No Expresso de Hogwarts.

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        Quando os pontos que eram seus pais sumiram, Alvo Potter e Rose Weasley ainda estavam à porta, observando a paisagem tornar-se nada mais que um borrão. 

        —Vem — disse Rose a Alvo, o qual continuava perdido em seus pensamentos. — Vamos achar algum lugar para sentar!

        Andaram por todo o vagão e estavam começando a perder as esperanças de achar algum lugar vazio. O tão aguardado Expresso de Hogwarts era barulhento e deveras esquisito. Eles desviavam das coisas, feitiços e pessoas mais inusitadas; até um gato passara flutuando entre as cabines agitadas. Finalmente os primos encontraram uma sem gatos, com apenas uma garota mais velha em longas vestes da Corvinal. Antes mesmo de Rose pedir licença, a corvina se levantou e saiu resmungando com seus botões.

        Sem entender muito bem o que havia acontecido, eles entraram e se instalaram na cabine bem iluminada pela ampla janela. Bem que ouvira dizer que os corvinos sabiam ser esquisitos, Alvo pensava. O menino, então, sentou-se defronte Rose e extravasou, ou tentou, pela milésima vez:

        — Mas e se...

        —... você ficar na Sonserina? — cortou Rose. Ela metodicamente alisava e ajeitava suas novas vestes pretas, mal parecendo de fato prestar atenção nas lamúrias do primo. — Por Merlin, Alvo, já te disse. Não importa. De todas as casas já saíram bruxos ótimos.

        Alvo engoliu em seco, seu estômago borbulhou de ansiedade. O garoto decidiu lançar outra investida, na expectativa de enredar Rose em suas preocupações e não surtar sozinho:

        — Tiago me disse que acordou na ala hospitalar três dias depois do Sorteio e...

        — Olá, priminhos... Estão animados? — disse uma voz simpática à porta da cabine. Era Victoire Weasley, a filha mais velha do tio Gui e da tia Fleur. Seus cabelos ruivos caiam em suaves ondas sobre um de seus ombros.

        Uma faísca de esperança iluminou o rosto de Alvo. Ele corou e desajeitadamete perguntou:

        — Então, Vicky, como é que, hã... somos selecionados entre as Casas? Não tem nada de mais?

        — É sobre as histórias que Tiago anda te falando, não é? Bem... acontece que Tiago ficou muito mais tempo na ala hospitalar do que ele diz. — Tais palavras agiram como um balde de água fria, levando embora o rastro de sorriso no rosto de Alvo. — Acho que ele só quis se fazer de durão. Até porque o ano dele foi moleza, não foi nada comparado ao meu primeiro ano! Aquele basilisco deu o que falar... Ah, olha ele ali. Vem aqui, Tiago!

        — Falando de mim? — Tiago sorria à porta. A cabine do irmão mais velho e de seus amigos, no fim das contas, era a logo ao lado. Alvo não pôde acreditar em sua má sorte. Por dois anos, ele experimentara a paz de morar numa casa sem Tiago, entretanto é claro que tamanha felicidade não duraria o bastante. Agora, estariam trancafiados juntos num castelo milenar cheio de criaturas mágicas, as quais definitivamente não tornavam aquela escola um lugar muito seguro para crianças de onze anos. Basiliscos? Qual é! Alvo balançou as pernas em nervosismo só de pensar.

        — Ah, nada de mais — Vicky suspirou e apoiou suas costas no batente da porta da cabine. — Só estava falando sobre o Sorteio.

        Um sorriso maldoso idêntico ao de Victoire tomou conta do rosto de Tiago. O menino disse:

        — Bem, como eu já disse pro Alvo, o meu Sorteio preferido foi o que despacharam todos os primeiranistas na Floresta Proibida.

        Victoire soltou uma risada engasgada, enquanto Alvo os encarava, embasbacado. Já Rose parecia inabalada, ainda admirando as vestes bruxas que ela usava.

O Invasor de Hogwarts - ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora