Projeto

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Acordo, logo percebo esse 'pequeno' urso na minha frente. Ele me abraça e resmunga de alguma coisa que não entendo. E então me aperta mais, de encontro ao seu corpo... Ah é... Ontem... Logo coro ao lembrar da noite passada, lembro também de ter ficado bem dolorida.

Atento então ao seu rosto, cicatrizes sempre foram meu ponto fraco, passo o dedo nas duas, de leve, apenas para senti-las. Subo o olhar então para o topo de sua cabeça, percebendo mais cicatrizes que ficam encobertas pela bandana. Novamente passo o dedo nelas, as sentindo, cada rugosidade, cada relevo. Por fim desço minha mão espalmada pela lateral de seu rosto parando na bochecha, fazendo carinho com o polegar.

Quem diria... Que toda essa cara de mau, esconde um ursinho, penso deixando um pequeno sorriso em meu rosto. Falo baixo para mim mesma "poderia me acostumar a isso" ainda continuando o carinho, não se apega sua burra, foi só uma foda, quando sou surpreendida "eu também" com a voz rouca e ainda mais grave, levo um susto, retirando minha mão imediatamente.

Ele então abre os olhos e parecendo um cachorrinho pedinte, pega minha mão e torna a colocar em seu rosto novamente para assim fechar os olhos. Apreciando o carinho que continuei fazendo.

Enfim consigo levantar, vestindo algum roupa que encontrei pelo chão e logo vou preparar o combustível dos cientistas, café. Acordo inspirada, apesar da montanha de problemas que quase me sufoca, consegui deixar eles um pouco de lado para me focar mais em meu trabalho, o que uma boa foda não faz, não é mesmo? Logo após pensar nisso sinto braços me envolverem e me trazerem perto do seu corpo, me fazendo recordar novamente do quanto é quente. Rompendo o silêncio, com a voz baixa mas continuando grossa ele pergunta "vejo que seu humor melhorou, até estava cantarolando enquanto fazia o café..." nessa hora ele me vira de frente para ele, me fazendo encarar seu rosto, que ainda aparentava estar com sono "...no que estava pensando?"

Olho para baixo, quebrando meu olhar e mordo o lábio, sem perceber eu coro e solto um sorriso, mas não era porque eu estava achando graça. Torno a olhar para ele afim de explicitar exatamente o que havia pensado "estava pensando no que uma boa foda não faz..." ele então arqueia as sobrancelhas em sinal de pequena surpresa, e meio sem graça acaba também olhando para baixo para disfarçar a vergonha, mas já era tarde, eu tinha percebido um leve rubor em suas bochechas. Me deliciando com aquele micro momento em que a presa vira o predador, continuo, já sem nenhuma vergonha de expor meus sentimentos "pensei que acordaria sozinha, fico feliz por não".

Inspirada agora, vou em direção ao laboratório terminar meus planos para mostrar para a Godaime-sama. Fazendo um paralelo com o país que se assemelha ao daqui, o Japão, houve um grande avanço tecnológico em pouco tempo após a guerra... Estamos nos aproximando de uma também, penso. Minha cabeça começa a ser ocupada por pensamentos ruins, o pesar de eu e a minha 01 sermos pegos no meio disso... Enfim me sento, expulsando todo o ar que havia em meus pulmões, tentando me aliviar de toda aquela tensão, apoio meus cotovelos na mesa a frente e seguro minhas mãos , com os indicadores e o dedo médio juntos, fazendo massagem em minhas têmporas.

Agora não é hora, foco! Penso, ainda massageando minha cabeça para além de livrar da dor de cabeça que estava querendo aparecer e também me livrar daqueles pensamentos nada produtivos.

Após alguns minutos assim, consigo retomar minha atividade. Meus projetos já estão quase prontos, assim consigo apresentá-los a Tsunade, para poder começar a colocar o plano em prática, que infelizmente (ou felizmente), iremos precisar da cooperação dos outros países. Entretanto, será algo benéfico a todos.

Depois de algumas horas enfurnada naquela pequena sala, decido sair para fumar um cigarro. Saio da sala, cumprimentando o pessoal que estão no laboratório. Estou esperançosa para trabalhar com eles, mas até começar a colocar a mão na massa, pode ser que demore um pouco.

