Da janela observo o horizonte, o sol já está quase se pondo e eu fumo em comemoração a isso. Como se precisasse de algum motivo para tragar essa fumaça. As batidas em minha porta me tiram de alguns pensamentos autodestrutivos que ando tendo desde que descobri que minha irmãzinha pode estar passando pelo pior e eu não posso fazer nada por ela.
Sigo em direção a porta, já sabendo quem pode ser aquela hora. Ao abrir me deparo com aquele 'sorriso' que sempre me desarma, sorrindo mas de máscara, não surtindo, agora, tanto efeito assim. Ao perceber que continuo com o cigarro nos lábios, sua cara logo se fecha, o arrancando com rispidez. "Tsc. Já falei que isso é um péssimo hábito" e entra, sem eu mesmo tê-lo convidado, se sentando na cadeira e apoiando os braços na mesa, enquanto apaga o que tinha retirado de meus lábios, com um certo ódio, parecendo que estava liquidando com algo há muito tempo desejado.
Vou então em a direção a cozinha e coloco água na chaleira para preparar um chá, como sei que vai demorar, me sento de frente para ele, do outro lado da mesa. O observo calmamente enquanto organizo meus pensamentos, respiro fundo, tomando coragem para o que viria a seguir.
"Há quanto tempo você sabia?" Disparo a pergunta, sem ao menos perceber que eram palavras jogadas ao vento, porém, percebo que ele sabe sobre que estava falando já que sua cara sai de bravo, com as sobrancelhas juntas, para um relaxamento das mesmas, até as levantando um pouco em sinal de surpresa. Mas seu olho, caído e olhando para baixo o denunciam que a expressão na verdade era de tristeza.
Após soltar um suspiro longo e calmo, torna a me olhar, de um jeito cansado. "Desculpe..." e foi tudo o que ele conseguiu dizer no momento. Porém minha raiva crescia de acordo com o barulho que a chaleira produzia. Começando a apitar baixo... "todas essas visitas não são com o intuito de me checar, ver se eu estou bem, não é?"
Barulho médio e aumentando. "Era muito conveniente que você sempre conseguia aparecer em momentos chave, não é mesmo?" Destilando tudo o que estava em minha garganta e a cada frase o tom de minha voz ficava agressivo e o volume aumentando, gradualmente.
A chaleira já apitava em seu tom máximo, indicando que a água já estava fervendo fazia um tempo, mas eu não estava prestando atenção em nada disso, só fitava seu rosto a cada palavra, a cada frase que eu jogava em sua direção. Levanto o pulso, onde ele havia colocado o tal selo "e isso daqui? Não era para me proteger, não é mesmo? Aposto que sempre soube os lugares onde vou" E rasgo, era um pedaço de papel mesmo. Porém espero o pior porque a cara de surpresa e espanto que fez ao me ver rasgar aquele pedaço de papel como se fosse a coisa mais frágil do mundo acabou me deixando com um pouco de medo.
Se irritando com o barulho, quase ensurdecedor que a chaleira emitia, ele logo se levanta e a passos rápidos vai em direção do fogão para desligar. Continuo no mesmo estado em que estou, esperando alguma explicação, de tudo. Mas o que eu queria mesmo era que ele me explicasse qual o sentido de tudo aquilo, não tenho nenhuma serventia aqui, não passo de um estorvo.
Rapidamente, me tirando do meu estado de pensamento profundo, sinto ele parar ao meu lado, se agachando para ficar na mesma linha de visão, até um pouco mais baixo. "Desculpe" ao ouvir isso logo olho pra cima, em indignação, não era o que queria ouvir. Em um momento que nem eu pude perceber, momento em que foi tomara pela raiva, só percebo o que fiz porque acabou doendo em mim também, ele poderia muito bem ter desviado do tapa que recebeu, não sou rápida o suficiente e nem forte como eles para que fosse qualquer tipo de ameaça, mas percebo que assim como eu, aquele tapa logo o trouxe surpresa e estranhamento.
"Explicação! Eu quero algum tipo de explicação. Pensei que não apresentava nenhum risco, mas aparentemente estou sempre sob vigilância". Ele então baixa o olhar, sabendo que não tinha, ou pelo menos não podia me dizer a razão de tudo aquilo. Ele então se levanta, indo em direção a porta mas não sem antes virar apenas a cabeça, em direção ao ombro só para me dizer. "Isso, somente a Hokage pode te responder." E sai, me deixando mais confusa do que no começo.
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Sem Chakra
FanfictionNaruto (o universo) x OC Em seu universo, o seu mundo está acabando. A solução é procurar por universos paralelos onde as leis da física que os regem sejam parecidas com as do seu mundo. O tempo está acabando e ela encontra um onde é quase compatíve...