Capítulo 2

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POV Claire

Não acreditava que havíamos sobrevivido ao Valentine's Day, mas era verdade, Mary não conseguia nem respirar quando fechou o caixa e todas as encomendas do dia haviam sido entregues, assim como o dinheiro recebido. Claro que se não fosse o Jamie aparecer naquela hora, nada disso teria sido possível e naquele momento agradecia a pessoa misteriosa que havia o indicado para a vaga.

Tivemos muito pouco tempo para conversar, mas pelo pouco que havia visto, ele seria ótimo para a vaga de entregador, o que achei estranho depois que vi a moto que ele tinha. Não era nem de perto uma moto que um entregador comum poderia ter condições de comprar, mas quem era eu para julgar a necessidade dos outros? Afinal havia largado a faculdade de medicina e gasto todo o dinheiro dos meus pais para abrir um negócio que ninguém acreditava que daria certo, o que infelizmente até o momento estava sendo verdade. Não estava dando totalmente errado, mas ainda não estava totalmente certo.

De qualquer maneira respirei aliviada quando fechei a porta da minha loja naquele dia e finalmente subi as escadas para descansar. Quando coloquei minha cabeça no travesseiro, fui checar o meu celular que havia sido abandonado na loucura das entregas do dia. Haviam diversas mensagens, entre elas algumas da Geillis me perguntando se alguém tinha ido se candidatar a vaga de entregador, se o cara que o amigo dela tinha indicado era bom, hum, então Jamie havia sido indicado por Geillis? Quer dizer, por um amigo dela, de qualquer maneira mandei uma mensagem agradecendo e falando que havia dado tudo certo. Ainda estava sorrindo quando vi várias mensagens do Frank e meu sorriso sumiu na hora.

Ele realmente não conseguia entender o que era um não, ou tinha uma confiança absurda em seu pedido muito ruim de perdão. Quem manda flores para uma dona de floricultura? E flores típicas da Escócia, por causa de alguma lenda que ele havia me contado um dia e pelo jeito não tinha prestado atenção. Mas isso não vinha ao caso, ele poderia me mandar as flores mais raras do mundo que nada me faria esquecer a cena que presenciei. O rosto da tal de Sandy estava marcado na minha memória e não era nada agradável de se lembrar. Apaguei todas as mensagens sem ao menos me dar o trabalho de ler, sabia que só ficaria irritada e estava muito cansada para isso.

No dia seguinte meu despertador tocou cedo, mais cedo do que esperava. Mas aí me lembrei que teria que receber algumas flores que havia encomendado, flores mais raras que até então não tinha dinheiro para comprar e cultivar. Não que agora tivesse, mas estava arriscando o pouco que ainda me restava para ver se resultava em um número maior de vendas. Quando desci para abrir a loja, me surpreendi em ver Mary já atrás do balcão fazendo anotações no computador:

- Eu estou ficando tão cansada que esqueci que abriria a loja mais cedo? – perguntei assustando Mary que estava concentrada em sua tarefa.

- Ah, não Claire, não, resolvi chegar mais cedo para deixar o contrato pronto para o Jamie assinar. Acho que depois de ontem ele passou no teste para ser o nosso novo entregador, certo? E não quero arriscar perder ele para outro lugar... – ela terminou de falar num volume mais baixo e um sorriso tímido. Jesus H. Roosevelt Christ, essa menina me daria trabalho.

- Hum, claro, não podemos perder mais um entregador... – murmurei enquanto mordia minha maçã, aquele seria meu café da manhã até a Mary sair de seu encanto em frente do computador e fazer o café do jeito que gostava. Sim, era péssima na cozinha, não conseguia nem fazer uma xícara de café para sobreviver ao longo dia de trabalho. – Você pegou todas as informações dele? – perguntei enquanto tentava espiar o que ela estava escrevendo.

- Sim...eu pedi ontem, bem, ele me mandou por e-mail a ficha... – ok, Mary já havia voltado para o seu jeito normal de ser, gaguejando as palavras quando se sentia pressionada por mim, no caso, quase todos os dias. Mas não fazia por mal, ela que era muito sensível.

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