Chego então na saída, ficando cega, novamente, com a claridade. Coloco o cigarro na boa e de olhos fechados apenas tento acendê-lo, conseguindo com um certo êxito... Acabo me queimando de leve no processo. Já um pouco mais acostumada, começo a observar o movimento da rua e pela primeira vez ao tragar, lembro que esse era o primeiro cigarro do dia. Sorrio com a lembrança que acabei de ter... Kakashi ficaria feliz com isso, por eu estar fumando menos...

Consequentemente me ocorre que desde aquele fatídico dia, nunca mais o havia visto... Talvez pergunte para a loira, quando for apresentar meu projeto para ela... Ela deve saber onde ele deve estar... acho. Em meio a essas divagações, percebo que o cigarro já estava chegado ao final, apago e o jogo fora, voltando ao meu covil para pegar meus projetos e apresentá-los.

Chegando a porta da Hokage, respiro fundo, e bato a porta e entro ao ouvir a permissão. "Boa tarde, Tsunade-sama" a comprimento séria me curvando. Ela me cumprimenta, assim como a Shizune e Tontom, que se encontra no colo da morena. "Muito bem, trouxe aqui meus planos a curto, médio e longo prazo" e despejo alguns papéis em sua mesa, ela apenas levanta uma de suas sobrancelhas, olhando para os papéis e depois pra mim. Continuando em silêncio.

Com toda aquela tensão, decido partir logo para o assunto "bom, esse país se assemelha muito a um país que tinha em meu mundo, por isso, consigo traçar uma paralelo com este mundo". A loira então debruça mais nos papéis que estavam em sua mesa, acompanhando mais atenta a minha explicação.

"Acredito que, e essa é a parte que eu acho que vá dar um pouco mais de trabalho, mas poderíamos construir linhas de trem" e aponto para uns esboços que fiz "sendo assim, mais fácil a locomoção entre os países e vilas". Percebo então uma certa incerteza em seus rostos, me fazendo morder o lábio. Claro que eu sabia que isso era bem ousado, como assim você quer ligar esses países que jáes estiveram em guerra... Pensei quando estava planejando, porém eu não vim aqui pra brincar.

"Sei que isso é bem ousado, porém..." e então ambas param de olhar para os projetos e focando suas atenções em mim, me dando frio na barriga mas não me deixo intimidar. "Além de recursos importantíssimo estarem fora dos limites do país do fogo, ainda tem a facilidade de locomoção, não apenas dessas pessoas mas como dos recursos em si". E finalizando com algo que consegui notar sobre a nova geração, emanando determinação.

"Essa nova geração não está atrás de guerras e pelo o que eu percebi, o futuro Hokage, o loiro com a raposa dentro dele, tem laços muito fortes com o Kazekage" percebo um leve sorriso ao citar o Naruto "podemos começar pelo país do vento, o que acham?"
E suspiro ao terminar, fecho os olhos, gostaria de ficar assim pois tenho medo da resposta, mas não sou mais nenhuma criança, torno a abri-los, apenas para ver a cara de satisfação da Godaime.

"Muito bom!" Ao dizer isso, Tsunade simula batendo palmas, sem fazer barulho mesmo e Shizune fazendo joinha com ambas as mãos. Me divirto com a cena, após a ligeira comemoração, o semblante da loira volta a ficar sério, desfazendo todo aquele ar cômico de antes, "sabe que... Isso não vai ser fácil" se recostando na cadeira, agora apoiando os braços no colo "claro que poderíamos começar por Suna, aposto que Gaara teria o prazer em te receber". E, olhando novamente para os projetos, e logo em seguida para mim ela conclui "você tem o aval no que quer fazer, vou avisar a divisão" terminando com um leve sorriso.

Antes de ir, haviam duas coisas nas quais gostaria de perguntar "ah! Tsunade-sama, gostaria de saber se posso ter acesso aos arquivos proibidos..." Não consigo nem terminar de falar quando já sou cortada "não!" Continuando a me olhar ela me faz uma pergunta, com o intuito de encerrar o assunto "algo mais?" Arqueando as sobrancelhas.

Meio desnorteada ainda por aquele belo não, que eu já sabia que teria, mas foi tão seco e ríspido que pareceu um tapa na cara de alguém invisível. "Ah... Na verdade tem. Faz tempo que não vejo o Kakashi..." Em seu olhar agora pairava dúvida, mas logo se dissipando para responder "ele está em missão, deve voltar logo".

Satisfeita, me despeço de ambas. Meu destino agora é minha cama. Estava um caco, mas feliz.

Sem ChakraOnde histórias criam vida. Descubra agora