Capítulo 11

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POV Claire

Nunca achei que o jantar na casa dos meus seria daquela maneira. Claro que já esperava os comentários de sempre, mas não naquela intensidade. Meu pai sempre tentava me convencer das coisas erradas que estava fazendo no meu negócio, mesmo nunca tendo visto a floricultura pessoalmente, mas ele nunca havia falado daquela maneira, com palavras pesadas que me machucaram mais do que nunca. Pode ser que a presença de Jamie tenha aumentado as razões para que ele achasse que havia arruinado minha vida ou ele achou que com meu amigo ali me convenceria de uma forma mais fácil.

De qualquer maneira, o que mais me surpreendeu em tudo nem foi a atitude dos meus pais, mesmo elas tendo me machucado, mas sim o que Jamie fez por mim. Nunca tive alguém que se importasse tanto com o meu bem estar, que me desse tanta força em tudo o que fazia, enfim, um amigo que estivesse presente em todos os momentos, tanto nos bons quanto nos ruins. E fiquei surpresa em saber mais sobre sua vida, que não foi nada simples até agora, mas que mesmo assim não tirou aquele sorriso do rosto que eu gostava tanto. Depois que saímos dos estábulos, fomos direto para a casa dele onde desmaiamos na cama, sem energia para qualquer outra coisa que não fosse trocar de roupa para dormir. Tinha sido uma noite intensa e desgastante para nós dois.

Mas na manhã seguinte acordei renovada e cheia de energia, tanto que nem esperei por ele. Peguei logo um táxi para a minha casa porque estava decidida a ter uma conversa importante com a Mary. Subi para o meu apartamento sem cruzar com ela na floricultura, precisava trocar de roupa afinal não iria ter essa conversa usando a mesma roupa do dia anterior, ela nunca acreditaria em palavra alguma que tinha a dizer. Coloquei um vestido confortável, algo que raramente usava para trabalhar, mas aquele dia estava atipicamente quente para Londres e não estava disposta a ficar suando feito louca naquela estufa.

Quando desci para a loja, Mary já estava sentada concentrada em seus afazeres e nenhum sinal de Jamie por ali, ótimo, aquele era o momento certo para a nossa conversa! Peguei uma xícara de café e sentei ao lado dela no balcão, chamando sua atenção tossindo de leve:

- Nossa! Nem ouvi você descendo! Acho que está aprendendo a ser mais silenciosa com o Jamie. – Mary falou com um sorriso tímido.

- Por que? Eu sou barulhenta? – ela apenas arregalou os olhos em resposta. – Esqueça, não era isso que queria perguntar pra você. Mary, qual foi a última vez que encontrou meus pais?

- Eu? Ahn... – e lá estava Mary gaguejando para responder, ela sempre ficava assim quando eu a pressionava. – Na verdade foi seu pai que ligou...e eu...

- Mary, você sabe que não deve nada a eles, não sabe? – ela abaixou a cabeça sem conseguir me encarar – E já o deixei avisado, da próxima vez que ele quiser saber de algo aqui da floricultura, é pra falar comigo e não com você, mas caso ele ainda insista no interrogatório, apenas peça para vir falar comigo, tudo bem? – perguntei enquanto levantava seu rosto para a olhar nos olhos. Ela apenas balançou a cabeça em concordância. – Ah, outra coisa, minha vida amorosa também não é algo que você tenha que dividir com a minha mãe, não que eu tenha alguma coisa agora, Jamie é apenas meu amigo, somos muito amigos, mas só isso! Eu sei que às vezes parecemos muito íntimos, mas é só porque nos damos muito bem e não porque temos alguma coisa... – e quando me dei conta, estava falando sem parar e Mary estava com um sorriso bobo no rosto.

Olhei para trás e vi que Jamie estava parado de braços cruzados olhando para Mary com um sorriso satisfeito no rosto, quase na beira de uma risada. Maldito escocês que consegue chegar despercebido nos lugares!

- Bom, acho que você entendeu o que estava querendo dizer, não é Mary? – a perguntei tentando ignorar os risos trocados entre ela e o Jamie. – Mary?

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