O reencontro

34 1 0
                                    

POV Mérida

Era noite e como já era tradição viking, quando se recebia um convidado, fazia-se uma celebração que até parece festa de casamento.

Em falar em casamento, o meu casamento com o Melequento foi horrível. Tive que colocar um sorriso falso na cara e fingir que estava tudo bem.

Eu realmente gostei do meu vestido de casamento, mas não gostava da pessoa a quem eu estava comprometida. Foi tão cruel passar estes dois últimos anos com ele que até eu já o tentei matar.

Enquanto ele estava a dormir, esfaqueei-o nas costas, mas o homem consegue sobreviver a todas. E qual foi o meu castigo? Porrada.

Eu sou uma rapariga que se sabe defender, é verdade, mas umas vezes pensava que não o devia matar porque o meu reino deixava de estar tão bem como está, devido a esta aliança, outras vezes, como aconteceu com o esfaqueamento, acho que devia porque eu não sou nenhuma puta.

Isto algum dia tinha de acabar.

O meu marido estava feliz por pôr a conversa em dia com o filho, mas eu estava tão aborrecida que era capaz de beber uns 10 copos com vinho.

Gosmento tem se sentido isolado, porque ele agora já não tem a companhia do filho e a sua mulher morreu ao parir o Melequento. Aposto que ela não seria tão otária como estes dois que estão ao meu lado.

- Cunhada! Minha querida cunhada!- chamou o Gosmento completamente bêbedo. Quantas ele bebeu? 3? 4?- A cada ano que passa estás cada vez mais bonita.

- Obrigado, Gosmento.- falei sem nenhum interesse em conversar com ele

- E então filho, fiquei desiludido quando a tua mulher disse que tinha um problema de fertilidade.- disse ele para o Gosmento. Se eu não estivesse numa festa, com certeza que lhe daria um murro

- Tretas. Só ela não está a conseguir engravidar porque não quer. Talvez em Berk tenha mais vontade de engravidar.- disse ele apalpando a minha nádega

Sempre que o Melequento me tocava, eu sentia-me a cem por cento desconfortável, ainda por cima com afirmações ou gestos perversos.

Também coitado. É tão burro que pensa que quanto mais fizermos sexo mais chances tenho eu de engravidar. Se ele pelo menos soubesse que eu estou enfeitiçada.

Os meus olhos brilham quando vejo no meio da multidão a Aska com um lindo vestido vermelho. Eu não faço a mínima ideia como o Gosmento não repara nela.

- Desculpem, vou apanhar algum ar fresco.- disse levantando-me da mesa

- Estás bem?- perguntou o Melequento

U-A-U. Em dois anos esta foi a primeira vez que o meu marido me pergunta se eu estou bem, mas infelizmente com intenção de impressionar o pai com os seus dotes de cavalheirismo.

- Sim. Está muito barulho aqui dentro.- disse e fui-me embora

Aska viu que eu estava a ir embora, então ela também desapareceu do meio da multidão. Eu fui em direção da saída do grande salão.

Não vi nenhuma Aska ou qualquer outra pessoa. Desci as escadas de pedra e revistei mais uma vez, mas fui puxada pela minha mão repentinamente.

Olhei para onde fui puxada e vi Aska com ótimo aspeto, até melhor do que enquanto cozinheira.

Aconteceu uma coisa que eu não esperava: ela abraçou-me e eu retribui o abraço. Nunca tinha abraçado a Aska, mas os seus abraços são muito confortáveis.

- Estás tão bonita! Como estás?- perguntei afastando-me dela

- Obrigado, tu também. Acho que estou bem. Meu Thor, é tão bom ver-te depois de dois anos.- falou ela sorrindo

- Eu também. O que tens feito?- perguntei curiosa

- Bem, namorando e projetando.- falou ela sorrindo enquando olhava para cima

- Hmm, quem é o tal?- perguntei com um olhar atrevido

- Alguém muito especial.- sorriu ela feliz

- Projetando?- perguntei desentendida

- Sim. Eu, o meu namorado e mais outras pessoas estamos a trabalhar numa espécie de movimento para tirar a coroa de cima da cabeça do Gosmento. Nós queremos pôr-me no poder.- relatou ela

- Isso é fantástico! Eu vou ficar cá uma semana. Posso ajudar.- disse interessada

- Toda a ajuda é bem-vinda.- disse ela de bom grado

- E o Hiccup? Onde está ele?- perguntei curiosa e talvez um pouco carente

Ela logo ficou cabisbaixa e talvez um pouco emocionada. Ela finalmente olhou para mim e abanou a cabeça. Eu pensei que ele tivesse morrido, mas logo aliviei um pouco quando ela falou.

- Não sei onde ele está, e quando penso nele tenho saudades. Eu no ano passado fui procurá-lo mas não o encontrei. Berk é segura, por enquanto.- disse ela agarrando os seus próprios braços insegura.- E tu? Como estás? Chegaste a casar com o Melequento, não foi?

Não lhe queria dizer que estava tudo mal, porque eu não a queria preocupar. A Aska é uma pessoa de coração enorme e age como uma mãe para todos. Ela já tem tantos problemas, que não a queria preocupar com mais.

- Está tudo bem. É chato, mas existe sempre uma fuga possível, não é?- disse sorrindo e ela riu-se

- Fico feliz que estejas bem.- falou ela colocando as mãos nos meus ombros

Os servos Onde histórias criam vida. Descubra agora