Capítulo 20

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POV Claire

Depois de passar alguns minutos olhando para a rua com a esperança que Jamie desse meia volta e voltasse para falar que tudo não passou de uma brincadeira e podíamos voltar ao trabalho, percebi que teria que voltar para a realidade da minha vida sozinha, sem a pessoa na qual me apoiei totalmente nos últimos meses. Como isso havia acontecido? Sempre fui uma pessoa independente, meus pais me obrigaram a ser, pois nunca estavam presentes. Mas James Fraser conseguiu derrubar o muro que havia construído a minha volta e agora estava totalmente descoberta e me sentindo mais perdida como nunca.

Quando entrei na floricultura vi que minha querida amiga Geillis não estava mais lá, ótimo, ela faz o estrago e vai embora, me deixando sozinha para recolher os pedaços. Mas no fundo era melhor, não conseguiria encarar ela no momento. Mary ainda estava no mesmo lugar de antes, atrás do computador, totalmente em silêncio e alheia ao que estava acontecendo comigo. Mas sabia que isso era mentira, Mary podia ser uma pessoa de poucas palavras, porém ela observava tudo o que acontecia à nossa volta e sabia mais do que ninguém os detalhes que muitas vezes passavam despercebidos para nós, meros mortais.

Não queria conversar, não queria explicar o que havia acontecido. Então murmurei que iria para a minha sala e vi que ela deu um pequeno sorriso, concordando com a cabeça. Parecia que tinha corrido uma maratona e me arrastei até minha mesa. Quando me sentei, vi que meu celular estava ali e por um impulso besta, o peguei com vontade para ver se tinha alguma mensagem ou ligação perdida. Mas não tinha nada! Achei que pelo menos receberia um sinal do Jamie, um emoji, uma mensagem mal educada, qualquer coisa que expressasse que mesmo estando chateado, ele ainda se importava comigo. Mas nada!

Fiquei irritada e liguei pra ele. Caixa postal. Uma, duas, três vezes. Fuck you, Jamie Fraser! Sim, estava muito irritada! Por que ele não me deixou explicar? Por que não quer falar comigo? Por um acaso ele é perfeito e não erra nunca? Comecei a enviar várias mensagens indignadas e raivosas, mensagens que estavam longe de serem um pedido de desculpas. Respirei fundo e bateu o arrependimento. O que tinha feito? Eu não era assim e estava errada. Claro que ele tinha o direito de não me atender, se eu estivesse no lugar dele provavelmente faria o mesmo. Ou não? Estava tão confusa, precisava respirar, colocar minha cabeça e coração no lugar.

Peguei meu celular e fui avisar para a Mary que iria subir um pouco no meu apartamento para descansar de uma forte dor de cabeça. Não estava mentindo, minha cabeça estava realmente doendo, só não precisava detalhar pra ela os motivos de estar daquela maneira. Foi aí que vi a mochila. O objeto que tinha virado o símbolo da discussão toda, algo tão insignificante, mas que agora me causava um aperto no coração ao olhá-la. Novamente respirei fundo, precisava tirá-la dali, precisava me conformar que Jamie provavelmente não voltaria tão cedo para buscá-la e que eu ainda precisava das roupas que estavam ali dentro.

Mais uma vez me arrastei pelas escadas. Só queria fechar os olhos e fingir que nada daquilo tinha acontecido. Que logo receberia uma ligação do Jamie me chamando de preguiçosa e que precisava descer pra loja. Ou que ele já estava me esperando com o café para me deixar de bom humor. Como que tudo na minha vida havia se resumido a estar na companhia do Jamie? Claro que ainda gostava de passar um tempo sozinha, mas estar ao lado dele era algo tão confortável que não me importava em perder minha privacidade, algo tão valioso pra mim.

Fui para o meu quarto e coloquei a mochila em cima da cama. Precisava tirar as coisas de dentro dela, mas só conseguia ficar olhando fixamente para aquele objeto e lembrar de tudo que havíamos feito nessa viagem para a Escócia. Parecia que tudo tinha durado mais que apenas quatro dias. Para mim Lallybroch parecia a casa que nunca tive, na verdade o lar que nunca tive. Pois casas grandes e luxuosas nunca foram um problema para a minha família, mas nunca construímos um lar e consegui ter isso naqueles poucos dias em companhia da família Fraser-Murray.

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