Capítulo 1

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POV Claire

Nada poderia ser pior que isso, Valentine's Day, o único motoqueiro que estava fazendo as entregas se machucou e eu não consigo fazer Frank, meu quase praticamente ex-namorado, entender que não vou sair para jantar com ele. Nem se eu quisesse. Estou com os pedidos todos atrasados, mais chegando a cada minuto e nenhuma perspectiva de alguém querer me ajudar com as entregas tão em cima da hora.

Isso era a minha vida no momento. Quase 30 anos nas costas, dona de uma pequena floricultura no centro de Londres, praticamente solteira e sem perspectiva nenhuma de pagar as dívidas que havia feito para abrir meu próprio negócio depois de largar a faculdade de medicina e irritar toda a minha família por me tornar uma vendedora de flores! Mas apesar de minha vida parecer um caos para todos que viam de fora, inclusive para os que estão lendo o que acabei de descrever, estou muito feliz e realizada, bom, não completamente, ainda preciso resolver todos os problemas citados acima, só que eles não me deixam nem um pouco arrependida das decisões que tomei no passado e me levaram onde estou hoje.

Bem, quase todas as decisões. Posso dizer que me arrependi de uma. Frank. No começo ele parecia ser o cara perfeito. Mas isso não seria algo que minha amiga Geillis falaria, ela sempre achou estranho o meu relacionamento com Frank, sempre conseguiu apontar todas as coisas erradas entre a gente, coisas que sabia que eram verdade, só que não queria dar razão, eu realmente queria que o relacionamento desse certo. Por que? Porque pela primeira vez havia atraído atenção de um homem mais velho, mais responsável e que parecia querer algo mais do que só uma noite de sexo. Algo que estava cansada de todos os homens que conhecia nos bares de Londres.

Não que eu tivesse muito tempo para frequentá-los. A floricultura sugava todo o meu tempo e energia, no fim do dia só queria minha cama, o que não estava muito longe, pois morava no apartamento minúsculo de um quarto que ficava em cima da minha loja. Era incluso no aluguel e o que eu conseguia pagar no momento, mas não me incomodava, ele cheirava a flores e a cama queen size que consegui colocar com muito esforço no único quarto me servia muito bem, obrigada. Mas voltando ao Frank, ele era o meu oposto, professor de história, não gostava de ir muito aos bares movimentados da cidade, preferia algum restaurante calmo para poder conversar sobre acontecimentos recentes e não tão recentes assim do nosso país e da Escócia, lugar de um de seus estudos mais importantes.

Então vocês se perguntam, como nos conhecemos? Não foi em um dos bares que ocasionalmente ia com a minha amiga, mas sim na floricultura. Ele estava em busca de um presente para sua mãe e não pude resistir ao charme de um homem tão preocupado em agradar tanto sua genitora. Deveria ter desconfiado que o buquê gigante de rosas que ele havia gastado tanto dinheiro não era para a mãe, com quem ele não falava desde que se mudou de sua cidade natal para Londres, mas sim uma de suas alunas assistentes. Deveria ter prestado mais atenção em vários detalhes que passaram despercebidos, detalhes que não fizeram diferença quando resolvi fazer uma surpresa dias antes e o flagrei dando toda atenção para uma flor que não era nem de perto a que estava segurando em meus braços.

Mas agora não era hora de lamentar o fim do meu relacionamento, não tinha tempo para isso, precisava de alguém para fazer minhas entregas antes que cancelassem os pedidos que já estavam atrasados por mais de horas. Meu Valentine's Day seria um fracasso, mas não poderia tornar o dos meus clientes também. Resolvi seguir o conselho da Mary, minha vendedora, parceira e todas as outras funções que precisava. Ela havia afirmado que a melhor forma de conseguir um motoqueiro era anunciar nas redes sociais, quem não gostaria de ganhar um dinheiro extra para passar um feriado? Recebi algumas respostas, mas quase todos exigiam um valor absurdo para fazer tantas entregas e naquela hora.

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