O inesperado

41 1 0
                                    

POV Mérida

Eu acho que a Astrid nem disse nada porque:

Ponto n°1: eu sou princesa
Ponto n°2: não ia ser presa por causa disso e a sua palavra tem um grande peso na justiça
Ponto n°3: tinha outra mais importante que a preocupasse para nem sequer opinar

Ela tinha passos acelarados, e eu e o Hiccup tentávamos acomoanhar o seu ritmo mas era quase impossível.

- Estás bem?- perguntei ao Hiccup e ele olhou para mim com pouco de rancor

- Sim, e tu?- perguntou ele preocupado

- Porque não estaria?- perguntei confusa

- Tu mataste uma pessoa.- falou ele num tom óbvio e comovido

É normal que ele esteja a estranhar o facto de eu não estar em pânico, arrependimento ou ressentida, mas eu fui treinada exatamente para isto.

A minha personalidade tem uma coisa chamada controlo emocional. Eu não me sinto mal por o ter matado porque sabia que se ele continuasse vivo, o Hiccup ia ser atacado de novo.

- Para te defender. Tu não entendes que tu podias ter te magoado? Não deixaria que isso te acontecesse.- disse agora eu comovida

Ele depois olhou de soslaio pensativo. Não me disse mais nada a partir daí. Entramos no castelo e fomos para a cozinha.

Lá estava Aska a tirar o frango do forno. Pousou na mesa e o cheiro era bem intenso. Depois olhou para nós e fixou o olhar em mim.

- Porque razão que sempre que há confusão ela está cá?- perguntou ela aborrecida

- Aska, o que se passa?- perguntou Hiccup de braços cruzados indignado

- Eu não sei. Pergunta à Astrid.- disse ela estando a marimbar-se

- Ela precisa de descansar. A Aska está distraída.- disse a Astrid preocupada

O que ela me disse enfureceu-me. Ela é cega ou faz-se?!

- Só podes estar a brincar comigo, certo? Quando nos foste buscar tu viste que nós estávamos a meio de uma coisa muito mais complicada do que isto. Ouve, aquele merdas morto no chão tentou matar o Hiccup! Eu não sei se tu estás bem ou não, mas digo-te uma coisa. Tu deves ser bem cega para não perceber que estávamos no meio de algo muito mais atribulado do que uma simples preocupação!- explodi para cima dela

- Eu preocupo-me com a Aska!- disse Astrid indignada

- Os teus pensamentos foram egoístas!- afirmei enfurecida

- Ok, Mérida. Isto já é suficiente.- disse Hiccup colocando-se entre mim e a Astrid

- O homem ainda está lá nos estábulos?- perguntou a Aska pensativa

- Sim.- confirmou o Hiccup

- Eles vão pensar que foste tu que o mataste. Tu és o único que trabalha lá, e pessoas como nós de baixo valor seríamos logo presos.- disse ela preocupada

- Mas a minha palavra é muito maior.- declarei

- Mesmo assim. Eu já não me sinto seguro aqui. Tentaram matar-me. Aska, nós temos que ir. Nunca se sabe se és a próxima.- disse Hiccup preocupado

- O Hiccup tem razão. Sabe-se lá do que a pessoa que mandou matar o Hiccup é capaz.- falou a Astrid de braços cruzados

- Têm que sair o mais rápido possível. Façam uma mala rápida enquanto eu trato dos cavalos. E tu vens comigo.- disse para o Hiccup

O quê? Penso que ele só está protegido comigo.

- Ok.- disseram os dois irmãos em uníssono

A Aska dirigiu-se à Astrid e abraçou-a com força. Depois, Astrid deu-lhe um beijo. Logo afastou-se e olhou de um certo modo incrédula.

A Aska não conseguia dizer nada, tal como nenhum de nós. Eu não sou homofóbica nem nada do género, simplesmente não estava à espera.

- Obrigado.- afirmou ela quase quase quieta, só se moveu para sair pelas traseiras da cozinha

- Vamos!- exigi enquanto saia. Foi a única coisa que consegui dizer

- Obrigado.- disse o Hiccup ainda sem saber o que dizer para a Astrid e fomos embora enquanto ela finalizava o almoço

POV Gosmento

- Como isto pode acontecer?!- perguntei enfurecido

Eu, o meu filho e mais dois homens estávamos nos estábulos para ter a certeza de que o sobrinho do falecido ferreiro estava morto.

Para meu azar, estava o homem que eu mandei o matar morto. Com uma flecha no meio do peito e um corte profundo no pescoço.

O meu filho aproximou-se do cadáver e retirou a flecha que estava no corpo do homem. Ele observou a flecha com pormenor.

- O que vês?- perguntei curioso aproximando-me dele

- Esta não é uma flecha qualquer. São flechas com madeira bem fina de forma a serem mais ágeis.- disse ele

Bem, ele pelo menos não é assim tão burro no que toca ás armas e o resto.

- No que estás a pensar? Ou em quem estás a pensar?- perguntei ansioso

- Na minha noiva, claro.- disse ele um pouco frustrado, mas disfarçava com um sorriso

Ele saiu dos estábulos e eu e os meus homens fomos atrás. A isto sim eu chamo um viking. Um ser com vontade de vingança e...

Encontrámos o inesperado. Demo-nos de caras com o sobrinho do falecido e com a minha futura nora.

Os servos Onde histórias criam vida. Descubra agora