As buscas

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POV Hiccup

Eu já tinha adiantado as coisas. Deixei uma ou outra coisa desarrumada em cima do balcão da ferraria mas nada de especial.

O que agora estava na minha cabeça era querer encontrar o Bocão. Não era normal dele desaparecer assim do nada. Aliás, como é que se não encontra um homem barrigudo com um bigode extenso e loiro?

Quando o tal convidado da festa, o pai do rapaz que está proposto em casamento com a Mérida, me agarrou eu senti-me realmente mal. Nunca gostei de pressão, porque sei que lido muito mal com ela, para além de me deixar super desconfortável.

Eu andava pelos corredores à procura do Bocão, quando encontrei a princesa com uns livros na mãos. Isto é alguma personagem?

Como nós não podíamos ser juntos pelas razões que a Aska apresentou no outro dia, eu esbarrei nela, fazendo-a deixar cair os livros e ambos nos agachamos.

- Viste o meu tio?- perguntei enquanto apanhava os livros lentamente

- Não. Porquê?- perguntou ela curiosa

- O teu futuro sogro veio-me pressionar a perguntar onde ele estava.- disse acabando de ajudá-la

- Precisas de ajuda para procurá-lo?- perguntou ela

- Se não estiveres ocupada.. é uma grande ajuda. Eu procuro por minha casa e tu podes perguntar à minha irmã?- perguntei preocupado

- Sim, pode ser.- disse ela e foi pelo sentido contrário

POV Mérida

Tinha percebido o recado do Hiccup e como na minha festa de aniversário vi a irmã dele na zona dos petiscos, pensei que ela fosse alguma empregada da cozinha.

E tinha razão. Ela hoje parecia atarefada. Ela já estava a fazer o almoço e as suas colegas os acompanhamentos.

Elas repararam na minha presença e logo fizeram uma vénia. Eu nem dava ao trabalho para dizer que elas não precisavam de o fazer porque a minha voz estava cansada.

Dirigi-me até Aska e ela olhou de soslaio para mim. Ela estava a descascar alhos e cebolas para dentro de um tacho.

- Nunca pensei que fosse tão conhecida. Até tenho direito a visita real.- disse ela irónica

- Já percebo porque o Hiccup não aguenta contigo. Onde está o teu tio? Viste-o?- perguntei serena

- Não sei. Eu não o vi hoje. Porquê?- perguntou ela curiosa

- Pelo que eu percebi, o meu futuro sogro esteve a pressionar Hiccup, porque queria mesmo encontrar o Bocão.- expliquei

- Então vamos à procura deles. Astrid, podes tratar disto?- perguntou ela e a mesma assentiu

Saímos da cozinha e fomos procurar pelo velho, digamos.

POV Hiccup

Eu achei que podia encontrar o Bocão em casa. Cheguei lá e senti a casa um pouco vazia.

- Bocão?- chamei por ele desconfiado

Fui ao quarto dele e vi uma mala com algumas roupas. Algumas coisas também estavam fora do Bocão.

Logo soube que Bocão não vai a nenhum lado sem ter algumas armas, então achei que ele podia estar neste momento na ferraria.

O meu primeiro pensamento foi correr até à ferraria de preocupação. Eu tinha um sentimento que se passava algo e eu não sabia.

Cheguei à ferraria e não vi ninguém, só um corpo morto no chão. Eu identifiquei-o logo.

Bocão estava morto no chão. Senti que o meu mundo de repente caiu. Senti-me ninguém. O meu tio está morto. Mesmo diante dos meus olhos.

Eu nunca tinha visto uma escuridão assim. Escuridão no sentido de eu estar assim. É tão vazio... neste momento morava em mim.

Finalmente decidi tomar uma atitude e ir até ao corpo de Bocão. Coloquei dois dedos no seu pescoço. Foi ai que as lágrimas surgiram.

Acho que nunca chorei tanto por alguém na minha vida. O meu tio que para mim era meu pai. Sinto um aperto no coração inexplicável.

As minhas mãos já tinham sangue dele. Fechei os meus punhos e ergui a minha cabeça para cima. Berrei de angústia. Sinto-me um falhado. Um perdedor.

Ouvi passos a virem na minha direção. Quem se meteu ao meu lado foi a Aska com um avental da cozinha. Ela olhou para mim e eu neguei com a cabeça.

Ela logo percebeu que ele estava morto. As suas lágrimas logo surgiram, ela nem sequer entrou em pânico. Ela ia ficar com a roupa toda com sangue, mas estava a marimbar-se para isso.

Eu olhei para a barriga dele e vi cinco furos. Ele foi assassinado. O meu tio foi assassinado.

Eu levantei-me do chão e olhei para trás de mim. Vi pessoas a assistir à nossa dor. Foi algo que me enfureceu, mas não ao ponto de me descontrolar.

Eu só precisava de estar sozinho. Preciso de um pouco de... calma.

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