Capítulo 28

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POV Claire

No fundo eu sabia que havia algo errado, sabia que tinha alguma coisa naquela gravidez que não estava de acordo com tudo o que eu lia nos diversos sites nos quais buscava informações, mas eu estava com medo de descobrir que eu havia feito algo que tinha prejudicado a nossa Brianna. Por isso passei o dia seguinte da conversa com o Jamie encarando meu celular para ligar para a Gail. Sabia que levaria bronca pelas longas horas de trabalho, sabia que ela ficaria brava por eu não ter entrado em contato antes, mas nunca imaginei que precisaria da Mary para me levar até o consultório. E isso depois de muita insistência.

Eu estava fazendo alguns arranjos quando a dor de cabeça começou a me incomodar. Tentei ignorar como sempre fazia, mas ela estava forte. Tão forte que não estava conseguindo me concentrar no que estava a minha frente, minha visão quase que embaçada impossibilitava de eu continuar com o meu trabalho. Só precisava me sentar um pouco, tomar um copo de água e respirar fundo. Era isso. Mas quando fui pegar água, senti uma dor no peito e aquilo me assustou muito. O que estava acontecendo? Estava tendo um infarto? Não, não, isso não podia acontecer, o bebê...Brianna...

E foi dessa maneira que Mary me achou, eu gritando desesperada pelo nome da minha filha enquanto passava por um leve ataque de pânico. Na mesma hora ela correu para pegar a chave do carro e gritou que era para eu respirar fundo, que iríamos até a médica. Eu precisava avisar o Jamie, sua voz me acalmaria...mas aí pensei melhor e achei melhor não o assustar, ele largaria tudo no trabalho para ir comigo na Gail e não podia fazer isso com ele. Por um momento achei que já estava me sentindo melhor, havia sido apenas um susto, não estava tendo um infarto, era só uma crise forte de ansiedade causada por essa bebê teimosa.

Só que Mary ignorou tudo o que eu estava falando e me arrastou para o carro. Ela não queria saber se eu já estava melhor, ela alegava que nunca tinha me visto daquela maneira, com uma expressão tão assustada que a deixou desesperada. É, acho que tinha assustado minha amiga. Mas quem eu queria enganar? Estava assustada também, só não queria admitir. Chegamos no consultório bem rápido e me admirei com a habilidade de Mary ao volante, ela estacionou com uma facilidade que eu absolutamente não tinha. Mas ela não queria saber de elogios sobre isso, só me puxando pelo braço desesperadamente até a sala de Gail, que já estava me esperando com um olhar preocupado.

Depois de responder todas as várias perguntas e ser examinada quase que do avesso, recebi um olhar que conhecia muito bem, afinal cresci ao redor de médicos. Sabia quando eles tinham algo desagradável para falar. Ela me adiantou algumas coisas, mas queria que eu ligasse para o Jamie, que ele tinha que estar presente para saber o meu diagnóstico e receber as orientações que ela tinha para dar. Engoli em seco, sabia que ele não reagiria bem ao que havia acontecido, sabia que me culparia, falando que já sabia que tinha algo errado, que eu não havia me cuidado quando ele pediu incisivamente para eu ir ver o que estava acontecendo. Como sempre ele atendeu rápido e quando falei as palavras num tom que sabia que não era nem de perto o meu normal, ele desligou sem ao menos falar algo.

Não sei se era porque estava nervosa, mas pareceu que Jamie chegou em menos de quinze minutos no consultório. Entrou como um louco, com o rosto totalmente consternado e meu coração se apertou ao vê-lo daquela maneira. Quando o toquei, vi que ele se assustou, mas mal tivemos tempo para conversar, já que Gail não perdeu tempo e nos levou logo a sua sala. E ali foram os minutos mais longos da minha vida. Ver a maneira como Jamie reagia a cada palavra dita pela minha médica me deixava cada vez mais triste, sabia que tinha o decepcionado e sabia o quanto iria escutar dele depois. Mas claro que estava errada mais uma vez quanto a reação do meu namorado. Ele havia ficado preocupado sim, assustado com o que poderia ter acontecido, mas não me culpou, não jogou na minha cara tudo o que havia feito de errado e apenas me confortou enquanto coloquei para fora todas as lágrimas e apreensão que havia sentido desde que cheguei naquele consultório.

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