Lost

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Nos portões da vila, me despeço daquele que havia se tornado meu porto seguro nesse novo universo. Apesar de termos começado com o pé esquerdo...

Ele continuava com o rosto sério e para quem era de fora poderia dizer que estava impassível de emoção. Porém, nesses meses juntos, já havia presenciado outras emoções se formarem naquele rosto, sendo para mim, óbvio que haviam nuances de preocupação naquela despedida.

Não podendo me acompanhar, colocou os ninjas dos quais tinha mais confiança para me acompanharem... Kotetsu e Izumo. Apesar de que hora ou outra algum assunto desconfortável iria surgir durante a viagem, estava mais tranquila por serem eles e não alguém aleatório e que fosse contrário a minha estadia aqui. Pois é, haviam pessoas em Konoha que não gostavam nem um pouco de eu ficar por aqui, principalmente por ter uma irmã que poderia ser um inimigo em potencial. As vezes ficava indagando se estaria viva ainda ou livre se Danzou fosse, de fato, o Hokage quando cheguei aqui.

"Eu falaria para ter cuidado, principalmente em um país estrangeiro que não a conhecem muito bem" Ibiki fala, sério e em um tom bem autoritário. "Principalmente do pessoal que faz parte do conselho, aqui eu ainda consigo me impor, mas lá você está por sua conta" ainda mais firme e me deixando com um leve arrependimento de ter pensado em passar uns dias pelo novo país. Mas eu sei o porquê dele dizer isso, ele sabe o quanto sou impulsiva e detesto levar desaforo pra casa, tentariam me desestabilizar só para verem como iriam agir, a estrangeira desse universo.

Desviando o olhar de mim e parando nos outros dois ninjas que iriam me acompanhar. Ele faz uma cara que até me fez tremer nas bases e complementando "se acontecer alguma coisa com ela, já sabe o que acontece com vocês..." e me segurando para não rir ao ver eles brancos de medo, sigo então para fora da vila, empurrando as duas estátuas que parecia que o espírito deles haviam saído de seus corpos, restando apenas a casca. Me viro para o maior, piscando um olho e jogando um beijo para ele, percebendo antes de virar, um leve rubor em sua face, contrastando com toda aquela pose de mal que fazia.

Estávamos andando o dia inteiro já, meus pés pediam arrego e consequentemente meu passo foi diminuindo, me afastando um pouco dos outros. Ao perceberem que estou ficando para trás, Izumo cutuca Kotetsu com o cotovelo, indicando com a cabeça onde estava. "Ah, acho melhor nós pararmos por hoje" ele então para e vira em minha direção "acho que aqui é um bom lugar para acamparmos" ele sorri me fazendo soltar o ar, agradecendo pelo descanso.

Com tudo arrumado, minha barraca montada, eles apenas trouxeram sacos de dormir, e mesmo assim não iriam dormir muito, já que iam fazer turnos para vigiar durante a noite. Na fogueira acesa, nos sentamos em volta para comer algumas rações de viagem, especiais para repor o que havíamos perdido durante a caminhada.

Percebo então um murmurinho entre os dois, um cutucando o outro. Quando Izumo cria coragem para fazer a pergunta "Li-san, como foi o jantar romântico?" então os olho, lembrando que toda aquela pequena confusão do dia anterior tinha sido, em partes, culpa deles. Solto o ar, e sorrio "bom, depois do susto que tomei" eles então arregalaram os olhos, pensando que havia sido um fiasco a noite anterior. Percebendo a cara de espanto de ambos, continuo "ocorreu todo bem, obrigada meninos" e sorrio para eles.

Engraçado como tudo acabou levando para aquele pequeno engano, no fim o interruptor que me fez pensar que não havia luz em casa, estava quebrado. A conversa foi mais tranquila que havia imaginado, depois de toda a turbulência que havíamos passado naquele dia, ele quis me agradar com aquilo e como tinha pouca experiência com relacionamentos, quase nenhuma, acabou por pedir ajuda de seus subordinados...

Na conversa ele me disse que depois do episódio da 'visita' do platinado, ele havia se sentido estranho, com medo de me perder e conversando com a Anko, ele percebeu que gostava de mim e seguindo os conselhos dela, decidiu me dizer logo. Percebo que também tinha algum sentimento por ele, começando carnal e evoluindo sentimentalmente. Me sentia segura com ele, conseguia ficar mais disposta fazer coisas, ser mais criativa, e saber que tem alguém que está sempre pensando no seu bem é algo tranquilizador. Acabo por explicitar tudo isso em vez de dizer que só gostava dele. Não por ser simples, mas porque para mim foi necessário que ele soubesse disso.

Sem ChakraOnde histórias criam vida. Descubra agora