, espera. Só faltava saber se o servo também sabia.

- Como pensa subir isso? Ou melhor, porque quer subir isso. Vai pôr a sua vida em risco.- disse ele sério

Eu olhei para ele incrédula. Virei-me e fui na sua direção. Pus a minha mão no seu ombro e olhei profundamente para ele.

- Rapaz, vive a vida. Tens tanto que aprender.- disse revirando os olhos

Peguei em duas flechas e espetei-as na montanha. Comecei a escalá-la com dificuldade. Olhei para baixo e o criado olhava para mim boquiaberto.

Quando cheguei a cima, vi uma cachoeira que logo me trouxe felicidade. Antes que me esqueça, deixei cair lá para baixo as minhas duas flechas, para ele também escalar.

Fui até à cascata e fiz uma concha com as mãos. Pus-la lá na água e bebia. Era a água das mais puras. Eu amandei-a ao ar e gritei de alegria.

Eu amo a natureza.

O criado finalmente chegou cá em cima. Podia vê-lo bem daqui. Ele era moreno, apesar do cabelo dele ser quase ruivo, com cabelo comprido. Tinha olhos verdes como duas esmeraldas. Era magro, mas aposto que ainda tinha algum músculo.

- Ena... Isto é tão lindo, princesa.- disse ele olhando à sua volta

Pois é. Para além da linda cachoeira, tínhamos vista para o horizonte, a floresta toda e o meu castelo, claro.

- Por favor, trata-me por Mérida. E por tu, de preferência.- disse sem olhar para ele envergonhada

- Tudo bem, Mérida.- disse ele sorrindo

- Qual é o teu nome?- perguntei curiosa

Eu sei que lhe já tinha perguntado, mas eu esqueci-me porque tenho demasiadas coisas na cabeça.

- Meu nome é Hiccup.- disse ele sereno

- Isso é alguma piada?- perguntei rindo-me

- Não. O meu nome é mesmo este.- disse ele dando de ombros.- Porque quiseste vir aqui?

Eu olhei para o horizonte. Sentei-me na dura pedra e coloquei as minhas pernas cruzadas. Pus o meu arco no meu colo. O Hiccup sentou-se ao meu lado.

- Durante a minha vida toda nunca pude decidir o que eu realmente queria. Era sempre orientada pela minha mãe, até demais. Ela sempre me preparou para ser uma princesa que eu não sou. A princesa que eu sou... foi esta que tu viste agora, não a que anda em bailes nem em festas ridículas. Sinto que estando ligada à natureza, é a única forma de eu ser eu mesma.- disse olhando para o horizonte

- Ninguém mais pode te dizer o que tens de fazer. Tu decides o que queres fazer para o teu futuro, e ele é teu, não é de mais ninguém. Se queres ser uma arqueira, que sejas. Se queres ser uma princesa rebelde, que sejas. Se queres ser uma pessoa natura, que sejas. Só tu sabes o que é melhor para ti, não os outros.- disse sério

- Não sabes o quanto é bom ouvir essas palavras. Obrigado.- agradeceu ela, aliviada

Ela levantou-se e foi para trás. Eu olhei e nesse momento eu levei com água em cima. Ela tinha me atirado a água da cachoeira.

Eu levantei-me e dirigi-me até ela. Fiz uma concha com as mãos e pus-las dentro da água. Amandei para ela e ela logo se arrepiou com o choque térmico.

- Tu estás tão feito, Hiccup.- disse ela ainda admirada

Ela começou a amandar-me imensa água, e eu fiz o mesmo a ela.

Os servos Onde histórias criam vida. Descubra agora