Assim que as grandes portas da fortaleza de pedra escura se fecharam em suas costas, os cabelos azuis de Ted Lupin esvoaçaram uma última vez. Ainda que o vento corresse com violência pelo Mar do Norte, ele parecia não querer ter algo a ver com aquele saguão de entrada úmido. O ar de Azkaban era parado, sufocante e frio, arrepiando os pelos do braço do rapaz e inconscientemente o forçando a inspirar com força. Ted e seu padrinho caminharam lado a lado, os pequenos braseiros acesos nas paredes projetando fracas sombras no chão.
Eles se dirigiam à uma bruxa no fim daquele vazio e mal iluminado saguão. Baixos berros e estrondos vinham de andares superiores, mas a funcionária não se deixava abalar como Ted, que já sentia o suor nervoso acima de sua boca. Ele levou a mão para a altura do bolso interno de suas vestes. Sentindo que o que guardava ali estava em ordem, Ted não sabia se sentia alívio ou ainda mais aflição.
Pararam diante da bruxa. Ela chacoalhava a varinha em todas as direções, comandando pilhas de papeladas e organizando pastas e mais pastas nas gavetas na parede. Ela vestia a insígnia do Ministério em suas vestes, sinal de que era a auror responsável pela prisão. Aquele cargo tinha a rotatividade tão alta, que nem Ted nem Harry Potter, o chefe de todos os aurores, conheciam aquela bruxa. O padrinho limpou a garganta, mas não obtiveram resposta. Ted estava prestes a oferecer ajuda à senhora sobrecarregada quando notou a figura próxima à uma porta, há poucos metros de onde estavam.
Ted paralisou, seus cabelos ficando imediatamente brancos com o susto. Um Trasgo Montanhês jazia ali, respirando pesadamente, o catarro escorrendo do nariz e percorrendo o rosto abobado. O rapaz repuxou as mangas do padrinho. Porém, vendo que seu pânico não era compartilhado, Ted limitou-se a rapidamente soltar as vestes que antes agarrara. Ele baixou a face encabulada para os sapatos, o peso do ar parado do saguão em seus ombros.
— Com licença. Eu preciso interrogar um bruxo — Harry dizia, entreolhando o trasgo em evidente desconfiança. O frasco e as anotações no bolso interno de Ted pareceram pesar. — Por favor...
Harry se pausou, inclinando-se ao tentar enxergar a identificação da bruxa pálida, baixa e atarracada que ainda não os dava atenção. Ele continuou com a firmeza de voz que o paralisado Ted jamais conseguiria ter:
— Por favor, Macmillan.
A mulher, enfim, grunhiu, demonstrando que ao menos notava a existência dos dois homens. Quando ela olhou para Harry Potter pela primeira vez, baixou a varinha, deixando cair toda uma pilha de documentos.
— Chefe! — Mcmillan guinchou, um sorriso solícito imediatamente tomando conta do rosto maltratado pelo estresse. Seu tom alegre contrastava dolorosamente com o ambiente. A auror, então, pareceu ter notado os olhares lançados ao trasgo, porque adicionou: — Ah, não liga pra ele, chefe. Contratamos nessa semana. Se bem que "contratar" é uma palavra muito forte... Ele é um idiota, mas é ótimo para amedrontar os prisioneiros. Já te peço perdão pelo estado das coisas. Acontece que estamos atolados, chefinho, você chegou num péssimo momento. Um grupo de invasores foi pego tumultuando o Beco Diagonal.
Foi como se um estalo percorresse a mente de Ted. Harry, o qual parecia irritado com a adulação da funcionária, cruzou os braços, igualmente atento. O chefe dos aurores questionou num olhar afiado:
— Invasores, você diz?
— É. — Inabalada, Mcmillan prosseguiu até a porta guardada pelo trasgo, o qual apenas fungou e deu lentos e pesados passos para a esquerda. A auror escancarou a porta num aceno de sua varinha, os estampidos e alvoroço da prisão tornando-se mais altos. — Veja, chefe, como os elementos são de alta periculosidade.
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O Invasor de Hogwarts - ano 1
Fiksi PenggemarAlvo Potter e Rose Weasley chegaram à Hogwarts. Era um ano letivo comum, ou o mais comum que se poderia ter numa escola de magia. Porém, quando os primos e seus amigos se embrenharam na Floresta Proibida, tudo virou de ponta-cabeça. Quem era aquele...