O funeral

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POV Aska

O dia anterior foi duro, então o dia seguinte foi pior. Eu e o Hiccup estávamos demasiado cansados, tristes e vulneráveis.

Eu estava mal porque o Hiccup não comia e eu também não, mas eu queria que o meu irmão ficasse melhor do que eu. Preciso dele e ele precisa de mim.

O enterro só me fez lembrar ainda mais do quão eu estou mal pela morte do meu tio. Eu estava muito mal, até vomitava.

Mérida teve todo o cuidado e fez uma cerimónia e um funeral bonito. Foi difícil ao ver o meu tio a ser enterrado. Nem parece que foi ele a partir, tão cedo.

Ás vezes faltava-me o ar só de pensar nisto.

No funeral, quando o caixão já estava no subsolo, mas não tapado, Hiccup foi com uma rosa branca colocar mesmo em cima. Logo depois nos consolamos um ao outro.

POV Gosmento

Estávamos todos presentes no funeral do antigo ferreiro. Acho isto completamente ridículo. Estão a fazer um funeral de uma pessoa com a mínima importância.

Só sei que a morte dele foi bem merecida. Como pude o deixar escapar? Quer dizer, eu fui tão burro em esquecer-me do melhor amigo do meu irmão.

Os sobrinhos dele estavam vulneráveis. O melhor se calhar era matá-los, visto que também podem saber que eu fiz o golpe de estado em Berk.

Um dos sobrinhos era um dos substitutos que eu perguntei onde estava o Bocão. O rapaz. Ele olhava-me de soslaio o funeral inteiro.

Será que ele sabia do golpe de estado? Ou ele desconfia que tenha sido eu a matar o Bocão? Esse garoto tem de morrer, e de seguida, a irmã dele.

POV Hiccup

O resto do dia não tive vontade de sair de casa. Estive agarrado a uma almofada e a pensar no que poderia fazer e ser. O que bastava fazer era sair do reino.

No dia seguinte, sabia que eu precisava de sair de casa e enfrentar a dura realidade, com a ajuda da minha irmã, claro.

Sabia que escovar e tratar dos cavalos me fazia abstrair um pouco dos meus pensamentos e da realidade, mas mesmo assim era difícil de esquecer que eu estava muito próximo do inimigo.

- Servo Hiccup.- chamou um guarda acompanhado por outro

- Sim?- perguntei largando o que estava a fazer

- Sua alteza exige a sua presença na sala dos tronos.- disse o outro

- Ok.- sacudi as minhas roupas e os acompanhei

Eu não costumava passar pelos corredores da sala real, sala dos tronos, sala dos banquentes, etc. Eram zonas mais reservadas para a realeza e para pessoas que as servem diretamente, como a minha irmã.

Os guardas abriram dos portões para a sala. Haviam quatro tronos: um de tamanho grande, dois médios e um banco no qual acho que cabiam os três irmãos da Mérida.

Nesse grupo de assentos, só estava o rei e os trigémeos a brincarem. Eu fiquei a meio do caminho para o trono. O rei levantou-se do trono e andou devagar até mim.

- Obrigado por teres vindo. Hiccup, é esse o teu nome?- perguntou ele de bom grado

- Sim, alteza.- disse não olhando bem para os seus olhos

- Para já, eu lamento imenso pela tua perda. A ferraria não pode ficar parada. Nunca se sabe quando somos atacados ou quando possa haver uma guerra, por isso é que precisamos de um ferreiro. Mérida contou-me que tu eras um excelente aprendiz do Bocão. Porque não seres o novo ferreiro?- perguntou ele

- Seria uma honra alteza, mas devo confessar a minha preocupação com quem cuidará dos cavalos.- disse preocupado

- Não te preocupes. Eles serão bem tratados.- disse o rei com certeza

- Dá para perceber que Mérida conta-lhe muitas coisas.- disse surpreendido

- Sim, conta. Por isso mesmo é que lhe vou pedir mais uma coisa.- disse ele aproximando-se de mim

- Peça.- disse tranquilo

- Queria que se afastasse da minha filha.- disse ele agora mais sério

- O quê?- perguntei confuso e indignado

- Sabes, Hiccup, eu tenho olhos em todo o lado do castelo. Mérida não me contou quantas vezes é que estiveram juntos ou outra coisa além das tuas qualidades, mas eu conheço a minha filha e sei ver quando ela está a gostar de um garoto.- disse ele andando á minha volta

- Alteza, eu e a Mérida somos amigos. Nada mais que isso.- falei incrédulo

- Eu vejo que nos olhos de Mérida ela quer mais do que isso. Obedeça-me só. É tão novo... não gostaria nada de o querer matar se isso voltar a acontecer.- disse ele e fez um gesto com a mão

Os guardas apareceram á minha frente e apontaram com a mão para os portões. Eu logo virei as costas e sai da sala dos tronos.

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