Laboratório

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Ploc... Ploc... Dor... Nuca... Confusão


Abro os olhos, não consigo reconhecer nada.


Está escuro. Ploc... Ploc...


Será que eu morri?  Belisco minha bochecha, sentindo uma leve dor.


A não ser que mortos sintam dor... Ploc... Ploc...


Fecho os olhos e tento me recordar o que houve, Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...Ploc... Ploc...


"AHHHHHHHHHHH" essa merda de barulho não me deixa concentrar. Novamente tento lembrar o que houve. Destroços, 'Laviiii' ouço minha irmã me chamando, consigo ser transportada também mas não sem antes presenciar a explosão que me jogou de cabeça em uma pedra. Imediatamente coloco a mão na nuca. Ai, sinto meu cabelo duro naquela parte e logo o cheiro ferroso paira no ar.

Torno a olhar a minha volta, o frio que antes não me incomodava, passa a se fazer presente, me deixando tremendo e sem perceber começo a bater os dentes. Onde quer que eu esteja, não creio que seja bom, preciso sair logo daqui e encontrar  a Li... Assim que lembro dela penso que talvez ela... Não. Chacoalho a cabeça a fim de afastar tais pensamentos. Não sei o que faria sem ela.

Me levanto com certa dificuldade. Me aproximo da porta e percebo que a mesma não está trancada, apenas encostada. Bom, se me queriam como prisioneira, acho que fizeram um trabalho bem bosta. Olho de um lado para o outro nos corredores, são amplos e bem extensos, tanto que não consigo enxergar o fim, se é que tem. Pra qual lado? Procuro em meu jaleco minha moeda da sorte. Cara eu vou para esquerda e coroa para a direita. Por que eu ainda faço isso? EU sei qual vai ser o resultado, bela bosta de cientista que eu sou HAHA, penso.

Mesmo assim eu jogo a moeda pra cima e impressionantemente cai cara, esboço um pequeno sorriso em pensar como eu sou besta. Andando ao longo do corredor vou tateando pela parede, outra escolha, pra frente, esquerda ou direita? Que poha de labirinto é isso? É um ninho de cobra por acaso?

Decido seguir aleatoriamente ora seguindo em frente, ora esquerda ou direita. Em uma das últimas escolhas percebo que o final do novo corredor possui uma luz diferente. Começo a ficar nauseada a cada vez que chego perto do final. Ainda me apoiando na parede, percebo que a cada passo mais perto do final a parede vai adquirindo um aspecto gosmento, fazendo assim com que eu pare de me apoiar e tente andar por conta própria, o que acaba me deixando mais lenta.

Aquilo parecia que não havia fim, fazendo com que cada vez que andava mais distante a saída ficava, de repente caio de joelhos os raspando naquele chão cru me fazendo soltar um grito, quase inaudível, porque logo coloco as mãos na minha boca para abafar. O que quer que seja que me trouxe pra cá, pode não gostar da minha saída, penso, tentando me acalmar e pensar em outra coisa a não ser meus joelhos esfolados e ardendo.

Ao levantar novamente continuo na direção daquela luz diferente. Ao chegar percebo que se trata de um laboratório bem rudimentar, mas bonito. Com o que eles trabal... eca... Que isso nesse tanque... Parece... vivo?! Ai caraleo, me afasto quando percebo que aquilo se mexeu, eles trabalham com modificações genéticas em seja-lá-o-que-for que vive aqui, se eles descobrirem que não sou daqui eu tô fu-di-da e mal paga.

Então ouço um pigarreio nas minhas costas. Congelo totalmente. "Quem é você?" ouço sua voz dura, sem emoção e com um certo desdém, japonês? Bom, vou ter que me virar com o pouco que tenho. Não tenho coragem de me virar. "Eu perguntei, quem é você?" Dessa vez ouço sua voz mais perto, com um timbre maior e com mais imponência, ao terminar a frase sinto ele colocar a mão no meu ombro a fim de me virar. Ao olhá-lo percebo que seus olhos estão... vermelhos, algo nas suas íris se mexem, formando desenhos. De fato aquilo me hipnotiza, por ser algo que eu jamais havia visto. Ele não parece ser albino para não ter cor na íris, mas esses desenhos são fascinantes... Sem perceber ele me pega pelo colarinho do jaleco, se aproximando mais ainda do meu rosto. "Como pode ser imune? Não sinto nenhum tipo de chakra vindo de você... Quem é você?" Ele fala com um certo ódio, misturado com indignação.

Em seguida a sua pergunta, mais duas pessoas se aproximam da cena, percebo que os dois parecem ser pessoas normais, a não ser pelo mais alto ser bem pálido e com umas maquiagens? Não posso assumir isso porque, bom, não conheço os costumes daqui.

"Sasuke-kun, o que é isso? Não é jeito de tratar uma hóspede". O mais alto, pálido diz com sua voz arrastada e calma. Mas o jeito que ele disse hóspede, fez gelar até os ossos, posso imaginar o que ele insinua em eu ser a hóspede deles.

Enfim sou solta, mas não há um alívio aí. Começo a olhar, discretamente por aquele cômodo, procurando algum tipo de saída. Eles tiveram que vir por algum lugar, penso. Mas logo minha procura é encerrada quando percebo que todos estão me encarando. Sem tirar os olhos de mim ele se dirige ao moreno, e então percebo que seus olhos estão pretos, fascinante, será alguma modificação corporal? Algum implante? Se bem que... nesse lugar arcaico não deve ter isso. Sou tirada dos meus devaneios ao ouvir "...ela pode não saber a nossa língua". E eu poderia continuar assim, quando me percebo olhando para o pálido esguio me denunciando totalmente, Lavínia, sua burra.

Ele solta um sorrisinho, sem mostrar os dentes, bem sarcástico. Vindo em minha direção, minha primeira reação é me agachar, mas logo lembro das escoriações nos meus joelhos e talvez não seja uma boa ideia. Mas a minha retração é visível. "Não se preocupe, criança." Sua voz, rouca, entra em meus ouvidos assim como eu sinto, literalmente, a minha pulsação. "Aqui, tudo tem chakra, todas as coisas vivas. Eu não consigo sentir nada vindo de você, o que significa que ou está morta..." Ele arqueia uma das sobrancelhas "...ou você não é desse mundo". E ele baixa a mesma sobrancelha, sinto uma pequena diversão ao insinuar que não sou daqui. Ele pega em meus cabelos loiros passando a mão, se divertindo com o novo espécime dele. Eu estou parada, congelada, não consigo me mexer.


Medo.


Frio? estou tremendo, mas não é de frio.


Sem ChakraOnde histórias criam vida. Descubra agora