Salva (?!)

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Corro, até onde consigo. Preciso despistar aqueles malucos. O que foi aquilo? Será um implante? Um olho biônico? O que será que faz? Distraída, tropeço em uma pedra e levo um belíssimo capote. Me levanto como se nada tivesse acontecido e continuo a correr. Já sem ar, com os meus pulmões queimando decido parar e olhar para trás.

Nada. Um certo alívio acaba me preenchendo, é quando a adrenalina acaba que percebo que ralei os joelhos, sorte que não foi muito. Paro um pouco para me localizar, o que é inútil já que eu não faço ideia de onde estou. Continuo andando a esmo, em uma direção aleatória quando percebo que estou diante de grandes portões, com muros muito altos. O que parece ser uma cidade, povoado ou vila. Ajuda, talvez?

Me dirijo a esses grandes portões e adentro. Pelo pouco que consigo observar parece ser uma vila meio antiga, remetendo ao Japão antigo. Observo um tipo de recepção onde há duas pessoas com vestimentas parecidas. Em suas cabeças possuem uma bandana com um desenho...

Me viro rapidamente em direção a saída. É a mesma bandana que o cara de olho engraçado tentou me matar. Porém assim que caminho em direção a saída alguém se planta na minha frente me fazendo trombar sem querer. "Ah, desculpa senhor, lugar errado. Já estou saindo" tento me desvencilhar dele para sair daquele lugar mas ele logo pega no meu braço. Com a bandana com o mesmo desenho, porém sem nenhum risco ele me puxa, me colocando novamente de frente pra ele. "Quem é você? Por que apesar de seu chakra não estar registrado quando você entrou não houve nenhum alerta."

Cada segundo que passa com ele me interrogando, ele aperta mais sua mão em volta do me braço, então eu olho diretamente para ele. Ele possui duas cicatrizes grandes no rosto, o que só contribui para a áurea maléfica que ele emana. Seus olhos parecem que vão me devorar, apesar de serem olhos normais. Ele aperta mais a cada segundo em que eu demoro para responder.

"Ai, você tá me machucando, me solta!" Digo tentando me desvencilhar dele, porém sem sucesso. O restante de spray de pimenta que tinha foi todo naquele maluco anterior. Ele então sorri, sadicamente. "A dor é a melhor forma de comunicação". Não é possível, onde eu vim parar, todos são uns filha da puta sádicos. Ao perceber que minha cara se transformou em total pânico, percebo um divertimento em seu olhar, ele me puxa para mais perto a fim de chegar bem perto do meu ouvido para sussurrar a próxima coisa que o fará se divertir mais. "Sabe, quando mais demorar para me responder, mais eu vou apertar até chegar um ponto que vou esmigalhar seus ossos." Sua voz, melancólica, rouca e o hálito quente, tudo estava contribuindo para que eu ficasse com mais medo ainda. Lágrimas começaram a sair dos meus olhos, sem eu perceber.

Procuro forças de algum lugar para tentar falar alguma coisa, "por... favor... leve... ao seu chefe..." Nessa hora ouço ele afrouxar meu braço e ao mesmo tempo ouço outra pessoa se aproximar. "Oe, Ibiki... Deixa a moça em paz, ela pediu para ver a Godaime-sama. Chega disso." Sua voz era doce e suave, um pouco abafada mas... Imediatamente o inquisitor me solta e pelo meu estado, sem forças vou direto ao chão, machucando mais ainda meus joelhos.

O fdp sádico então se afasta e essa nova pessoa mascarada se agacha me oferecendo a mão para me ajudar a levantar. "Desculpe o comportamento dele. Ele não sabe se comunicar de outra forma" disse, novamente suave e ao final da frase me ofereceu um sorriso, encoberto pela máscara mas seu sorrido transparecia por todo o rosto, inclusive seu olho também sorria, passando um certo conforto em todo aquele caos.

