11

309 54 4
                                    

QUARTA-FEIRA, 20 DE MARÇO.

Faltam dezoito dias.

Tyler Bowen está me esperando junto a uma das mesas da biblioteca da escola que fosse jogar tudo para o alto, mas parece que às vezes eu me
engano em relação às pessoas.

A biblioteca da escola é menos biblioteca e mais central de mídia. Fica no meio da escola, um espaço vazado que encheram de computadores, mesas e frágeis estantes de plástico. Recentemente, penduraram banners de Brian Jackson na parede dos fundos. São os mesmos que estão pendurados na TMC. Não consigo fugir deles.

- Oi, irmã da Taylor - diz ele quando me sento.

- Você sabe que eu tenho um nome, certo?

Abro o zíper da mochila e puxo o caderno de física.

O rosto pálido de Tyler fica vermelho, ressaltando as sardas.

- Que foi?

Tiro a tampa da caneta e dou batidinhas na mesa.

- Não decorei seu nome.

Eu dou risada, e seu rosto se cobre com um tom de vermelho mais escuro.

- Não tem graça - retruca ele, baixando a cabeça. - Seu pai que escolheu seu nome?

Pisco, um pouco surpresa por ele falar do meu pai por vontade própria.

- Acho que minha mãe escolheu. Mas não tenho certeza.

- Então, qual é?

- Lauren - respondo.

- Entendi, Lauren.

- Certo. - Dou de ombros quando percebo que me vejo da mesma maneira que Tyler me vê: como uma variável desconhecida. - Então, vamos começar?

- Vamos, claro.

Ele corre as mãos pelos cabelos ruivos. Será que ele acha que isso o faz parecer suave?

- Alguma ideia para o projeto?

Mordisco a ponta da caneta para que eu não pareça nada suave.

Tyler não responde. Ele se recosta na cadeira e acena para um dos colegas do basquete que acaba de entrar na biblioteca. O amigo grita alguma coisa para ele, mas toma uma bronca da srta. Silver, a bibliotecária da escola.

- Olha só, me dá um minuto? - pergunta Tyler.

- Claro.

Eu o observo atravessando a biblioteca para encontrar o amigo. Posso ver que estão cochichando, apontando na minha direção. Tyler arrasta os pés e ergue os ombros. Imagino que esteja explicando que foi forçado a fazer dupla comigo.

- Falou, cara - ouço Tyler dizer.

- É, boa sorte - responde o amigo.

Em seguida, Tyler volta para a mesa, mas seu passo é lento, como se estivesse se esforçando ao máximo para mostrar que é uma punição. Não uma escolha.

- Desculpe.

Dou de ombros.

- Não precisa se desculpar. Vamos voltar ao trabalho.

- Isso aí, Lauren.

- Não precisa falar meu nome toda vez. - Enfio a mão na mochila e puxo o livro de física. Deixo cair na mesa com um estrondo. - Então, tem alguma boa ideia para o tema do projeto?

- Tema?

É óbvio que Tyler Bowen não presta muita atenção à aula.

- É, tema. O sr. Scott disse que nosso projeto precisa girar em torno de um
tema.

Parceiras de SuicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora