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SÁBADO, 23 DE MARÇO.

Faltam quinze dias.

Chegamos ao zoológico duas horas depois. A viagem não foi tão ruim quanto pensei que seria – todo mundo ficou muito quieto, passamos a maior parte do tempo ouvindo Taylor cantarolar com o rádio. Às vezes, Tyler fazia uma pergunta, e ela respondia daquele jeito seu animado. Taylor interrogou Camila, e ela se saiu muito bem. Ela perguntou tudo, exceto se estávamos saindo, e ela conseguiu deixá-la imaginando. Conhecendo a mãe dela, aposto que tem muita prática em responder perguntas à queima-roupa.

Tyler estaciona o carro, e nós quatro seguimos para a entrada. Esperamos na fila para comprar ingressos. O clima fica esquisito, e percebo que Tyler está considerando comprar o ingresso de Taylor; por outro lado, ele se sentiria obrigado a comprar o meu, mas vamos encarar os fatos: Tyler Bowen não quer gastar dinheiro comigo.

Camila passa por mim e entrega uma pilha de dinheiro à mulher do caixa.

– Quatro meias, por favor.

– Camila – fala Taylor, com falsa indignação. – Não precisa.

– Sério – diz Tyler. – Posso pagar meu ingresso. Não esquenta.

– Não se preocupe.

Camila abre um sorriso para mim.

A mulher no balcão conta o troco. Percebo que suas mãos são muito mais velhas que seu rosto. Olho para minhas mãos e não sei se fico feliz ou triste porque nunca as verei enrugadas.

Assim que entramos, sussurro para Camila:

– O que foi isso?

Ela dá de ombros.

– Não se leva dinheiro para o além.

Tyler ergue a sobrancelha quando me vê cochichando com Camila.

– Eu não sabia que você estava transformando nosso projeto de ciências em um encontro.

Taylor passa o braço no de Tyler.

– Por isso eu vim com vocês, Ty. Agora você não vai sentir que está sobrando.

Ele acaricia o braço de Taylor e volta a atenção para mim.

– O zoológico foi ideia sua, Lauren. A onde vamos?

– Por que não vamos até o pavilhão noturno? Podemos fotografar os
morcegos. Eles ficam pendurados de cabeça para baixo. Energia potencial.

– Ótimo. Morcegos são como enforcados vivos – diz Tyler, sua voz cheia de intenção.

Camila e Taylor lançam a Tyler olhares questionadores, e eu me esforço para parecer confusa. O que acaba sendo bem fácil, pois os morcegos não são como enforcados vivos, mas agora não parece o momento adequado para  prolongar o assunto com Tyler.

– É por aqui – digo e saio na frente do grupo.

O zoológico de Louisville está basicamente memorizado na minha cabeça.

Quando eu era mais nova, minha mãe costumava me trazer muito aqui nos fins de semana. Pensava que era bom para mim ter um tempo a sós com ela.
Desistiu quando eu tinha uns oito anos, pois Taylor estava ficando mais velha, e Chris era bem pequeno. Nunca admitiu, mas estava ocupada em construir sua nova família e ficou feliz em me deixar com meu pai. Foi preciso que ele surtasse, por fim, para ela se importar comigo novamente. E ninguém quer ser notada por algo assim; é como ser uma espécie invasora em que ninguém presta atenção até ter sufocado e arruinado todas as lindas plantas nativas.

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