Capítulo 5.

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POV Lauren Jauregui

— Camila, será que você pode colocar sua cabeça pra dentro?! Você vai se machucar desse jeito. — mudei meu foco por alguns instantes e passei a olhar para ela.

Camila estava debruçada sobre seus braços e com um sorriso largo estampado em seu rosto.

Já que a Encantada havia feito um rasgo imenso na minha cortina, eu estava dirigindo em direção a Troye, o melhor costureiro que eu conhecia. Graças a ele eu tinha metade das roupas que estão no meu closet.

Era melhor que os dois se conhecessem já do que eu acabar com todas as minhas cortinas rasgadas.

Para a minha sorte o trânsito hoje estava colaborando e ele não morava muito longe daqui, o que facilitava ainda mais as coisas.

— Mas Lauren, essa avenida é linda! — seus olhos brilhavam cada vez que ela se deparava com alguma coisa diferente.

Como ela podia achar isso aqui tão bonito?

Parei no semáforo a minha frente e ela voltou com a cabeça pra dentro do veículo.

Um jovem rapaz parou na faixa de pedestre a nossa frente e passou a fazer malabares com algumas facas. Camila se aproximou um pouco mais do vidro e olhou a cena completamente bestificada.

— Como ele faz isso?! — ela indagou completamente vidrada no rapaz à nossa frente.

— Anos de prática, Camila... Você ainda vai encontrar muitas pessoas talentosas desse jeito por aqui.

— Isso é incrível! — ela exclamou. — Ele não se machuca, isso é impossível!

Desviei minha atenção do rapaz por alguns instantes e abri o porta luvas do carro, revirando tudo o que estava ali dentro até encontrar algumas moedas. Assim que achei, peguei algumas em minhas mãos e abaixei o meu vidro, esperando que ele passasse.

Um pouco antes do semáforo abrir ele encerrou sua apresentação e passou a andar pelo corredor, no meio dos carros, pegando as moedas que algumas pessoas davam.

— Obrigado. — o jovem falou enquanto eu colocava as moedas em suas mãos.

Assim que o semáforo abriu, eu fechei meu vidro e continuei com o trajeto.

— Por que você deu moedas para ele? — ela perguntou curiosa.

— Muitas pessoas só têm isso como renda, Camila. Às vezes elas tem que sustentar toda sua família desse jeito.

— Então elas não têm um emprego fixo e nem ganham bem?

— A desigualdade desse país é chocante... — olhei para ela rapidamente e notei que ela prestava atenção em todas as minhas palavras. — Grande parte da população não tem o que comer dentro de suas casas, e uma boa porcentagem ocupa as ruas das cidades.

— Por que isso acontece?

— São diversos fatores, Camila...

— Isso é triste... — ela falou baixinho. — Eu posso ajudar essas pessoas de alguma forma?

— Claro! Nós temos diversas ongs que auxiliam a população, se você quiser eu posso te levar para conhecer uma delas qualquer dia desses...

— Eu vou gostar, Lauren! A desigualdade é algo que me assusta... Saber que de alguma maneira eu posso contribuir pelo menos um pouco para ajudar essas pessoas, já me faz sentir melhor.

Continuei o caminho até Troye e um silêncio se instaurou dentro do carro. Camila continuava com a cabeça pra fora, apesar de eu falar para ela não fazer isso.

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