Tortura no Dia das Bruxas.

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        Marcus pensava na noite em que conversara com os gêmeos dos quadros enquanto suava frio na Sala Precisa. O menino começava a se arrepender de, há um mês, ter pedido informações àqueles caras. Ele respirava fundo, o nervosismo fazendo suas bochechas arder. Seu cenho estava franzido em concentração, de maneira que a torcida animada de Lia quase lhe escapava aos ouvidos. Qualquer que fosse a coisa que Hogwarts tramara quando lhes revelara a Sala Precisa sem que houvessem pedido, não podia ter sido uma coisa boa.

        — Você tem certeza, Marcus? Esse feitiço é muito avançado... — Iv disse no ouvido esquerdo do menino. Ela comprimia os lábios, cheia de preocupação.

        — Eu já avisei que vai dar errado, Iv. Deixe que eles se matem logo — Marcus ouviu Rose bufar em algum ponto atrás dele.

        — Faz, Marcus. Faz! — Alvo, no lado direito do amigo, o instigava em sibilos urgentes, quase diabólicos.

        Lia continuava sua torcida, sentada próxima dos primeiranistas e gritando coisas como: "Me dá um M! Me dá um A!". Contudo, Marcus não sabia exatamente pelo o que ela torcia. Provavelmente, a amiga só queria ver alguma confusão.

        — Tudo pronto! — Do outro lado daquele amplo e espaçoso ambiente, Jean lançara um sinal positivo. Ele se afastou, revelando um Tiago sorridente e encolhido no chão de pedra. A iluminação azulada daquela sala dava toques sombrios ao sorriso de Tiago.

        Marcus respirou fundo e engoliu em seco, seu nervosismo rapidamente se tornando um mau humor. Desde que seus amigos esbarraram naquele maldito bruxo na Floresta, a vida do menino ficara cada vez mais confusa e irritante. Por isso, Marcus se decidiu no calor do estresse: ele calculou seus movimentos, sua pronúncia, sua pontaria, sua empunhadura da varinha... Num último segundo, Marcus olhou para Iv de soslaio como se ele se desculpasse. Enfim, o menino baixinho berrou:

        — Acio Tiago!

        — Ah, não...! — Rose ofegou, notando o erro na pronúncia do feitiço tão logo Marcus tapou seus olhos e tencionou os ombros.

        Pela fresta entre seus dedos, Marcus pôde ver o resultado do desastre. Num bruto pop, Tiago foi jogado para longe, como se uma mão invisível o houvesse puxado ao ar e, então, soltado. O menino caiu tal qual um saco de bosta de dragão, bem em cima dos grandes bonecos de treinamento que a Sala Precisa os fornecera. Ali, no canto da Sala, entre bonecos quebrados e vestes grifinórias, Tiago grunhiu. Foi o suficiente para que soubessem que ele estava vivo, fazendo não apenas Marcus soltar a respiração presa, mas também Alvo e Lia soltarem as gargalhadas.

        — Eu avisei!— Rose colocou as mãos em sua cintura. Jean corria para amparar o amigo, levantando Tiago e o carregando em seus ombros.

        — Isso foi divertido... — Lia sorriu. Ela se deleitava, mas nada se comparava a Alvo. Um lado sádico do amigo fora trazido à tona, e ele ria e batia palmas energeticamente. Alvo ficava deveras entretido ao ver Tiago se dando mal.

       — Acho melhor voltarmos a treinar o Accio para atrair só objetos, gente... — Iv sugeriu com pena demais de Tiago para rir. Marcus assentiu freneticamente, as sobrancelhas franzidas e os olhos arregalados. Apesar de ser divertido, o menino já estava um tanto farto de quase se matarem naquelas madrugadas na Sala Precisa.

        — Muito legal, muito bacana, mas por que não aprendemos um Bombarda?! — Tiago murmurava entre caretas de dor ao se aproximar com a ajuda de Jean, o qual mordia os lábios para conter as risadas. Ele tentava a todo o custo levar Tiago a sério. — Já estamos nessa há quase um mês e eu ainda não aprendi a explodir nada!

O Invasor de Hogwarts - ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora