Recuperação

47 14 8
                                    

Sento no banco de uma praça qualquer que achei no meio do caminho para casa, transtornada após presenciar alguns minutos do treinamento que havia presenciado. Kakashi estava ajudando seu aluno loiro, lembro de ter lido alguma coisa sobre ele, porém não me recordo pois minha cabeça está absorta no que presenciei. Clones, uma bola de energia? Além de uma terceira pessoa que conseguia manipular a geologia do lugar, criando montanhas e uma pequena cachoeira, apenas para demonstrar seu poder. Mas minha preocupação acaba sendo puramente científica, como eles não afetam o planeta com aquele tipo de poder?

Ainda não sabia se ficava fascinada ou amedrontada. Abro o maço de cigarro que comprei no meio do caminho e acendo um dos cigarros do pacote, aspirando aquela fumaça trazendo um certo alívio em meio ao caos que estava meus pensamentos. Poxa... Podia ter alguns poderes desses, algo como, ele não eram ativados pelo sol que existia no meu universo mas sim pelo daqui... Dou uma risada baixa e discreta, me divertindo com todo aquele caos.

O gosto da fumo não era muito diferente do que me recordava que havia em meu mundo, o que não me importa tanto já que estou nessa só pelo certo conforto que me traz. Observando o andar das pessoas para lá e para cá, logo reconheço uma figura ao longe, a mesma que há tanto tempo habita minhas noites mal dormidas... e nem é no bom sentido, traste. Deixando o cigarro em minha boca e percebendo o sinal, nada amigável que faço com as minhas duas mãos, uma coberta com faixas, lembranças daquela fatídica noite, o ser logo desvia o olhar se afastando e sumindo na multidão. Não sei se ele entendeu, mas logo percebo que não há mais nenhum resquício dele.

Ao fazer esse sinal, logo lembro que preciso passar no hospital para resolver isso. Percebo também a pulseira que acabei ganhando do platinado, logo após aquela noite, me garantindo que o troglodita cheio de cicatriz não pudesse me atacar de novo, ele me deu tal objeto, que nada mais era que um papel na forma de pulseira com alguns escritos em japonês. Segundo ele era um selo que o avisaria assim que o Ibiki chegasse perto de mim, me tranquilizando.

Na recepção do hospital pergunto sobre a moça de cabelos rosa que trabalha lá, em seguida sou encaminhada para o lugar onde ela estava. Ufa! Pelo menos os hospitais aqui são normais. A sala em que fui encaminhada nada mais era do que uma enfermaria, várias camas, cortinas separando uma cama da outra. Tudo branco, impecável. Ouço passos vindo em minha direção, me viro em direção a porta esperando pelo pior. Da última vez eu... E me divago nos pensamentos daquela terrível noite, não sei o que faria se o mascarado não tivesse aparecido. Contudo, o que ele me disse antes de sumir ainda me intriga, me levando a criar o mínimo de curiosidade...

O passos logo cessam quando vejo uma cabeleira rosácea que me acalma e agora percebo que esse tempo todo estava prendendo a respiração e a solto em um tom de alívio. Ela logo percebe o cansaço em meu rosto "o Naruto te encheu muito saco? Por isso o cansaço?" e solta uma pequena risada. Ao dizer isso começo a perceber que de fato, estava bem cansada, não apenas física mas mentalmente, todas aquelas novas informações estão preenchendo meu cérebro mais rápido do que consigo arranjar espaço para armazená-los. "É muita informação" digo seguido de uma risada sem graça. Enquanto sua atenção se prende aos objetos que vai utilizar para retirar minhas bandagens. Mas ao ouvir minha queixa ela logo para, me olhando nos olhos e então percebo como aquele verde penetrante é hipnotizador.

"Não se preocupe, estamos aqui para ajudar." E sorri, inclusive com os olhos. Ao terminar de me tranquilizar ela volta sua atenção aos objetos, os terminando de arrumar na bandeja de metal e em seguida estendendo a mão enluvada convidando eu a colocar em cima da sua. Pega uma tesoura, típica utilizada para esses procedimentos, sem ponta e em forma de L, começa a cortar as bandagens "...sabe, poderíamos testar o jutsu de cura em algumas células suas. Aí não haverá problemas se o chakra for incompatível com o seu corpo."

Ao dizer isso ela dá um breve olhar para mim e logo volta a sua tarefa. Continuo quieta, sem pensar que a poderia deixar sem resposta, sendo rude, mas é que de fato eu fiquei pensando sobre o que ela havia me dito. Logo lembro que devia uma resposta a ela "claro! Estou com  zilhões de coisas na cabeça e preciso pensar sobre tudo o que vi".

"Só me avise antes, para a gente realizar esse experimento, porque eu, Naruto, Sai e o Kakashi-sensei costumamos sair em missões e podemos demorar alguns dias até voltarmos mas..." a partir daí eu parei de ouvir, apesar dela continuar continuar falando, tornei a olhar para ela um tanto quanto desesperada, levantei meu outro pulso, colocando na linha de visão dela. "Quer dizer que isso acaba perdendo sua eficácia, não?" digo apontando para o selo, em forma de pulseira. Ela morde o lábio confirmando que não tem a resposta "desculpe, Rurik-san esse jutsu somente o sensei sabe dele, afinal foi ele quem o criou..."

Depois desse diálogo seguimos em silêncio até ela terminar os curativos, agora com menos bandagem. "Prontinho, está melhorando bastante... Quando estiver pronta vamos realizar aquele experimento!" Ao ouvir me despeço, sem conseguir olhá-la nos olhos, mas não sem antes que ela me pegasse com cuidado no meu braço para falar algo que poderia me tranquilizar um pouco mais "não se preocupe Rurik-san, você nunca vai ser uma falha para a vila, afinal, ninguém pode e manipular por genjutsu, já que esse só funciona em quem tem chakra e esse não é o seu caso". Saio de lá pouco tranquilizada, porque esse não era exatamente me medo.

Eu não estava brava e nem triste com ela, na verdade esses sentimentos eu estava dirigindo a minha mesma, por ser fraca e a qualquer mínimo de perturbação já começo a tremer, pensando no que pode acontecer. Preciso pensar em algo para que isso não me assombre pelo resto da minha vida aqui nesse novo mundo. Mas hoje não. Hoje eu não quero pensar em mais nada, só quero descansar e me preparar para a maratona que farei amanhã na biblioteca da cidade.

Sem ChakraOnde histórias criam vida. Descubra agora