Aceito sua ajuda, enquanto me ajeito, não tenho como não reclamar. "O que acontece com vocês que usam essa bandana com esse símbolo? Assim que cheguei um outro louco com a mesma bandana, só que riscada, também me atacou." Ao falar isso sua expressão muda totalmente, passando de amigável para totalmente séria, parecendo ate que era outra pessoa. "Vamos, vou te levar a Hokage e assim você pode se explicar."

Adentro a uma sala bem simples, os quadros na parede são todos homens, presumo que sejam os líderes anteriores e essa, aparentemente é a primeira mulher a tomar o cargo. Rodando a sala com meus olhos então paro no elemento principal, uma mulher com cara séria, loira, com um ornamento em sua testa, seus olhos de tão sérios é como se ela conseguisse ver através de mim, suas afeiçoes são de uma pessoa cansada, tento estimar a idade, uns 35-40 anos? Quando sou interrompida.

"Ah Tsunade-sama, encontrei ela perdida pela vila, quase alvo do Ibiki", ao falar isso seu rosto se contorce um pouco em dor. "Por isso acho que ela precise de alguns cuidados médicos..." Ao dizer isso sua cara logo fecha em raiva e desdém, ela então solta um suspiro e deixa a cabeça cair em suas mãos, massageando as têmporas. "E por que não a levou ao hospital, tenho mais o que fazer Kakashi." Diz, olhando sério para nós.

De fato esse lugar se assemelha muito ao Japão do meu mundo. Ele me olha e me dá aquele sorriso despreocupado e que passa um certo conforto e muda para a líder, Tsunade "Não a trouxe por causa disso, veja, ela não é daqui. Se prestar bem atenção ela não possui nenhum resquício de chakra, nada. De fato ela parece não é deste mundo." Medo, medo do novo, medo de não conseguir me adaptar. Foi isso o que senti e nem posso voltar para o meu universo, já que ele nem deve existir mais...

Após dizer isso, ela que antes estava meio largada em sua cadeira, agora se senta mais corretamente e um tanto quanto imponente, me olhando como se eu fosse uma caixinha surpresa e ela tentasse me abrir com o olhar. Sinto um cutucão nas minhas costas e acredito de essa seja a minha deixa para me apresentar.

"Prazer, Tsunade-sama" a chamo da mesma forma que a pessoa que me acompanhou até aqui, aquele com o sorriso doce e despreocupado, a chamou. "Meu nome é Rurik Li" e me curvo, uma vez li que era bem comum na cultura japonesa, talvez seja por aqui também e se não for, digo que era costume meu. Escolha as palavras com cuidado "Desculpe ter entrado assim na sua vila mas eu não tenho mais para onde ir." E continuo curvada, sem olhá-la, pode ser um sinal de desrespeito. Até que espero ela se pronunciar.

"Venha, sente-se aqui, eu não tenho todo o tempo" Ela se volta ao tal platinado, de nome Kakashi, o dispensando. "Pode ir, você tem mais o que fazer". Gostaria que ele ficasse. Penso, mas fica claro que gostaria mesmo é de ele ficasse. "Sim, até mais Rurik-san" E sai.

Percebendo que o medo está crescendo um pouco ela logo me tranquiliza. "Rurik-san, não se preocupe, ninguém aqui vai te torturar ou lhe fazer algum mal." Ao dizer isso ouço batidas na porta e imediatamente uma mulher de cabelos curtos, negros entra na sala, acompanhada por um porquinho, que acredito que seja de estimação. Uau, faz tempo que não via um desses. Ela logo vem me cheirar e se roçar na minha perna, imediatamente pula no meu colo, já pedindo carinho. "Tonton!" A mulher exclama com a audácia do animal, mas balanço a cabeça em sinal de que não havia problema e então assim ela se acalma. "Tsunade-sama, aqui está seu chá" Se virando pra mim "e o seu também", agradeço, ao beber não pensei que estava com tanta sede assim.

A líder então se encosta na cadeira, descansa a cabeça no punho de uma das mãos e me observa, mas não sem antes soltar "muito bem, Rurik-san. Pode começar a contar sua estória."

Sem ChakraOnde histórias criam vida. Descubra agora