TERÇA-FEIRA, 26 DE MARÇO.
Faltam doze dias.
Saio do trabalho mais cedo e dirijo o mais rápido que posso. Meu plano é chegar em casa antes de todo mundo, antes do jantar, para ter alguns momentos sozinha e fuçar no escritório. Se minha mãe guardou alguma coisa sobre meu pai, vou encontrar lá.
Abro a porta e fico no corredor por um instante, segurando o fôlego, esperando que eu seja a única na casa.
– Quem é? – ouço Chris chamar.
– Chris, sou eu – digo baixinho para evitar que minha presença seja notada se alguém mais estiver em casa.
– O que vamos ter para o jantar?
Sua voz alta praticamente sacode a casa inteira. Chris herdou as cordas vocais de Steve. Se eu não o amasse tanto, talvez ficasse irritada.
– Não sei, Chris. A mamãe vai chegar logo. Pergunta para ela, tá?
– Tá – responde ele. – Quer subir e jogar FIFA comigo?
Meus lábios se retorcem, e luto contra a vontade de sorrir.
– Talvez mais tarde. Tenho um monte de lição de casa.
– Tá. – Percebo a decepção em sua voz.
Eu me esforço para deixar isso de lado e me concentro na tarefa iminente:
xeretar as coisas da minha mãe.Atravesso o corredor estreito e entro no escritório. É apertado e atulhado de coisas, com quase o tamanho de um armário.
Salto sobre algumas caixas para chegar a uma frágil mesa de plástico.
Estico o pescoço para examinar as caixas nas prateleiras de cima da estante.Se conheço minha mãe, o que sem dúvida é questionável, ela guarda a roupa suja familiar no lugar mais inacessível.
Subo na cadeira do computador e pego uma das caixas de papelão cheias de pastas de papel pardo. A cadeira gira sob meus pés. Quando estendo os dedos, tocando a caixa, perco o equilíbrio e derrubo duas caixas e alguns livros no chão.
Caio da cadeira com um baque surdo, mas estendo a palma das mãos no
carpete gasto para amortecer a queda. Meus pulsos queimam, e vejo papéis
espalhados pelo carpete todo. Merda.– Lauren?
Ergo os olhos e vejo Chris em pé, na minha frente. Merda, merda.
Ele está com o controle do videogame agarrado ao peito e a boca aberta.
– Você está bem?
– Estou, desculpa pelo barulho. – Estendo as mãos na direção dos papéis espalhados. – Perdi o equilíbrio.
Ele estreita os olhos.
– O que está procurando?
Fico de joelhos e começo a pegar os papéis e jogá-los de volta, aleatoriamente, nas caixas. Já era a arrumação no escritório da mamãe. Um dos papéis chama minha atenção. É um antigo boletim meu, do quarto ano. Pego e corro os dedos pelo papel fino. Fico surpresa por ela ter guardado.
– Lauren – diz Chris, com a voz mais alta. – Por que está fuçando as coisas da mamãe?
Levanto o velho boletim.
– Ah, desculpa, eu, hum, estava procurando umas coisas antigas da escola. Sabe, para mandar para as faculdades.
– Por que você fica pedindo desculpa?
![](https://img.wattpad.com/cover/233773789-288-k302658.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Parceiras de Suicídio
FanfictionLauren tem dezesseis anos e não quer mais viver. Só está à espera do momento certo para acabar com a própria vida. Há apenas um problema: ela não sabe se tem coragem de fazer isso sozinha. [Adaptação]