A fraqueza

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POV Mérida

- Estás a magoar-me!- avisei para ele, que penetrava em mim com força

- Como pudeste? Como pudeste esconder-me de tal coisa?! Tu sabes que a procuramos há dois anos e quando a viste nem te veio à cabeça que ela podia pagar pelos seus pecados?!- perguntou ele irritado e descarregava tudo em mim

Ele saiu de dentro de mim e colocou o membro dentro das calças. Eu abaixei o vestido. Ele estava mesmo nervoso com isto e frustrado por ainda não termos nenhum filho.

- Ela é minha amiga.- declarei chateada com a forma como ele falava comigo. Bem, tecnicamente, acho que se não fosse o Hiccup nós nem nos falávamos

- Tua amiga? Ah! Que a tua amiga vá á merda.- murmurou ele irritado profundamente

- Eu não te entendo. Porque tens essa obsessão? Ela não te fez nada além de um corte na perna para defender o irmão. Diz-me, e se fosse contigo?- perguntei indignada

Ele ficou a pensar irado e eu ia saindo do quarto.

- Onde vais?- perguntei

- Ser um pouco gentil para o meu marido. Vou tentar perceber para onde os prisioneiros fugiram.- disse saindo do quarto

Mesmo se eu descobrisse, eu inventava uma mentira qualquer ou simplesmente não o dizia. Homens como ele, não merecem saber.

A minha intenção era ir agora para a prisão, para ver se tinha sobrado algum rasto do Hiccup. A Aska, eu sabia que ela estava cá em Berk e escondida, agora o Hiccup eu não sei onde ele se meteu, por isso é que vou tentar encontrar algo dele.

O problema é que eu não fui a única a pensar nisso. Encontrei uma mulher de cabelos negros presos numa trança de lado e olhos verdes com um pequeno dragão a farejar uma cela. Ela notou a minha presença quando entrei.

- Princesa Mérida.- disse ela surpresa fazendo uma vénia

- Deixe-se disso. O que faz aqui?- perguntei curiosa e um pouco indignada

- Você é amiga da Aska?- perguntou ela. Quer dizer, pareceu mais uma afirmação do tipo "a Aska já falou de ti"

- Sim.- disse. Este "sim" custou um pouco a dizê-lo, porque vocês sabem a relação de nós as duas

Ela pegou no dragão e colocou-o no ombro. Berk está em paz há um ano com os dragões. Foi uma das poucas coisas que o pai do Melequento fez de jeito, porque de resto foi só merda.

- Nós vamos tentar encontrar o Hiccup. Ele tem o mesmo objetivo que nós. Queremos que ele faça parte do movimento.- disse ela determinada.- Desculpa, sou a Heather, a melhor amiga da Aska.

Será que isso é possível? Posso ainda não ter falado com ele mas sei que ele mudou muito.

Também é incrível a mudança repentina de falarmos de linguagem formal para uma linguagem informal.

- Prazer. Eu vim fazer exatamente a mesma coisa mas agora esquece. Estão a planear vê-lo quando?- perguntei curiosa

- Amanhã, bem cedo, quando o sol estiver a nascer, vamos nos encontrar na praia para partirmos mais tarde. Não vamos querer parecer intrusos onde ele vive. Imaginamos que ele vive numa comunidade, para usar esse estilo incomum.- explicou ela solenemente

- Boa. Vou com vocês.- declarei determinada

- Tu? Só podes estar a gozar, certo?- perguntou ela incrédula

Boa, mais uma para adicionar à lista do NãoAcreditaNumaPrincesaGuerreira.

- Eu posso ser princesa, mas também posso ser arqueira.- expliquei semicerrando os olhos

- Claro que sim.- disse ela pouco convicente.- Ok, podes ir, mas vou falar com a Aska.

- Obrigado.- agradeci e sai da prisão, juntamente com ela

POV Alvin

No porto da ilha dos exilados, fazia-se muito tráfego de dragões. Nós só acolhemos os mais fortes, como o fúria da noite do Hiccup, e os outros que são dispensáveis, utilizamos para trocas comerciais.

Sabia que isto era errado, mas graças a isto a ilha dos exilados tinha um melhor futuro com uma boa economia, e assim daria um bom futuro para o meu filho.

Em falar nele, ele apareceu com o Hiccup, meio no tédio. Quer dizer, ele está sempre aborrecido. Só acha que está realmente ocupado quando está a beber uma boa cerveja ou numa batalha.

- Filho, deixa-nos falar a sós.- pedi e ele foi-se embora e o Hiccup aproximou-se de mim

- Peço desculpa, Alvin.- disse ele apesar de não parecer arrependido

- Temos segredos entre nós?- perguntei fingindo estar confuso

- Porque fazes perguntas que já sabes a resposta?- perguntou ele sério

Eu virei-me de costas para ele e fui para a ponta do cais, onde podia ver os barcos a levarem alguns dragões a navegar para norte.

Caso ele não tenha percebido eu estou à espera de uma explicação dele. Ele foi para o meu lado e olhou também para o horizonte.

- Eu encontrei a minha irmã em Berk. Eu tinha de falar com ela discretamente. Não podia correr o risco de ser visto tal como ela foi.- explicou ele

- És fraco como a tua mãe.- disse e ele mirou-me com um olhar de esguelha.- No dia em que ela morreu, ela não confrontou o inimigo, apenas entregou-te a ti e à tua irmã ao amigo do teu pai e deixou-se morrer nas mãos do inimigo.

- Ela protegeu-nos. Onde isso é fraqueza?- perguntou ele revoltado

- Ela não lutou! Como tu não lutaste e fugiste dali com o Viggo!- gritei enfurecido

Hiccup virou as costas e foi-se embora, mas parou e voltou-se outra vez para mim, desta vez magoado e chateado.

- Nunca mais fales assim da minha mãe!- avisou ele apontando-me o dedo

Depois disso foi-se embora com passos pesados e largos. Sabia que íamos ficar assim revoltados um com o outro por algum tempo.

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