Dentro do armário.

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        — Vocês fizeram o quê?! — esganiçou uma Iv recém-acordada, porém muito desperta. Suas sobrancelhas cheias e expressivas pareciam prestes a fugir de sua testa, de tanto que subiam.

        O grupo se amontoava no chão da Sala Comunal vazia e escura. Uma lareira prestes a se apagar era a única fonte de luz, a qual reluzia fracamente em seus rostos assustados. Estavam todos muito agitados, mantendo o tom baixo com dificuldade. Marcus e Iv haviam sido puxados em safanões silenciosos para fora de suas camas, e agora estavam todos bombardeando os dois amigos sobre o que havia acabado de acontecer. Ao final das falas entrecortadas do grupo, os quadros nas paredes acordavam aos poucos, tentando ao máximo participar da conversa.

        — O que aconteceu? O que aconteceu?! — cochichava uma menina na pequenina pintura circular próxima à lareira.

        — São os filhos do Harry Potter! São os filhos do... Ei, Harry! Harry, acorda! — sibilou um rapaz loiro de uns dezesseis anos, o qual mal podia conter a animação em seu ser pintado. Ele corria em busca de um lugar mais privilegiado, aumentando e diminuindo de tamanho conforme as diferentes dimensões dos quadros, quadrinhos e quadrões pelos quais ele atravessava. O rapaz desviava de outros grifinórios adormecidos pelo caminho, até que parou na imensa moldura imediatamente ao lado do grupo. Ele não havia tardado em se apresentar como Colin Creevey assim que avistara Alvo no início do ano letivo. Ele sussurrava, cheio de energia: — Alguém conseguiu ouvir alguma coisa?! Ei, Alvo! Tiago! Aqui!

        — Uau...! — ofegava Marcus num sussurro, as faces franzidas de perplexidade. O grupo avariado pela Floresta aguardava os comentários dele e de Iv, resolutos, enquanto ignoravam Creevey. Em meio a olhares perdidos e chocados, Marcus parecia buscar suas palavras. Seu esforço não era à toa: se aqueles fofoqueiros nos quadros entendessem qualquer coisa, toda Hogwarts ficaria sabendo. — Então Rose estava certa... e ela ainda cegou todos vocês! E esse encapuzado... Uau! Vocês têm ideia da idiotice que se meteram?! Sem mencionar a Ordem—

        — Shh! A "você sabe"! — Lia cortou Marcus, tentando lhe lançar olhares arregalados de advertência apesar da vista dolorida. Aquele Lumos Solem de Rose a pegara de jeito, mas Lia preferia evitar pensar tanto na dor quanto no medo que ela sentia. Por isso, muito lhe animava a ideia de usar um código secreto, tal qual um espião de seus filmes trouxas favoritos. — Resumindo: a você sabe foi reativada e um você sabe estava na Floresta e tentou você sabe a gente!

        — Eu estava lá e não entendi o que você acabou de contar... — Tiago, de cabeça baixa, apertava forte a ponte de seu nariz ao murmurar.

        — É por que você não tem neurônios funcionando. E sim, Marcus, eu estava certa, e meu Lumos Solem salvou as nossas vidas! — disse Rose irritada, levantando o nariz e piscando muito. Ela não era a única: Alvo fazia as caretas de dor mais estranhas; Jean apertava sua capa em frangalhos no rosto; todos estavam sofrendo devido ao feitiço de Rose. Aparentemente, pensava Iv, encarar a imitação de um Sol não fazia muito bem para a vista. — Mas... como isso tudo aconteceu? Eu não entendo como aquele homem encapuzado estava lá... Como ele estava aqui...?

        — Tiago! — Alvo teria arregalado os olhos, mas suas pálpebras estavam retesadas demais. — Pega aquele mapa!

        — Não sei do que você tá falando, Sonserino — disse Tiago, não perdendo a oportunidade de implicar com o irmão. Porém, as lágrimas escorrendo de sua vista vermelha e irritada lhe tiravam qualquer pose.

        — Eu sei que você o roubou da mesa do papai, Tiago! Não se faz de idiota. — Então Alvo se inclinou, continuando num sibilo urgente: — A gente precisa ver se o Homem Encapuzado ainda está nos terrenos!

O Invasor de Hogwarts - ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora