Capítulo 4

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POV Claire

Sempre fui uma pessoa com poucas amizades, desde criança nunca fui a garota popular que andava pelos corredores da escola com uma turma de amigos. E no começo não foi por falta de vontade, sempre quis ter um círculo grande de amizades, mas por causa do trabalho dos meus pais, nós nos mudávamos sempre de cidade, não conseguia ficar mais que dois ou três anos na mesma escola, no mesmo lugar, e com isso sempre acabava me magoando ao perder os amigos que havia feito em tão pouco tempo. Então resolvi que não sofreria mais, aprendi que a minha companhia era a melhor que poderia ter e ela não me magoaria, muito menos se afastaria de mim.

Claro que essa ideia não ajudou em nada para a minha confiança nas pessoas e meu sofrimento não diminuiu tanto quanto esperava, porque diversas vezes as pessoas brigavam comigo por ser uma pessoa difícil de conviver e isso foi se tornando pior conforme fui ficando mais velha. Como teria um relacionamento sério se não conseguia confiar inteiramente na pessoa? Se achava que poderia fazer sempre tudo sozinha e a cada gentileza que recebia, dava uma resposta que não era a esperada? Mas uma pessoa havia conseguido a difícil missão de ser minha melhor amiga e essa era a Geillis! A conheci logo que entrei no curso de medicina e com o seu jeito impulsivo, teimoso e louco, ela foi ganhando espaço na minha vida, conseguindo algo que não esperava numa amizade, a minha confiança.

Mary também havia sido outra grande surpresa, apesar de achar que ela fazia um esforço enorme para ser minha amiga por causa da amizade dos pais dela com os meus pais. Eles foram quem nos receberam em Londres, depois de vivermos como nômades por longos anos, meus pais resolveram que era hora de fixarem residência na cidade em que nasceram e que seria perfeita para eu cursar a Universidade. Claro que eles não imaginavam que eu iria largar tudo e me mudar para o lado oposto de onde moravam. Mas voltando a Mary, sabia que ela passava a maior parte do tempo com medo de falar algo que eu não iria gostar ou que poderia causar uma briga, só que mesmo assim, eu confiava em minha parceira para as decisões da loja, só não conseguia dividir todos meus segredos como fazia com Geillis, provavelmente por medo dela perder o pouco de respeito que ainda tinha por mim.

Só que agora algo estava me deixando bem confusa e esse algo era Jamie Fraser! Ele havia entrado na minha vida de repente, quer dizer, na minha loja e em questão de horas, conseguiu uma proeza que nem Geillis havia conseguido! Minha confiança! Claro que confiava na minha melhor amiga, como falei anteriormente, mas isso demorou alguns meses e muita insistência da parte dela. Só que Jamie não havia feito tanto esforço e quando dei por mim estava confiando minha vida amorosa pra ele! Vida amorosa, que piada Claire, isso não existe, o que temos é uma amiga que acha que é cupido e vai encontrar o amor de sua vida num aplicativo!

Ainda estava um pouco apreensiva com essa amizade repentina com Jamie, mas não conseguia evitar de me sentir totalmente confortável em sua presença, mesmo que ele me deixasse irritada a maior parte do tempo! A noite que era pra ser apenas para montar um móvel, se tornou em uma noite de pizza regada a muita cerveja e risadas. Agora me deparava com um gigante escocês dormindo todo torto no pequeno sofá da minha sala. Ele não queria ter dormido em casa, queria ir embora porque não era um hobbit e nunca que conseguiria dormir no meu sofá. Mas o cansaço e a cerveja falaram mais alto, quando vi ele estava dormindo enquanto contava mais uma das minhas histórias.

Fiquei com dó de acordá-lo e assim apaguei as luzes, o deixando dormir no meu sofá. Agora não conseguia esconder o sorriso ao imaginar o que ele falaria pra mim quando acordasse. E como me diverti fazendo isso! Ele arregalou os olhos quando o chamei, saltando do sofá de uma só vez e se arrependendo no mesmo minuto quando sentiu suas costas doendo, assim como seu pescoço que havia passado a noite toda numa posição totalmente errada. Para não ser uma pessoa tão má, lhe dei uma xícara de café, que Mary já havia feito, e o mandei pra casa descansar, não precisaria fazer entregas naquele dia.

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