A Vida em Livro II

Capítulo 1

- Ainda estás arrependido por termos deixado o Tiago com os teus pais? - pergunto, enquanto o André me beija o ombro nú.

- Isso não se faz... uma pergunta dessas quando acabamos de ter a melhor noite de sexo de sempre... - André continua a beijar-me as costas. Sinto a leve brisa que entra pela janela do hotel, de barriga para baixo na cama.

- Quem te disse que esta foi a melhor noite de sexo de sempre? - pergunto, no meio de um sorriso.

André tira-me o lençol das costas, deixando-me completamente exposta.

- Erro meu. Vai ser a melhor noite de sexo.

Fecho os olhos ao mesmo tempo que sinto os lábios do André pela minha nuca. Lábios que depois descem e percorrem toda a minha espinha.

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- Adorei o Louvre! - digo, assim que entramos no quarto de hotel. Estamos cansados, hoje o dia foi dedicado à cultura. Mas... estamos em Paris, não podia deixar de ver algumas coisas que me fascinam e, uma delas é museus. Sei que esta não é a praia do André.

- A Monalisa foi surpreendente.... Pequena e tão longe!

- Verdade... Mas tudo o resto... - Vejo o André a sentar-se na cadeira na varanda do nosso quarto, que me parece tirado de um filme de princesas. Aproximo-me dele e coloco as minhas mãos nos seus ombros e começo a minha leve massagem - Obrigada. Obrigada por teres ido comigo. Sei que não aprecias muito estas coisas...

- Não. Não me agradeças. Não sabes como me sinto quando te vejo... quando te vejo maravilhada a olhar para os quadros. Sei que não podias estar mais contente...

- Estou assim, porque estou contigo.

André pega-me numa das minhas mãos e beija-a. 

- Só tu para me fazeres feliz desta maneira.

Inclino-me e deixo um beijo na sua face. 

- Não tarda estamos de regresso... Estás preparado para o que se segue?

Ele apenas encolhe os ombros e percebo como todas estas mudanças pairam sobre a sua cabeça.

Desvio-me e acabo por me sentar na cadeira em frente à dele.

- Eu sei que as mudanças são sempre assustadoras...

- São. Lá isso são... Mas... É toda a minha rotina que muda, sabes? Não há ginásio, não há equipa, não há balneário... Acabei a carreira há um mês e já sinto uma saudade terrível do balneário.

- Nem imagino... Acredito que essa deve ser uma das melhores coisas de quem é futebolista.

- É mesmo... Aquelas brincadeiras... Sabes que apesar de o futebol te ensinar muita coisa, estar assim... quase meio fechado ao mundo também te protege do mundo. E, é como se agora eu deixasse de ter esse tipo de proteção.

- Eu compreendo... Estás arrependido de teres aceitado o cargo no Benfica?

- Arrependido? Não... Não... Mas, até é isso é diferente. Nunca me vi numa estrutura... fato e gravata, entendes?

Aceno e levanto-me. Sento-me ao seu colo e beijo-lhe a testa.

- A mudança não será fácil, mas não estás sozinho. Eu e o Tiago vamos estar sempre.

André coloca a sua mão na minha barriga.

- E... E talvez mais alguém?

- André - reviro os olhos - tenho quase quarenta anos, já imaginaste como seria se ficasse grávida agora?

- Serias uma grávida linda...

- André...

- Eu sei, eu sei... Não pensas que seja o momento certo e que se calhar ficamos bem com o Tiago. Quer dizer... ficaremos sempre bem com ele. Mas... Temos irmãos, ambos sabemos como é giro e, bem... temos muitas opções e sei que não é preciso ficares grávida para termos filhos.

- Tu és incrível... Ainda há um segundo estamos a falar de como estás sem saber como digerir a mudança que aí vem e agora estás a falar-me de ser novamente pai...

André encosta a sua testa ao meu braço.

- Eu sei - ele ri-se - sabes como eu posso ser meio trapalhão.

- Sim, eu sei... - beijo-lhe o cabelo - e também é por isso que te amo.

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Estamos de regresso a Portugal. Ambos estamos cansados, mas, ao mesmo tempo, foi essencial poder sair da nossa rotina. A distração e a construção de novas histórias que as viagens sempre nos dão, são essenciais para podermos enfrentar o que vem aí.

Assim que pisamos o aeroporto eu era capaz de jurar que os olhares caíam todos sobre nós. É certo que o André Almeida continua a ser conhecido e muito solicitado, mas sinto que esta atmosfera é diferente.

O cunhado do André veio-nos buscar. Assim que os meus olhos caem sobre o seu semblante, percebo que algo se passa. Assim como o André que olha para mim ao mesmo tempo. Aquele olhar de quem sabe que aconteceu alguma coisa. Terá sido o Tiago?

Cumprimentamo-nos e tomamos logo caminho para o parque de estacionamento.

- Está tudo bem? O Tiago?

- Sim, tudo bem - ele responde, rapidamente.

Eu e o André olhamos um para o outro.

- O que se passa? - André pergunta ao cunhado e paramos de andar.

- Não páres de andar. Senão vêm falar contigo. Nem sei como não está aqui a imprensa.

- A imprensa? - pergunto, confusa.

- Vamos para o carro e já vão perceber.

Apressamo-nos. Assim que entramos no carro, os três jornais do dia estão no banco de trás, ao pé de mim.

"André Almeida - O Cancro do Balneário" - é a capa do Record. O meu coração pára. 

- O que raio... - André começa, mas não acaba a pergunta quando vê a capa de outro jornal desportivo: "O Capitão Destabilizou Colegas".

Ao mesmo tempo que nos ocupamos dos jornais, o cunhado inicia a viagem. Eu leio. Leio tudo na diagonal, mas leio, sabendo que vamos dissecar tudo isto. Aparentemente, "fontes" que não são identificadas, nomeiam o André Almeida como o culpado pelos maus resultados da última época do Benfica.

- Isto é tudo mentira... - oiço o André a dizer entredentes.

Coloco a minha mão no seu ombro.

- Calma. A primeira coisa a fazer é falares com o teu advogado.

- Mas... - André diz ao ler algo do artigo - Epah, eles falam aqui de coisas que de facto se passaram no balneário, mas... as situações... isto está tudo aldrabado!!

À medida que íamos lendo, tanto eu como ele, o que diziam os artigos, eu sabia que estavamos prestes a começar o que não queríamos: chatices com a imprensa.

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Nota da Autora: Vou dar mais uma oportunidade à  história do André e da Luísa. Vamos ver o que daqui sai. Já sabem: estejam à vontade para me contactar ;)